Thursday, 09 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Folha de S. Paulo


JK NA GLOBO
Folha de S. Paulo


Elenco de JK critica absolvições


‘O ator José Wilker, que grava em Brasília os capítulos finais da minissérie
‘JK’, disse que a absolvição dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor
Luizinho (PT-SP) lhe causaram ‘um misto de vergonha e pena’.


‘O Brasil não tem um projeto político claro’, comentou ontem Wilker, que
interpreta Juscelino Kubitschek: ‘Ou melhor, talvez exista um, mas não é bom’.
Apesar das críticas, o ator, que fez campanha para Lula nas eleições passadas,
disse que vai repetir seu voto no PT.


Nas próximas semanas, 1.300 figurantes e mais de 50 atores gravam os
capítulos finais da série. O clima do elenco, que encena um período importante
da história do país, foi assim definido pelo ator Tito Lessa, que interpreta
Israel Pinheiro: ‘Eu me sinto constrangido de saber no que o Brasil se
transformou’. John Vaz, que faz o papel de João Goulart, chamou a absolvição de
Luizinho de ‘grande armação’: ‘Dói ver destruída a biografia que o Lula
construiu’.’


ITÁLIA
Folha de S. Paulo


Justiça e grampo complicam Berlusconi


‘Faltando um pouco menos de um mês para as eleições legislativas italianas, o
primeiro-ministro Silvio Berlusconi sofreu ontem dois dramáticos golpes que
poderão enfraquecer suas chances de obter um novo mandato.


O primeiro partiu do Ministério Público de Milão, que anunciou ter pedido o
indiciamento do premiê -também o homem mais rico da Itália e o grande empresário
de mídia do país- por ter supostamente pago US$ 600 mil ao advogado britânico
David Mills para que ele testemunhasse a seu favor em processo de corrupção.


A decisão de abrir o processo está agora nas mãos dos magistrados. Eles levam
em geral algumas semanas para decidir, o que manterá Berlusconi sob suspeita no
período que coincide com o aquecimento final da campanha.


Mills e o próprio Berlusconi desmentem que o testemunho tenha sido comprado.
Mas, se os indícios existentes forem comprovados, o premiê poderia,
teoricamente, ser condenado a de três a oito anos de prisão.


O segundo golpe veio com a renúncia do ministro da Saúde, Francesco Storace,
em razão de inquérito que o acusa de ter montado uma operação de espionagem de
adversários em eleições regionais do ano passado.


Storace nega a acusação, mas disse que preferia deixar o governo para que o
caso não fosse politizado pela oposição.


‘O que está vindo à tona com esses dois episódios é algo de podre na direita
italiana’, disse um dos dirigentes da oposição de centro-esquerda, Piero
Fassino.


A coligação integrada por Fassino se beneficia de uma ligeira vantagem nas
pesquisas de intenção de voto. Resta saber se, com os dois episódios de ontem,
Berlusconi continuará a convencer uma boa parcela dos eleitores de que ele tem
sido uma vítima sistemática de promotores simpatizantes da esquerda.


‘Rotina pré-eleitoral’


‘Não há nenhuma novidade nisso’, disse Sandro Bondi, coordenador do Força
Itália, partido do premiê. A seu ver, tornou-se uma rotina abrir processos
contra Berlusconi em período eleitoral.


Ele acusou promotores e juízes de ‘abandonar maliciosamente a procura da
verdade, para procurar atingir objetivos políticos’.


David Mills, o advogado supostamente subornado, foi o marido da ministra
britânica da Cultura, Tessa Jowell. O escândalo repercutiu há dias em
Londres.


Jowell, pessoa de confiança do primeiro-ministro Tony Blair, foi pressionada
a renunciar. Mas, em lugar de deixar o governo, ela deixou o marido. Anunciou a
separação em comunicado publicado no último sábado.


O ex-ministro Storace é um homem de peso na direita italiana. Recebeu o
Ministério da Saúde como prêmio de consolação por ter perdido em 2005 a
presidência da riquíssima região de Lazio, em que Roma está situada.


No que parece ser um ‘Who’s Who’ da história italiana, magistrados acreditam
ter provas de que Storace espionou Alessandra Mussolini, que vem a ser a neta do
ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945). Outro espionado teria sido o
jornalista Piero Marrazzo, que ganhou a eleição para o bloco de
centro-esquerda.


O inquérito sobre o caso está bastante adiantado, tanto que já foram presas
nesta semana 16 pessoas, entre elas 11 detetives particulares que teriam
participado da operação. Um desses detetives, Pierpaolo Pasqua, manteve na época
contatos regulares com Niccolo Accame, porta-voz do ex-ministro da Saúde.


Storase foi a segunda baixa no gabinete de Berlusconi no atual período
pré-eleitoral. A primeira foi a de Roberto Calderoli, ministro das Reformas, que
caiu depois da controvérsia que criou ao aparecer na televisão com uma camiseta
estampada com uma caricatura do profeta Muhammad.


O ministro do Interior, Giuseppe Pisanu, declarou ontem ser ‘inegável que o
clima eleitoral está cada vez mais peçonhento’, e que seria saudável extrair
esse veneno antes que os eleitores votem entre 9 e 10 de abril.’


Umberto Eco


É preciso derrotar Berlusconi


‘Estamos diante de um prazo dramático. Desde 2001, a Itália decaiu em todas
os sentidos: o respeito pelas leis e a Constituição, a situação econômica, o
prestígio internacional. Se tivermos de passar por mais cinco anos de governo do
Pólo das Liberdades (a coalizão de direita encabeçada por Silvio Berlusconi),
sendo representados diante do mundo por gente como Roberto Calderoli (ministro
obrigado a renunciar por ter usado uma camiseta estampada com caricaturas do
profeta Muhammad, o que desencadeou tumultos sangrentos na Líbia) e pelos mais
recentes recrutas da Força Itália, os impenitentes do fascismo em versão Saló, o
declínio de nosso país será inexorável e, possivelmente, definitivo.


É por essa razão que o encontro marcado de 9 de abril é diferente de todas as
eleições que já tivemos até agora: antes, tratava-se de escolher quem iria
governar, sem precisar temer a chegada de um governo que colocasse as
instituições democráticas em risco. Desta vez, trata-se simplesmente de salvar
essas instituições. Os partidos de oposição procuram atrair os votos dos
indecisos que votaram no Pólo e sentem-se traídos. Eles cumprem seu dever, mas
creio que seja preciso aplicar um raciocínio diferente.


Não são os indecisos que votaram na direita na última vez que representam o
risco maior nestas eleições (ou eles vão votar como antes, por convicção ou por
preguiça, ou vão se abster). Considero que seja necessário esforçar-se para
convencer os eleitores de esquerda decepcionados.


Nós os conhecemos; eles são muitos, e este não é o lugar para discutir as
razões de sua insatisfação. Mas é a eles que convém recordar que, se se deixarem
levar por esse descontentamento, vão contribuir para deixar a Itália nas mãos
daqueles que conduziram o país à ruína. Nenhum descontentamento, mesmo que seja
inteiramente justificado, pode comparar-se ao medo de uma involução fatal de
nossa democracia, à indignação de todo democrata sincero diante do massacre que
vem sendo feito das leis, da separação dos Poderes, do próprio sentido do
Estado. É isso que cada um de nós deve repetir a seus amigos indecisos e
decepcionados. É deles e de seu engajamento que vai depender que a Itália possa
evitar ser, por mais cinco anos, um terreno de rapina de pessoas que não sabem
defender senão seus interesses privados.


Mesmo se esses amigos tiverem decidido exercer seu espírito crítico com toda
equanimidade (saber criticar seu próprio campo é sinal de honestidade
intelectual), eles devem sacrificar seus sentimentos, por enquanto, e se juntar
a nós no esforço coletivo.


Convencer, é esse o dever e a tarefa de todos aqueles que, nos últimos anos,
participaram das discussões cidadãs. O navio corre o risco de afundar. Que cada
um retorne a seu posto.


O semiólogo italiano Umberto Eco é autor, entre outros, de ‘O Nome da Rosa’ e
‘A Misteriosa Chama da Rainha Loana’. Copyright www.libertaegiustizia.it


Tradução de Clara Allain’


TV DIGITAL
Humberto Medina


Governo diz que conclui estudo de TV digital


‘O governo anunciou que concluiu os estudos sobre TV digital, mas não
divulgou se o padrão escolhido será o japonês (ISDB), o europeu (DVB) ou o
norte-americano (ATSC).


Na quarta-feira, a Folha publicou que o governo já optou pelo padrão japonês.
Ontem, houve reunião da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) com sete ministros
envolvidos no tema. Ao fim da reunião, o ministro das Comunicações, Hélio Costa
(PMDB-MG), leu um comunicado.


‘Em reunião hoje [ontem], os ministros que participam do Comitê de
Desenvolvimento da TV digital concluíram que, primeiro, há entendimento comum
dos ministros de que os estudos técnicos realizados já permitem as conclusões
sobre o modelo de TV digital a ser adotado pelo Brasil; segundo, os ministros
decidiram ainda solicitar ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
um pequeno prazo para concluir entendimentos finais sobre questões vinculadas à
TV digital’, diz o comunicado que Costa leu aos jornalistas.


Ele disse que não responderia à perguntas, mas afirmou que o prazo será ‘o
mínimo possível’. Ainda de acordo com Costa, não há desentendimento dentro do
governo sobre o assunto. ‘Não há falta de consenso, o presidente vai viajar
amanhã [hoje], chegou [ontem] cansadíssimo da viagem à Europa, vai viajar amanhã
[hoje] para o Chile’, disse o ministro das Comunicações.


Fábrica


Segundo a Folha apurou, pesou na escolha pelo padrão japonês o compromisso do
Japão de instalar uma fábrica de semicondutores no país (investimento estimado
em aproximadamente US$ 2 bilhões) e a questão política: o padrão japonês é o
preferido das emissoras de TV, e 2006 é um ano de eleições.


Pelos cálculos do governo brasileiro, a instalação de uma fábrica de
semicondutores representaria investimento de aproximadamente US$ 1 bilhão e
contribuiria para reduzir em aproximadamente US$ 1 bilhão o déficit da balança
comercial de componentes, que hoje está em cerca de US$ 7 bilhões.


Do total do déficit, cerca de US$ 2,5 bilhões referem-se à importação de
semicondutores.


Ontem pela manhã, em Belo Horizonte (MG), Costa afirmou que os japoneses
foram os únicos que deram ‘abertura’ para o Brasil discutir a transmissão de TV
digital a partir das propostas apresentadas pelo governo brasileiro, que inclui
a fábrica de semicondutores.


Segundo ele, as mesmas propostas foram feitas para os três sistemas (Japão,
EUA e Europa), e os europeus ‘não aceitaram’ debatê-las.


‘Nós fizemos as mesmas propostas para os três sistemas. Tanto para os
americanos quanto para os europeus e para os japoneses’, disse o ministro.


Também pela manhã, em Olinda (PE), o ministro Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento), que integra o grupo de ministros que tratam de TV digital e
participou da reunião, havia comentado o processo de decisão do governo. ‘Nós
queremos dar a oportunidade ao Brasil de ganhar em tecnologia e em
investimento’, disse. ‘Não é uma escolha unilateral, e não podemos fazer uma
escolha como se escolhe uma roupa’, afirmou o ministro.


Padrão europeu


Representantes do padrão europeu de TV digital (DVB) querem discutir com o
governo brasileiro a instalação de uma fábrica de semicondutores (componente
usado na fabricação de transistores e microprocessadores, por exemplo) no
país.


A oferta vem no momento em que o governo deverá anunciar sua opção pelo
padrão japonês (ISDB), que já firmaram o mesmo compromisso.


Na quarta-feira, representantes da ST Microeletronics, fabricante de
semicondutores que integra o grupo de empresas chamado ‘coalizão DVB’, entregou
à ministra Dilma uma carta na qual pedia uma reunião para tratar do assunto com
o governo.


‘Não foi uma proposta concreta. Nós queremos ouvir o governo e fazer um
estudo a quatro mãos para tratar da viabilidade de uma fábrica’, disse Isaias
Silva, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da empresa.


Colaboraram Paulo Peixoto e Luiz Francisco, da Agência Folha’


Daniel Castro


Europeus ‘barram’ Globo em teste digital


‘Defensores do padrão de TV digital japonês, executivos da Globo
protagonizaram cenas constrangedoras nos dois dias em que os europeus fizeram
demonstrações de sua tecnologia, na USP.


Anteontem, Fernando Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia e
principal articulador das redes pelo padrão japonês, foi barrado numa
demonstração. Bittencourt, segundo a Globo, só foi aceito no evento após a
intervenção de professores.


Walter Duran, diretor de tecnologia da Philips (uma das empresas que compõem
a Coalizão DVB Brasil, que organizou a demonstração), nega que o diretor da
Globo tenha sido barrado. Duran explica que a demonstração de quinta-feira era
só para Roberto Pinto Martins, secretário de Telecomunicações, e que a coalizão
foi surpreendida pela visita de Bittencourt. ‘Mas eu pessoalmente mostrei tudo a
ele’, diz Duran.


Na quarta-feira, no meio de uma entrevista para a imprensa, Carlos Britto,
assessor de Fernando Bittencourt, levantou-se, apresentou-se e disse que o que
os europeus estavam demonstrando era inviável, que eles estavam tentando
‘ludibriar’ a imprensa.


Nos dois dias, os europeus mostraram que sua tecnologia permite a transmissão
em alta definição para televisores fixos e de baixa resolução para telefones
celulares, simultaneamente num mesmo canal, como querem as redes. Mas a Globo
não se convenceu disso.


OUTRO CANAL


Tango 1 Sobrinho e conselheiro de Silvio Santos, Guilherme Stoliar não
aceitou convite para ser diretor comercial do SBT. O cargo, vago desde janeiro,
será ocupado pelo argentino Victor Tobi, ex-agente internacional de Xuxa. Só
falta a assinatura do contrato.


Tango 2 A notícia já virou piada no mercado de publicidade: depois de um
mexicano na vice-presidência (Eugenio Lopez) e agora um argentino no comercial,
só falta ao SBT um paraguaio na programação. E colocar um ‘Latino’ na sigla da
rede.


Raia Após ver ‘Prova de Amor’ perder para ‘Rebelde’ durante até 25 minutos na
segunda e na terça, a Record tirou sua novela do confronto com a mexicana do
SBT. Na quarta e na quinta, ‘Prova’ entrou mais tarde, depois das 19h40 (antes
estava às 19h20), e só disputou audiência com ‘Rebelde’ durante quatro minutos.


Estresse 1 Continuava indefinida ontem a permanência do diretor de programas
Nilton Travesso, um dos mais experientes da TV brasileira, no SBT. Ele não
aceitou dividir a direção do ‘Charme’, de Adriane Galisteu, e pediu demissão. Já
deixou o programa, mas Silvio Santos quer que ele continue na emissora.


Estresse 2 A tendência é Travesso continuar no SBT (a Record o quer no ‘Show
do Tom’). Deverá apenas se afastar durante dois meses para dirigir um
documentário sobre migrantes em SP.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Receita do UOL cresce 18% e atinge R$ 563 milhões; publicidade aumenta 24%


‘O UOL, empresa na qual os grupos Folha e Portugal Telecom têm participação,
anunciou ontem que as receitas da companhia chegaram a R$ 563,8 milhões no ano
passado, valor 18% superior ao registrado em 2004.


Cresceram, em 2005, tanto as receitas com assinaturas quanto as de
publicidade. A base de assinantes subiu 11% e contribuiu para alta de 16% das
receitas com assinaturas, que atingiram R$ 456,9 milhões. No caso de
publicidade, a alta foi de 24%, com as receitas chegando a R$ 106,9 milhões.


Segundo comunicado do UOL, a empresa terminou 2005 com 1,45 milhão de
assinantes pagantes, número equivalente a 12% do universo de brasileiros que
acessam a internet de casa.


O Ebitda (lucro medido antes de impostos, amortizações e depreciações) foi de
R$ 101,9 milhões, o dobro dos R$ 50,9 milhões de 2004. O valor já exclui do
cálculo os gastos com abertura de capital, de R$ 22,7 milhões.


O UOL lançou ações na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) em 16 de
dezembro. Ontem, as ações eram negociadas a R$ 15,66, alta de 2,4% em relação à
quinta-feira. Desde que foram lançadas, as ações da empresa registram queda de
14,9%. O Grupo Folha possui 41,9% das ações da companhia, enquanto a Portugal
Telecom detém outros 29%.’


******************


Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana
selecionados para a seção Entre Aspas.



Folha de S. Paulo I


Folha de S. Paulo II


O Estado de S. Paulo I


O Estado de S. Paulo II


O Globo

No Minimo

Comunique-se


Jornal do Brasil


Último Segundo


Diário Vermelho