Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Nem tudo é publicável

Achei impossível responder sim ou não, simplesmente. Acontece que, quando alguém decide pela vida pública, deve ter claro que deixou também de ter vida privada. Nessa lógica, a mídia deve, sim, publicar o que quer que seja. Porém, e sempre há um porém, tudo tem limite, e o que falta para a mídia (não toda, mas em grande parte) é ética. Um princípio de discernir entre o que é de interesse público daquilo que não faz a menor falta. Por essa via, nem tudo é publicável.

Valéria Villa Verde, socióloga, Curitiba



Direito à irresponsabilidade

Penso que não se trata de preservar ou não a vida privada das autoridades. É tão absurdo preservar autoridades corruptas quanto lançar de forma irresponsável (e nem sempre desprovida de interesses particulares) notícias não checadas, inverdades ou, mais sorrateiramente, ‘suspeitas’ baseadas em fontes pouco confiáveis ou fofocas. Não estou certo de que a defesa intransigente do direito de expressão seja manifestação séria de preocupação com a nossa democracia ou simplesmente barreira aparentemente defensável ao controle social dos meios de comunicação. Fala-se em reformas e controle externo de todos os poderes, mas causa comoção cobrar da mídia responsabilidade, seriedade, justiça e ética.

Temos que assistir calados ao caso Gugu Liberato ou a pedidos amarelos e muito tardios de desculpa, como recentemente envolvendo o NYT. Será que os que defendem ampla investigação da vida privada dos dirigentes dos outros poderes também defenderiam investigações sobre alcoolismo e uso de drogas nas redações, sobre a promiscuidade entre meios de comunicação e autoridades corruptas? Que tal instalar câmeras escondidas nas redações dos jornais? Será que os erros da mídia são tão facilmente corrigidos com simples pedidos de desculpas? Enfim, mais responsabilidade, senhores!

Continuar a esconder-se atrás de um direito irrestrito à irresponsabilidade e falta de ética pode significar grave ameaça à integridade desse potente instrumento de transformação social.

Thogo Lemos dos Santos, Uberlândia, MG



Mais opções

Deveríamos ter mais opções para respostas.

Francisco de Assis Ferreira, arquiteto, Jandira, SP