Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

O Globo

CRIME
Jornalista é executado com um tiro em Três Rios

O jornalista José Rubem Pontes de Souza, diretor-presidente do ‘Entre-Rios Jornal’, de Três Rios, morreu na madrugada de ontem, vítima de um atentado em Paraíba do Sul. Ele havia saído de um aniversário e estava num bar, próximo à Praça Marquês de São João, no Centro da cidade, quando foi baleado. Segundo testemunhas, o tiro partiu de um homem que desembarcou de um Astra prata. Havia outro homem ao volante.

A polícia afastou a hipótese de assalto, mas ainda não tem pistas do criminoso. Nos últimos dias, o jornal estava dando destaque ao assassinato, em Três Rios, da jovem paulista Jéssica Phillipp Giusti.

O diário ‘Entre-Rios’ é o principal jornal do Centro-Sul Fluminense, onde circula há 75 anos. O jornalista, conhecido como Rubinho, foi candidato a deputado estadual em 2006 e a prefeito de Paraíba do Sul em 2008, mas nunca se elegeu.

 

MEMÓRIA
André Miranda

Exposição e investimentos nos 200 anos da Biblioteca Nacional

Citando o escritor e professor Marco Lucchesi, a Biblioteca Nacional comporta uma Via Láctea de estrelas a serem descobertas pelos leitores.

São livros, periódicos, gravuras e outros objetos, num total de nove milhões de peças, que fazem dela a oitava maior biblioteca do mundo em acervo. Essa constelação acaba de fazer aniversário: são 200 anos, celebrados com uma exposição que abre ao público na quarta-feira e com um investimento de R$ 31,7 milhões concedidos pelo BNDES.

A mostra, intitulada ‘Uma defesa do infinito’, reúne, até 25 de fevereiro, 200 itens na sede da biblioteca, na Cinelândia (entrada pela Rua México) . Estão expostas obras raras, como uma Bíblia de Mogúncia, datada de 1462 e com apenas 15 exemplares pelo mundo; uma edição de 1920 de ‘A menina do narizinho arrebitado’, de Monteiro Lobato; a partitura manuscrita de ‘Pelo telephone’, de Donga, registrada na biblioteca em 1916; o desenho ‘A melindrosa’, feito na década de 20 por J.

Carlos; e o roteiro de ‘Onde a terra acaba’, de Mário Peixoto, inscrito na biblioteca em 1931.

— A ideia foi não reunir apenas livros, mas abrir para outras mídias que fazem parte do acervo da biblioteca. É um diálogo entre mídias cujo objetivo não é o livro, e sim o leitor — explica Lucchesi.

Já a verba destinada pelo BNDES para a biblioteca será utilizada, em sua maioria, para a restauração de seu anexo, localizado na Gamboa.

A iniciativa segue os planos de revitalização daregião do Cais do Porto e servirá , ainda , paradar abrigo a uma das principais coleções do órgão: ali será instalado todo o acervo de jornais, revistas e demais periódicos da biblioteca, montando uma hemeroteca moderna aberta para consultas públicas. O anexo é ainda maior (16 mil metros quadrados) do que a sede da instituição (14 mil metros quadrados). O problema, porém, é o estado precário do prédio.

— Vamos nos concentrar no que parece ser o patinho feio da Biblioteca Nacional — afirma Eduardo Mendes, gerente de Patrimônio Histórico e Acervo do BNDES. — Independentemente de seu acervo, o prédio da Gamboa, em si, já tem um valor arquitetônico grande.

Do investimento do banco, R$ 17,8 milhões serão destinados à montagem da hemeroteca, que terá cerca de 3,5 milhões de itens. O restante será usado na reforma dos elevadores e da cobertura da sede (R$ 6,2 milhões), no Centro de Processamento de Dados (R$ 4,8 milhões), em investimentos em sustentabilidade e visitação (R$ 1 milhão), na produção de uma enciclopédia de artes (R$ 700 mil) e para cobrir custos administrativos (R$ 1,2 milhão). As obras no anexo devem começar no primeiro semestre de 2011 e têm previsão de término até 2013.

— O anexo não será exclusivo para a hemeroteca. Temos projetos para uma biblioteca popular que serviria aos moradores do bairro e para um centro de treinamento voltado à população carente — diz Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca Nacional

 

REVISTA
Karla Monteiro

Uma Granta perfeita para levar para a cama

A sexta edição da versão brasileirada ‘Granta’, a badalada revista literária inglesa que é publicada aqui pela editora Alfaguara, vem com um tema bem bom: sexo. São sete autores estrangeiros e sete brasileiros escrevendo sobre o assunto. Com mais de 30 anos no mercado, a ‘Granta’ britânica nunca havia se deitado na cama, até o número 110, publicado no início deste ano.

A edição em português, que chega às livrarias no próximo dia 8, traz três contos da ‘Sex’ original. O material produzido pelos autores locais é inédito.

Entre os brasileiros que participam, estão nomes como o poeta Antonio Cicero e o escritor Reinaldo Moraes. Entre os estrangeiros, a veterana francesa Marie Darrieussecq e os jovens expoentes da literatura americana Nell Freudenberger e Gary Shteyngart. A revista traz ainda um ensaio fotográfico do premiado designer austríaco radicado no Rio Martin Ogolter.

A Alfaguara começou a publicar a ‘Granta’ no Brasil em outubro de 2007, numa edição especial intitulada ‘Os melhores jovens escritores norteamericanos’.

A periodicidade é de dois volumes por ano. Na Inglaterra, são quatro números anuais.

— Já temos três novos números em mente. O próximo tema será trabalho. Em seguida, vamos traduzir a edição ‘Os melhores jovens escritores de língua espanhola’, que acabou de sair na Espanha — diz a editora-chefe da Alfaguara, Isa Pessoa. — A grande novidade, porém, é o número previsto para sair no fim de 2011: ‘Os melhores jovens escritores brasileiros’. O mérito e a meta da Granta sempre foram revelar talentos. Para fazer a seleção dos autores que vão figurar na edição especial dedicada aos novos talentos nacionais, Isa já está trocando figurinhas com os editores da ‘Granta’ espanhola.

A ideia é importar de lá a metodologia. Segundo ela, a Alfaguara pretende montar uma comissão para escolher 22 autores.

— O que a gente precisa aprender primeiro é a metodologia da construção da primeira lista, como chegar a esses nomes de forma criteriosa e abrangente. Tendo isso, formaremos um comitê para a seleção final — ela adianta. — A vendagem da revista por aqui pode ser comparada à de um livro regular. Mas, para um jovem autor, a ‘Granta’ é um selo de qualidade.

No Brasil, a ‘Granta’ vende, em média, 2.500 exemplares por edição. Na Inglaterra, a tiragem é de 70 mil exemplares, distribuídos entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, sendo que 45 mil são assinantes.

A história da ‘Granta’ na Inglaterra remete ao século XIX.

Foi criada em 1889, por alunos da Universidade de Cambridge.

A ideia, na época, era fazer uma publicação que misturasse política estudantil e literatura.

Na primeira encarnação, a revista publicou autores que viriam a se tornar grandes nomes das letras, como Sylvia Plath. Nos anos 60 e 70, a ‘Granta’ ficou no limbo. E, em 1979, voltou à carga. Resgatada por um grupo de estudantes de pós-graduação, tornouse, então, a mais célebre revista literária da Grã-Bretanha.

Muitos nomes importantes estrearam ou passaram pelas páginas de ‘Granta’: Mario Vargas Llosa, Saul Bellow, Julian Barnes, Gabriel García Márq uez , Milan Kundera ,Ian McEwan, Salman Rushdie.

‘Com sua mescla de relatos pessoais e fotojornalismo e seu compromisso com a ficção literária realista, a ‘Granta’ tem sua face voltada para a janela do nosso tempo, determinada a testemunhar o mundo’, definiu o jornal inglês ‘The Observer’.

A versão nacional da ‘Granta’ costuma ter 60% de material procedente das edições de língua inglesa e espanhola, e 40% de contribuições dos nossos escritores. Os contos da edição que tem o sexo como tema são deliciosos. Sem dúvida, um livrinho para levar para a cama.

‘Vem comigo vou contigo’, convida o poeta Chacal logo na abertura, usando a poesia concreta para ir direto ao assunto.

‘Ivana é o que antigamente, isto é, naqueles idos dos anos 80 do século passado, chamava-se de secretária’, anuncia Reinaldo Moraes, o autor do já clássico ‘Pornopopeia’, para dar o tom. ‘Sempre fui aquele tipo de garota que as pessoas julgam estar se divertindo mais do que está. Uma garota com quem os casais imaginam coisas, ficam se dizendo essas coisas e depois de cinco shots, encharcados de coragem, vêm murmurar vontades de alcova’, entrega a escritora e roteirista Antônia Pellegrino. E Antonio Cicero arrebata: ‘O amor seria fogo ou ar em movimento, chama ao vento; e no entanto é tão duro amar este amor que o seu elemento deve ser terra: diamante, já que dura e fura e tortura (…).’ ¡

FOTOS do ensaio feito pelo designer austríaco radicado no Rio Martin Ogolter para a publicação que chega às livrarias na próxima semana (capa no detalhe): 14 textos

 

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Folha de S. Paulo – Sábado

Estado de S. Paulo – Domingo

Estado de S. Paulo – Sábado

O Globo – Domingo

O Globo – Sábado