Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Painel do Leitor, Folha de S. Paulo



’23/05/04

Mídia

‘Leitor da Folha há mais de 50 anos, agora fiquei sabendo, pelo ilustre jornalista Olavo de Carvalho (‘Arma de guerra’, ‘Tendências/Debates’, 20/5), que as informações que tenho recebido lendo esse jornal provêem de ‘espertalhões conscientes’ e ‘idiotas úteis que não têm idéia da origem remota de suas opiniões’. Adverte também o preclaro senhor Carvalho que ‘a ocupação mais constante e regular’ desse jornal, como integrante da grande mídia, é a ‘desinformação’. Sou, por isso, exposto, ainda segundo o jornalista, a um ‘perigo monstruoso que não diminuirá’ enquanto não houver um tribunal que fiscalize a Folha e outros órgãos da mídia, estabelecendo o que eles devem ou não publicar. Diante desse ‘perigo monstruoso’, estou sem saber o que fazer: devo parar de ler jornais enquanto a solução salvadora proposta não ocorrer?’ Zenon Lotufo Júnior (São Paulo, SP)



22/05/04

Celso Daniel

‘Em relação à reportagem ‘Deputado diz não ter álibi, mas ser inocente’ (Brasil, pág. A10, 21/5), cujo sobretítulo foi ‘Petistas dizem que Donisete Braga estava no Palácio dos Bandeirantes na hora em que Celso Daniel foi morto’, esclareço que nunca, absolutamente nunca, afirmei à repórter da Folha que não tinha álibi em relação às denúncias do Ministério Público. Muito pelo contrário. Entreguei à repórter uma fotografia que comprova minha presença no Palácio dos Bandeirantes na noite de 19 de janeiro de 2002, quando participava de reunião com o governador Geraldo Alckmin e outras autoridades. Algumas, como os deputados Professor Luizinho e Vanderlei Siraque, ouvidas pela Folha, confirmaram minhas palavras, pois estavam comigo naquela noite e horário. Surpreendeu-me também que a Folha tenha concluído, em quadro anexo, que ‘o deputado não conseguiu explicar o que fez nesses intervalos de tempo’. Estranho, pois foi o que mais fiz durante a entrevista. Reafirmo que estava no Palácio dos Bandeirantes quando efetuei as referidas ligações (22h18 e 23h41). Vale ressaltar que o laudo da companhia telefônica diz que é ‘praticamente nula’ a possibilidade de meu telefone ter sido captado na região de Embu sem que eu estivesse lá. Se é ‘praticamente’, então não é nula. Além disso, o laudo que a companhia me entregou afirma que ‘há possibilidade de transposição de sinais de um aparelho das ERBs de uma área de abrangência para outra’.’ Donisete Braga, deputado estadual pelo PT (São Paulo, SP)

Resposta da repórter Lilian Christofoletti – A expressão ‘álibi’ foi utilizada pelo próprio deputado em entrevista gravada na liderança do PT na Assembléia Legislativa. Ele disse que ‘não tem álibi, não tem montagem de histórias’. Sobre o intervalo (momento em que deixou o Palácio dos Bandeirantes a caminho de Santo André), o deputado afirmou não se lembrar com quem nem com que carro fez o caminho. Em relação ao laudo que diz ter solicitado à Vivo, o deputado, apesar dos pedidos da reportagem, não apresentou o documento.



21/05/04

França x Brasil

‘Na reportagem ‘Vôo da alegria’ da CBF veta boleiros’ (Esporte, 19/5), a Folha comete um equívoco e induz seus leitores a acreditar que o ministro Agnelo Queiroz faz parte da comitiva que saiu do Brasil para assistir, em Paris, ao jogo entre as seleções do Brasil e da França. O repórter indicado pela Folha para viajar com o grupo afirma que há ministros na comitiva, mas não cita nomes. Uma falha, pois, se há ministros no grupo, o repórter deveria citar os nomes. Os dois ministros que confirmaram presença no jogo, citados em seguida pela reportagem, não estavam no avião da CBF, como é do conhecimento do repórter. Como a Folha tem compromisso com a verdade, seria bom esclarecer que o ministro Agnelo Queiroz esteve em Lausanne, na Suíça, nos dias 17 e 18, para acompanhar a reunião do Comitê Olímpico Internacional que definiu as cidades que concorrem para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2012. Portanto ele não poderia estar no vôo com o repórter da Folha. O destino do segundo ministro citado também não foi apurado pelo repórter.’ Adeildo Bezerra, assessor de Comunicação Social do Ministério do Esporte (Brasília, DF)

Nota da Redação – O texto em nenhum momento diz que Agnelo Queiroz esteve no vôo. Afirma, isso sim, que o ministro integra a comitiva brasileira.

TV

‘Na coluna de televisão ‘Outro Canal’, da edição de ontem da Folha (Ilustrada, pág. E8), foi usada de forma leviana a palavra ‘maquiagem’ no título da nota sobre o balanço da TV Globo. ‘Maquiagem’ de balanço quer dizer alteração, aglutinação ou omissão de lançamentos contábeis de forma a criar números mais bonitos (‘maquiados’), mostrando uma situação contábil, econômica e financeira melhor do que a real. Repudiamos essa atitude irresponsável, já que os números divulgados correspondem à realidade, foram auditados por empresa externa internacional, têm acesso público e abrangem todas as informações exigidas na publicação de um balanço.’ Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)

Governo

‘A Folha não faz uma cobertura equilibrada sobre o governo Lula. Em 19/5, o jornal noticiou apenas na página B6, sem nenhum destaque na Primeira Página, o aumento recorde do emprego formal. E publicou, também na mesma Primeira Página, quatro notícias que podem ser consideradas negativas para o governo -com o destaque principal para o aumento de juros ao consumidor. Isso revela falta de ponderação, dada a importância da notícia sobre a geração de empregos. Não tenho nada contra o destaque dado aos juros absurdos e nada contra a linha editorial, que procura ser crítica e independente. Mas tenho observado -e essa não é a primeira vez- que as notícias positivas, especialmente as do campo econômico, têm tido pouco destaque. Há graves problemas na economia e na sociedade, sem dúvida. Mas me parece que a Folha, embora bastante crítica no período FHC, mencionava com maior ênfase as notícias que eram favoráveis ao governo daquela época.’ Wagner W. de Sousa (Curitiba, PR)

‘Mais uma vez o governo de Luiz Inácio Lula da Silva imita o antecessor, justamente no que não deveria. Como se não bastasse adotar a mesma política econômica, agora imita o congelamento da tabela do Imposto de Renda. É verdade que o crescimento da economia, o aumento do emprego e a justiça fiscal eram plataformas de campanha, mas ainda resta à administração petista algum espaço para ser coerente.’ Dalmo Magno Defensor (São Paulo, SP)

Cotas

‘A reserva de vagas nas universidades federais para alunos oriundos das escolas públicas, proposta pelo governo Lula, é uma tragédia anunciada para ocorrer daqui a 11 anos, que é o tempo correspondente ao ciclo do ensino fundamental e médio. Atualmente, os alunos ditos ‘ricos’, que podem pagar escolas caríssimas, recebem uma preparação que os leva a conquistar boa parcela das vagas nas melhores universidades públicas do país. Com a implantação do regime de cotas para alunos da escola pública, teremos, a partir do próximo ano, uma corrida da classe média para matricular seus filhos nessas escolas para garantir que, no futuro, eles tenham mais chances de ingressar em uma boa universidade. Mas, como ocorre hoje com os cursinhos preparatórios para o vestibular, acontecerá o mesmo no ensino fundamental e médio. A busca pelo diploma da escola pública será apenas o ‘passaporte’, mas a preparação será em cursinhos livres para ingressar no ensino fundamental e médio público. Espero que o governo Lula reveja essa posição e adote uma política da melhoria das condições globais do ensino fundamental e médio.’ Paulo Toshio Udo, professor-adjunto do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (Maringá, PR)

‘Tenho acompanhado a luta aguerrida da Folha contra as cotas para negros nas universidades. Infelizmente, com a discriminação racial que há no Brasil, os negros não possuem nenhum jornal de massa e provavelmente não estão nos conselhos editoriais dos principais meios de comunicação. No dia 2/5, editorial mencionou a criação de um ‘Tribunal Racial no Brasil’, em referência à política de cotas adotada na Universidade de Brasília. Esse editorial compara as incipientes políticas de inclusão social dos negros no Brasil aos métodos do nazismo. A Folha desempenhou um papel importante na denúncia do racismo no Brasil, mas agora mostra-se contra os mecanismos para a promoção da igualdade racial. O editorial faz pensar que, no Brasil, não temos uma classificação racial oficial. Mas ela está presente quando qualquer brasileiro vai tirar sua cédula de identidade, fazer o alistamento militar, tirar passaporte e nos boletins de ocorrência policial e atestados de óbito. É natural que a Folha não aceite que vagas nas universidades públicas sejam preenchidas por critérios raciais e defenda políticas públicas universalistas, como os cursinhos para pobres. O problema das políticas universalistas que não trabalham com a componente racial é que não eliminam a discriminação racial no trabalho, na ocupação e no acesso à universidade.’ Celso Ribeiro de Almeida, membro titular do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Campinas, SP)



20/05/04

Ministério

‘Gostaria de esclarecer a nota incorreta publicada na Folha com o título ‘Assessor critica governo em um microfone aberto’ (Dinheiro, pág. B4, 19/5). Com a intenção de criar uma intriga entre os funcionários do governo, o repórter não se deu conta de que o Márcio Fortes citado é o ex-deputado federal pelo PSDB-RJ e presidente do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), órgão organizador do evento. A confusão, sem que o repórter se desse ao trabalho de verificar com a organização ou com essa assessoria de comunicação, está no fato de o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) também se chamar Marcio Fortes, só que de Almeida. O secretário, que acompanhou o ministro Luiz Fernando Furlan ao evento, só chegou ao fórum às 14h30, hora em que o ministro faria a sua palestra, e não participou de nenhuma mesa-redonda ou painel. Na abertura do evento, Marcio Fortes de Almeida encontrava-se em Brasília, coordenando reunião da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC. Quem participou do painel pela manhã (das 10h às 13h) foi o ex-deputado Márcio Fortes (Márcio João de Andrade Fortes). A gafe, portanto, foi do repórter, e não do governo.’ Ieda Passos, assessora de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Brasília, DF)

Nota da Redação – Leia abaixo a seção ‘Erramos’ e texto na página B4.

Turismo

‘Em relação ao texto ‘Falta é vontade’ (Opinião, pág. A2, 18/5), informamos o seguinte: 1. Além dos R$ 4 milhões destinados ao turismo na região Centro-Oeste, por meio do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), o saldo contratado com o setor nas diversas linhas de crédito existentes alcança R$ 431 milhões. Só em março foram liberados R$ 44 milhões. Ao todo, o BB possui um limite de crédito aprovado de R$ 1,7 bilhão; 2. O BB simplificou o pedido de empréstimo das empresas do segmento de turismo para valores até R$ 25 mil. Desde o segundo semestre do ano passado, as micro e pequenas empresas não precisam mais apresentar projetos para aplicação dos recursos, desburocratizando o processo de crédito; 3. Aliado às possibilidades tradicionais de crédito, o BB desenvolveu, em parceria com os ministérios do Turismo e do Trabalho, uma linha de crédito para investimentos com prazo para pagamento em até dez anos e outra para antecipação de créditos do cartão Visa, com prazo de até 180 dias, ambas com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.’ Carlos Alberto Barretto de Carvalho, assessor de imprensa do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Valdo Cruz – O texto buscava destacar que, dos recursos disponíveis para turismo no Centro-Oeste a juros baratos de fundos constitucionais, apenas R$ 4 milhões dos R$ 140 milhões disponíveis foram emprestados.



19/05/04

Brasil em marcha

‘Segundo a opinião de alguns políticos e órgãos da imprensa, o Brasil está ‘paralisado’. Mas vejamos algumas notícias publicadas na mídia nos últimos dias. A produção industrial aumentou 2,1%, o faturamento das micro e pequenas empresas subiu 14%, as vendas do comércio tiveram crescimento no trimestre, cresceu a criação de empregos formais, o Fome Zero atende a 4 milhões de famílias, a inflação caiu, o Dia das Mães registrou aumento nas vendas em relação a 2002 e 2003, o emprego na indústria cresceu pelo terceiro mês consecutivo, o Bolsa-Família atende a 1,8 milhão de famílias etc. Preconceito e discriminação contra nosso presidente metalúrgico, sem curso universitário e com apenas nove dedos nas mãos, vá lá. Agora, oposição cega, sectarismo político, distorção de fatos por parte de inconformados e personagens desconfortáveis com a eleição de Lula, tudo isso é injusto e demagógico.’ Elio Fiszbejn (São Paulo, SP)

‘The New York Times’

‘Também poderíamos dar à tragicomédia de erros com o ‘New York Times’ o título de ‘Muito Barulho por Nada’. Companheiro Lula, ‘desencane’ da opinião de Larry Rohter. Ela só teve dimensão graças aos desastrados bajuladores que o cercam: os Gushikens, Andrés Singers, Celsos Amorins e Marcos Aurélios Garcias da vida, suas más companhias. O que interessa mesmo é prestar atenção ao que, inevitavelmente e cada vez mais daqui para a frente, a mídia brasileira, ‘em bom português’, lhe reserva. Peço a Deus que eu esteja enganado.’ Antonio Claret (São Paulo, SP)

‘Qual seria a reação dos colunistas dos ‘grandes’ jornais do Brasil caso a matéria mentirosa escrita por um jornalista dos EUA tivesse sido feita por um cubano? Penso que eles fariam pressão para que o governo expulsasse o jornalista e fechasse a embaixada brasileira em Havana.’ Carlos Roberto da Silva (Paranacity, PR)

Segurança pública

‘Sobre o texto ‘Proposta para segurança fica no papel’ (Brasil, 16/5), o Ministério da Justiça esclarece que o Sistema Único de Segurança Pública já está implantado em todo o país, comandado pelo governo federal, via Secretaria Nacional de Segurança Pública, em parceria com todos os Estados da Federação. As realizações do Susp, iniciado em 2003, seguem as diretrizes do Plano Nacional de Segurança Pública. Entre elas estão o Sistema Nacional de Identificação Criminal, a integração das forças de segurança pública com a formação unificada das polícias, a informatização da rede de informações criminais, os consórcios com os municípios e uma mudança radical no modelo de repasse dos mais de R$ 300 milhões em verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública. O repasse no governo Lula vem sendo feito com a contra-apresentação de planos consistentes, que cobram resultados diretos dos Estados beneficiados. Além desses e de outros programas não elencados aqui, foram implantados os gabinetes de gestão integrada, que unem as ações das polícias e da Justiça brasileiras. O GGI Região Sudeste, por exemplo, já realizou operações, como a prisão de traficantes, por meio da integração do trabalho das polícias Federal, do Espírito Santo e do Rio. Além do programa de integração das polícias, o governo Lula definiu como prioridade o combate às fraudes e à lavagem de dinheiro no Brasil. Os resultados das operações Praga do Egito, Anaconda e Trânsito Livre, desenvolvidas pela Polícia Federal ao longo dos últimos meses, mostraram a investigação e a prisão de juízes, delegados, policiais e autoridades públicas, entre outros envolvidos.’ Lígia Kosin, assessora de comunicação do Ministério da Justiça (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Rubens Valente – A reportagem não tratou do Susp, criado pelo governo em 2003, mas das promessas feitas pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva durante sua campanha em 2002.’



JORNAL NA ESCOLA
Daniel Cruz

‘Leitura de jornais pode virar matéria escolar’, copyright Agência Câmara (www.camara.gov.br), 21/05/04

‘A Comissão de Educação e Cultura analisa a criação do programa ‘Leitura de Jornais em Sala de Aula’ nas escolas públicas de ensino médio. A sugestão é tema do Projeto de Lei 3386/04, de autoria do deputado Feu Rosa (PP-ES).

A proposta, de acordo com o parlamentar, tem o objetivo de desenvolver a autonomia intelectual, o pensamento crítico e a capacidade dos alunos de conviver com o pluralismo de idéias. Além disso, os estudantes terão à disposição informações atuais sobre todos os acontecimentos que afetam a vida cotidiana dos cidadãos, o que lhes garantirá um melhor preparo para o trabalho e para o exercício da cidadania. O programa, assegura Feu Rosa, ainda pode contribuir para a formação do hábito de leitura entre os jovens.

Extracurricular

A leitura de jornais não será uma disciplina específica, mas atividade além do currículo, a ser realizada de forma multidisciplinar, como instrumento de ampliação, atualização e enriquecimento dos conteúdos curriculares.

Pela proposta, as escolas oficiais de ensino médio receberão, diariamente, no mínimo um exemplar de jornal local ou regional e um exemplar de jornal de circulação nacional. Os recursos para a implantação do Programa de Leitura virão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Trâmite

A matéria, sujeita à apreciação conclusiva, também será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.’