Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Senadora quer separação entre mídia e candidatura política

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Comunique-se


Sexta-feira, 18 de janeiro de 2008


SEPARAÇÃO
Comunique-se


Senadora propõe afastamento de profissional da mídia que se candidatar


‘A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) quer que apresentadores, locutores e comentaristas de rádio e TV tenham de deixar suas funções um ano antes das eleições, se quiserem se candidatar. A proposta está no projeto de lei 684, de 29/11/07, e aguarda a leitura da relatoria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.


‘O uso da palavra de maneira quotidiana para prestar serviços, informar e entreter o público em meios de comunicação de massa contraria o espírito republicano e fere gravemente a isonomia eleitoral, pois corresponde ao uso de uma concessão pública para contato direto com o eleitorado e promoção pessoal’, explica a senadora.


Segundo Serys, os candidatos já teriam seu espaço de campanha em rádio e TV, prescritos pela Legislação Eleitoral e, portanto, não deveriam se utilizar do espaço da mídia, mesmo que de maneira ‘subliminar’, em sua promoção, o que prejudicaria a alternância de poder.


O projeto da senadora também prevê a proibição de políticos eleitos exercerem essas profissões na mídia. Nesse caso, Serys argumenta que os representantes eleitos já teriam a possibilidade de se utilizar dos meios de comunicação públicos e privados para divulgar suas ações junto à população, fazendo-se desnecessária sua presença em rádio e TV.’


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 18 de janeiro de 2008


JOSÉ DIRCEU
Nelson Motta


A nova cabeleira do Zezé


‘SALVADOR – Uma das mais legítimas aspirações do ser humano é se tornar mais belo, aos seus próprios olhos e diante das fêmeas e dos machos da espécie. Zé Dirceu é humano, tem pleno direito de querer ficar mais bonito e, como homem de esquerda, sempre acreditou que os fios justificam os meios.


O Brasil não é só o país da piada pronta do Zé Simão, também está virando o da metáfora pronta. Como essa, político-capilar, estrelada por Dirceu, tirando fios de cabelo da nuca e reimplantando-os na vasta e brilhante testa.


O velho guerreiro vai voltar à cena com o seu velho topete. Zé Dirceu sempre foi topetudo, e se orgulhava de ser chamado de ‘Alain Delon dos pobres’. Até como galã, Dirceu já mostrava uma opção preferencial pelos pobres, embora suas fãs fossem as jovens universitárias das elites brancas: a nobre calça e a cabeleira rebelde se completavam.


Na guerra do mensalão, Dirceu se descabelou. Na solidão de sua sala no Planalto, arrancava os cabelos em fúria e desespero, até finalmente cair em desgraça, semicareca e acusado de ser o chefe de uma quadrilha que cometeu crimes cabeludos contra a democracia. Sua voz e seu sotaque continuaram os mesmos, mas os seus cabelos… E Dirceu ainda teve o topete de dizer que não sabia de nada.


Ao resgatar remotos cabelinhos rebeldes da nuca histórica e reimplantá-los na devastada testa pós-queda, Dirceu sinaliza para a militância que é hora de tomar as ruas e arrepiar, fazer onda, encrespar. Alisar e amaciar, jamais. E denuncia que o mito de que, ‘na hora do aperto, é dos carecas que elas gostam mais’ é armação da direita disfarçada de marchinha de Carnaval.


E o ‘corta o cabelo dele!’ da ‘Cabeleira do Zezé’ é uma palavra de ordem fascistóide da imprensa golpista.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Tudo vai ser diferente


‘‘Desta vez tudo vai ser diferente’ foi o enunciado da ‘Economist’ ao dizer ‘por que o Brasil está mais bem situado para lidar com um desaquecimento mundial’. A revista lista três ‘mudanças’ que permitem ao país enfrentar a ameaça: demanda interna ‘forte’; maior integração ao mercado global; menor vulnerabilidade financeira. De todo modo, ‘está longe de ser imune’.


Já o ‘Wall Street Journal’ deu o título ‘Emergentes sentem o puxar dos EUA’. Quem saiu dos EUA para ‘China, Índia e Brasil’ descobre que eles ‘podem não ser refúgio’. Mas o texto fecha esperançoso com os emergentes -e com seus US$ 4 trilhões em reservas.


‘APOCALYPSE NOW’


Na capa da nova ‘Economist’, ‘a invasão dos fundos soberanos’, que ‘lançam dinheiro’ em Wall Street. A revista não vê nenhum mal, a não ser por uma provável reação xenófoba dos americanos


NEM PARECE


As Bolsas só fazem cair, mas por aqui sai um ‘negócio do ano’ por semana, no dizer do blog de Lauro Jardim. Ontem foi a segunda mineradora do mundo, Anglo American, que confirmou negociar a compra da MMX, de Eike Batista, por US$ 5,5 bi. Deu no ‘Financial Times’, Bloomberg, agências.


LÁ E CÁ


Também no ‘FT’, o banco UBS disse que ‘vai encerrar serviços bancários secretos’ a clientes americanos, na Suíça, ‘preocupado pela reputação’. Já no Brasil, onde operações foram alvo da Polícia Federal, ‘nada vai mudar’, diz o UBS.


DEMANDA BRIC


As Bolsas caem por aqui, mas a alemã ‘Der Spiegel’ deu ontem a reportagem ‘A caça de lucros vai para o Sul’. Diz que empresas européias como a Beiersdorf (Nivea) voltaram a mira para ‘países como China, Brasil e Índia, chaves para o crescimento’.


ESQUECE


São Paulo faz um Encontro Global Reuters de Agricultura e Biocombustíveis, há dias, com cobertura da agência. Sob forte pressão paulista, o presidente da comissão de agricultura do Congresso dos EUA avisou que a tarifa sobre o etanol não muda ‘tão cedo’.


ESQUADRÃO


Para fazer a manchete dos telejornais, enfim, a chacina de sete na zona norte de São Paulo precisou da eventual ligação a morte de coronel. Record e outros perfilaram as vítimas, ‘a mulher que faz limpeza da padaria’, ‘um carroceiro’, ‘surdo-mudo’. ‘Era tudo pessoal de bem, mano’, descreveu um vizinho.


O ‘JN’ até citou que eram ‘moradores’, mas priorizou de novo o coronel da PM, ‘um dos oficiais mais atuantes’.


ORKUT E A ANTROPOFAGIA


A Salon adianta trechos de um livro de Bryan McCann que explica a força do Orkut no Brasil pela cultura ‘anárquica’ do país e sua ‘abertura essencial à fertilização cultural’. Já ‘Le Monde’ e ‘Foreign Policy’ abordaram os sites sociais como fenômenos geopolíticos -com ironias ao Orkut, que só pegou aqui e na Índia. Orkut que, posta o blog de Sergio Amadeu, subiu à 10ª audiência global, colado à Wikipedia.’


 


CRISE DIPLOMÁTICA
Folha de S. Paulo


Reino Unido protesta contra ação russa no British Council


‘O Reino Unido suspendeu a atuação do British Council, braço cultural da Chancelaria britânica, em duas cidades russas, capitulando à exigência do Kremlin -sob protestos, mas sem ameaças de retaliação. A ‘intimidação inaceitável’ tornou impossíveis as operações dos escritórios de São Petersburgo e Yekaterinburg, disse ontem o chanceler David Miliband.


Em conversas compulsórias com agentes da FSB (sucessora da KGB soviética), funcionários russos da agência teriam sido surpreendidos com perguntas sobre temas como a saúde de animais de estimação, diz Miliband. Alguns receberam visitas noturnas em suas casas.


EUA e União Européia criticaram a atitude da Rússia, que enfrenta crise diplomática com o Reino Unido desde o assassinato de um ex-agente da KGB radicado em Londres, no final de 2006.


Com agências internacionais’


 


ARTE
Folha de S. Paulo


Justiça nega liminar para fechar o Masp


‘A Justiça negou o pedido de liminar (decisão provisória) do Ministério Público de São Paulo para que o Masp (Museu de Arte de São Paulo) feche temporariamente para adaptações -o objetivo era proteger o prédio contra o risco de incêndio.


O Ministério Público se baseou em laudos dos bombeiros, que apontam problemas. Na decisão, a 5ª Vara da Fazenda Pública diz que a transferência das obras do Masp para a Pinacoteca do Estado durante as adaptações colocaria o acervo em risco.’


 


MÚSICA
Marco Aurélio Canônico


Biografia narra vôo tortuoso do Barão


‘Quando se fala no Barão Vermelho hoje em dia -não que se fale muito, já que o grupo está em recesso-, a imagem que surge é a de uma big band já estabelecida, com uma longa história de sucessos, um dos alicerces do rock brasileiro surgido na década de 80.


Descobrir (ou lembrar) que a trajetória do grupo foi extremamente acidentada, incluindo discos sem destaque, inúmeras trocas de integrantes, prisões e não poucas divergências internas (fora a passagem do furacão Cazuza) é o que mais chama atenção na leitura da biografia ‘Barão Vermelho -Por que a Gente É Assim’.


Quer dizer, isso e a parte que envolve uma mãe-de-santo do subúrbio de Ramos (o do piscinão, no Rio) que desfez uma macumba poderosa -o que, aparentemente, estava atravancando os caminhos da banda rumo ao sucesso em sua fase pós-Cazuza. Escrito por um de seus fundadores, o baterista Guto Goffi, em parceria com o descobridor e mentor da banda, Ezequiel Neves, além do jornalista Rodrigo Pinto, o livro narra toda a história do Barão, da fundação, em 1981 (por Goffi e o tecladista Maurício Barros, então com 19 e 17 anos, respectivamente), à sua segunda parada, em 2007, para que os integrantes se dedicassem a carreiras solos.


Ricamente ilustrado com fotos (e cartazes, ingressos etc.) de todas as fases da banda, o livro tem uma diagramação nada convencional (por vezes, francamente caótica, incluindo flashbacks) e vem acompanhado de um CD com os primeiros registros do Barão.


Microfonia


‘Vendo graficamente, não é um livro, é uma microfonia’, define Ezequiel Neves à Folha, por telefone.


‘E microfonia é uma viagem, uma coisa muito over, eu não consigo ler esse livro, de tão bem editado que ele é.’


Ezequiel é uma figura inacreditável. Na história da banda, foi, como ele mesmo se define, ‘onipresente’ -’descobriu’ a banda, produziu discos, os incentivou em todos os momentos e se dividiu, salomônico, quando Cazuza saiu em carreira solo.


Boa parte do humor do livro vem dos episódios com sua presença tresloucada, como quando esculhambou o tecladista Maurício Barros por conta de sua influência de rock progressivo. ‘Nossa, tantos sintetizadores… Esse som parece uma penteadeira de bicha!


Vamos gravar um pianinho mais stoneano.’


Para os fãs do Barão, até pelo CD com versões inéditas, o livro é um bom presente.


BARÃO VERMELHO – POR QUE A GENTE É ASSIM


Autores: Ezequiel Neves, Guto Goffi, Rodrigo Pinto


Editora: Globo


Quanto: R$ 49 (312 págs.)’


 


Folha de S. Paulo


George Michael vai escrever autobiografia


‘George Michael, 44, fechou acordo para escrever uma autobiografia, anunciou ontem a HarperCollins. O valor do contrato não foi divulgado, mas, segundo a editora, está entre os mais alto já assinados no Reino Unido, o país dos best-sellers da série ‘Harry Potter’.


Michael promete contar detalhes sobre sua vida profissional e pessoal, e a editora afirma que o cantor britânico escreverá sozinho, sem ajuda de ‘ghostwriter’. A previsão é que a obra chegue às livrarias já no próximo ano.


Michael é gay, já se envolveu em escândalos sexuais e teve problemas com álcool e drogas.


Ano passado, foi condenado a cem horas de serviço comunitário por dirigir bêbado. O cantor foi encontrado caído ao volante de seu carro.


Vencedor de Grammys, Michael já vendeu mais de 85 milhões de discos em todo o mundo.’


 


CINEMA
Cássio Starling Carlos


Dramalhão e discurso pró-EUA dominam novo filme de Forster


‘Com 8 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, dos quais mais de 1 milhão só no Brasil, o sucesso do romance ‘O Caçador de Pipas’, de Khaled Hosseini, publicado apenas dois anos após o 11 de Setembro, não consiste em mero interesse súbito pela literatura afegã e seus tipos simples submetidos à fúria fundamentalista. A transposição bastante rápida do livro para o cinema a cargo do ‘pau pra toda obra’ Marc Forster torna mais transparente a operação de sedução mental do relato oportunista de Hosseini ao revelar sua matriz ideológica.


O núcleo da história é, supostamente, a amizade entre dois garotos, Amir e Hassan. O primeiro, filho de um rico empresário, parte para os EUA deixando para trás Hassan, um garoto pobre de outra etnia, criado por seu pai. Sua moral é que laços verdadeiramente humanos superam todas as formas de diferenças (materiais, sociais ou políticas).


Enquanto se atém ao tempo da infância, Forster tira todo o proveito desse artifício romanesco, estabelecendo inevitáveis nexos de simpatia e de identificação da platéia com os dois garotos, que levam uma vida razoavelmente pacífica na Cabul dos anos 70, onde o máximo de desafio na vida em que levam é vencer uma competição anual de pipas.


O Afeganistão daqueles anos, recriado em filmagens na China, aparece em cores orientalizadas, com seu povo pacífico e feliz e suas feiras cheias de sons e cores exóticos.


Neste preâmbulo, o filme chega a surpreender ao adotar outra língua que não o inglês e atores de outras origens étnicas num esforço de representação realista típico da era de reconhecimento da diversidade.


No entanto, quando precisa abandonar tal ordem para introduzir o conflito, livro e filme perdem o controle da medida e se convertem em dramalhões altamente suspeitos.


A ruptura entre os amigos Amir e Hassan é emocionalmente empalidecida pela entrada em cena dos verdadeiros vilões, primeiro os russos, durante a invasão soviética no fim dos anos 70, depois o Taleban, com os resultados catastróficos que todos sabemos.


Com tais vilões em cena, ganha evidência a adequação do relato aos pressupostos da ideologia Bush.


Maniqueísmo ingênuo


A demonização do fundamentalismo, mesmo que se justifique pela carga de barbárie introduzida pela radicalidade do Taleban, esconde o outro lado da moeda: o Ocidente, os EUA em particular, aparece como oásis ensolarado, posto avançado da civilização, numa operação maniqueísta difícil de admirar sem se tornar refém da mais banal ingenuidade.


No filme, esta operação abandona as nuances humanistas do relato de Khaled Hosseini e adquire a força de um tanque de guerra. Em sua peripécia de retorno ao Afeganistão para salvar um inocente, por exemplo, Amir revalida argumentos que justificariam a invasão do governo Bush em sua fúria bélica.


Em outros tempos, o cinema americano foi menos sutil com heróis da estirpe de Rambo em suas estratégias de vingança simbólica. ‘O Caçador de Pipas’ é apenas um novo disfarce para uma retórica velha de guerra.


O CAÇADOR DE PIPAS


Direção: Marc Forster


Produção: EUA, 2007


Com: Khalid Abdalla, Atossa Leoni, Shaun Toub


Onde: estréia hoje no Cine Bombril, Iguatemi Cinemark, HSBC Belas Artes, Tamboré 8 e circuito


Avaliação: ruim’


 


TELEVISÃO
Laura Mattos


Sobre baixaria no ‘BBB’, Tuma Jr. diz que pedirá ‘bom senso’


‘O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., disse à Folha que pedirá ‘bom senso’ às emissoras das regiões que exibem o ‘Big Brother Brasil’ antes das 22h, horário para programas não recomendados a menores de 16 anos.


O reality show foi classificado para 22h, mas vai ao ar mais cedo em sete Estados com fusos diferentes do de Brasília, além de toda a região Nordeste (que não adota o horário de verão).


Ontem, Tuma Jr. estava em um compromisso oficial em Manaus (AM), que está com duas horas a menos do que Brasília -ou seja, o ‘BBB 8’ entra no ar às 20h (horário recomendado a maiores de 12 anos e não 16).


Por telefone, foi questionado sobre as polêmicas cenas exibidas pelo ‘BBB’, como o show de meninas com peitos cobertos por creme de barbear e a passada de mão de um rapaz em sua ‘namorada’. ‘Vou aproveitar que estou aqui no Norte e vamos estabelecer esse debate. Irei pedir bom senso às emissoras locais’, disse Tuma Jr.


O secretário foi quem concedeu às TVs, na semana passada, um prazo de 90 dias para que passassem a respeitar os fusos do país. É tempo suficiente para que o reality acabe e a Globo não tenha o trabalho de mudar sua programação regionalmente.


MORDIDA DOÍDA


A novela ‘Caminhos do Coração’, que virou uma bizarra fábrica de lobisomens, ficou anteontem em primeiro no Ibope por 18 minutos, segundo a Record. A média do capítulo foi 18 pontos, com 21 de pico (dados prévios da Grande SP).


BODAS DE PRATA


O ‘SPTV’ terá, no próximo dia 25, edição especial em comemoração dos 25 anos do programa e do aniversário de SP. O telejornal ganha novo helicóptero Globocop, com mais câmeras e recursos para a TV digital, além de Redação móvel e de moto-links capazes de gerar imagens em oito minutos.


CÂMERA NA MÃO


Já o ‘Metrópolis’ (TV Cultura) do aniversário de São Paulo pediu a diretores de cinema, entre eles Kiko Goiffman, que criassem vídeos sobre a cidade em celulares. Haverá também reportagem sobre Osvaldo Pereira, o primeiro DJ do Brasil (e personagem da capa da Ilustrada de hoje), que, aos 73, relembra os bailes de samba-rock no bairro Campos Elíseos.’


 


Folha de S. Paulo


Noivas passam vergonha por vestido


‘Mais uma vez a nutricionista Gillian McKeith dá as caras na programação do GNT, agora para ajudar três noivas que estão acima do peso a emagrecer, para que caibam no vestido de noiva de seus sonhos, no reality show ‘Três Noivas Gordas, um Vestido Magro’.


Para convencer as gordinhas a mudarem os hábitos alimentares, McKeith usa os mesmos métodos que aplica em outros programas, como ‘Ano Novo Sem Toxinas’ e ‘Você É o que Você Come’ -ela pesa e mede as participantes, fala dos riscos da obesidade, dá dicas de alimentação saudável e até analisa as fezes de cada uma.


Cada edição do programa traz três noivas diferentes, que têm oito semanas para mudar de aparência. A que obtiver o melhor resultado leva para a casa o vestido que escolheu.


A atração começa com McKeith flagrando as participantes em momentos de gula, para, em seguida, propor a elas uma mudança radical.


Para realizar o sonho de se casar com o vestido perfeito, as noivas topam tudo, até aparecer de lingerie e segurar a própria barriga em frente às câmeras. Outras situações constrangedoras, como experimentar um vestido bem menor que o ideal, também são mostradas.


Por fim, a nutricionista analisa a quantidade de gordura, calorias e álcool consumidos nas festas de casamento.


TRÊS NOIVAS GORDAS, UM VESTIDO MAGRO


Quando: hoje, às 23h


Onde: GNT’


 


DECADÊNCIA
Carlos Heitor Cony


O triste fim de um repórter


‘PESQUISARA MUITA coisa, juntando recortes de jornais e revistas no armário de aço que Tânia me sugerira comprar. Já me separara de minha mulher e de minhas duas filhas, ou melhor, elas é que se afastaram de mim, a vida profissional começara a decair, passara dois anos sem nenhuma revisão salarial, apesar da inflação cada vez mais alta. E tinha dificuldade em emplacar colaborações -o que sempre me garantira renda extra.


Conhecera Tânia na festa de aniversário de um colega, eu já estava em processo de desintegração familiar, ela também, e dois náufragos, mesmo que se detestem, encontram um motivo comum para se agarrarem na mesma tábua.


Mais tarde, passaria a gostar dela. E acredito que ela, se não chegava a me amar, ao menos admirava minha obsessão em seguir uma idéia que não me dava retorno algum, pelo contrário, cada vez mais me afundava, mais me discriminava no mercado de trabalho.


Passei a morar sozinho, numa quitinete na Glória, espalhava o material que ia juntando pelo chão, ou em cima da pequena mesa onde, eventualmente, como a pizza que mando buscar. Mais tarde, em dois arquivos de aço, um que consegui comprar, outro que Tânia me presenteou.


Entrei em decadência -fui o primeiro a admitir isso. Com 40 anos, a idade em que os bons profissionais começam a se firmar, eu caíra na vala comum do noticiário miúdo, mudando de uma para outra editoria, pulando da economia para o esporte, do esporte para a cidade, da cidade para o comportamento.


Podia me dar bem em qualquer uma delas, mas não me levavam a sério, trazia na testa o estigma do especialista num assunto único, obcecado por matérias que não interessavam a ninguém. A seqüência das mortes de adversários do regime ditatorial era um assunto esotérico, como os discos voadores, os extraterrestres.


Havia um precedente que me foi lembrado por um redator dos ‘Diários Associados’, um colosso da comunicação em seu tempo. A revista ‘O Cruzeiro’, então a maior da América Latina, publicara polêmica matéria sobre um disco voador na Barra da Tijuca, disco que fora visto e fotografado por dois profissionais da revista, provocando impacto na imprensa internacional.


As fotos foram examinadas por especialistas de diversos países, houve controvérsias, alguns peritos afirmaram que eram verdadeiras, sem truque nem montagem, outros denunciaram a fraude. O fotógrafo foi elogiado pela competência técnica com que tirara as fotos que, verdadeiras ou falsas, deram um show de fotografia.


O mesmo não aconteceu com o autor do texto. Ele ficaria marcado para o resto de sua vida, esteve internado para curar sua depressão, e embora fosse um excelente repórter, dono de um texto correto e tecnicamente perfeito, nunca mais conseguiu se recuperar no mercado de trabalho.


Mesmo com esse antecedente, joguei todas as minhas fichas de uma só vez, fazendo um texto com os poucos elementos que possuía, falando dos fatos que sabia e que, na realidade, pareciam só preocupar a mim.


Defendi a matéria com veemência junto à direção do jornal e, para se verem livres de mim, prometeram publicar o meu texto -que seria o pretexto para minha demissão, dois meses depois, sob a alegação do ‘corte de custos’ e inchaço do grupo de repórteres que, como eu, dançavam de uma editoria para outra, sem pouso certo para me fixar num tipo de trabalho que me desse credibilidade maior e, suplementarmente, maior respeito profissional. Mais uma vez a matéria seria vetada.


Para falar a verdade, eu nem cheguei a sofrer. Começava a ficar descrente de tudo, daí para frente -prometi a mim mesmo- procuraria ser apenas um profissional. Entre vender sapatos e terrenos, ser bancário ou banqueiro, continuaria fazendo o que podia. E podia cada vez menos. Por maldade ou ironia do destino, pouco depois de minha demissão correu o boato de que eu havia morrido num acidente de carro, no Aterro do Flamengo, em frente ao Museu de Arte Moderna. Mereci uma nota modesta, de cinco linhas, na seção de vítimas do trânsito, no caderno da cidade. Não me dei ao trabalho de desmentir.’


 


MODA
Eva Joory


Westwood se vacina contra febre amarela


‘A estilista britânica Vivienne Westwood quer visitar o Pantanal e vai tomar vacina contra a febre amarela antes de partir. A vacina deve ser tomada com dez dias de antecedência. ‘Como detesto mosquitos, tenho pavor, sei que tenho que me precaver’, disse à Folha.


Westwood faz hoje na SPFW a leitura do manifesto ‘Resistência Ativa à Propaganda’. Na entrevista a seguir, ela afirma que faz da moda a sua voz contra as injustiças e a estupidez humana. ‘Eu fico entediada de falar somente sobre moda, apesar de adorar o que faço.’ Também diz que ‘acha


São Paulo uma cidade exótica’. Uma das maiores estilistas da história da moda, Westwood está no Brasil para lançar dois calçados que criou para a marca Melissa. Na Bienal, onde acontece a SPFW, está a exposição ‘Shoes 1973 – 2006’, com calçados criados por ela.


FOLHA – A sra. disse que a moda lhe permitiu falar sobre outros assuntos. O racismo na moda é um deles?


Vivienne Westwood – Não acredito que seja racismo, é mais complicado do que isso. Eu realmente acho uma pena que não haja mais negros na moda, mas às vezes o biotipo não combina com a idéia que queremos passar na coleção. Eu uso muitas modelos negras nos desfiles, mas nas campanhas é mais difícil. Tem a ver com as vendas, não sei. Mas veja no Japão. Até lá eles preferem as ocidentais para suas capas de revistas.


FOLHA – O que a sra. pretende com o seu manifesto?


WESTWOOD – Quero falar sobre as injustiças, sobre a estupidez humana. Sobre por que estamos paralisados e o que nos impede de tomar atitudes contra o que é errado. É errado acreditar nos governos. Temos que brigar por um mundo melhor. Estamos adormecidos, nos falta ética.


FOLHA – Para a sua visita ao Pantanal, a sra. vai se vacinar contra a febre amarela?


WESTWOOD – Fiquei sabendo da doença e sei que preciso tomar a vacina. Mesmo assim quero muito ir. Vou passar quatro dias no Pantanal, mas como detesto mosquitos, tenho pavor, sei que tenho que me precaver.


FOLHA – Por que a sra. não gostou do hotel Unique?


WESTWOOD – Não foi muito gentil da nossa parte falar isso. Na verdade, foi meu marido que fez essa observação, sem maiores intenções [que a arquitetura do hotel era feia].


FOLHA – Pretende mostrar sua linha Anglomania em SP?


WESTWOOD – Não, de forma alguma. Apesar de achar São Paulo uma cidade exótica, ela não está nos meus planos para futuros desfiles.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 18 de janeiro de 2008


GOVERNO
Cida Fontes e Rosa Costa


Antes da posse, Lobão anuncia licença do filho


‘Numa operação de blindagem do novo ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), o comando do PMDB no Senado decidiu ‘abortar’ o mandato de seu filho e suplente, Edison Lobão Filho (DEM-MA), o Edinho. Com a posse do pai na segunda-feira, Edinho, como é conhecido, assumiria sua vaga no Senado. No entanto, o ministro já avisou que o filho se licenciará ‘para se defender’. De qualquer forma, para que a licença se concretize, Edinho terá primeiro de tomar posse no cargo.


O filho de Lobão vem sendo acusado de ter usado uma empregada doméstica como laranja na gestão de uma empresa no Maranhão. ‘Ele pretende se licenciar para responder lá fora às alegações que são feitas contra ele do ponto de vista empresarial. Não é nada político nem há dinheiro público. Além disso, é tudo injusto e falso’, afirmou Lobão. O senador acrescentou que espera que as denúncias contra o filho não atrapalhem sua atuação no ministério. ‘Isso consome bastante energia’, ironizou.


Responsável pela indicação de Lobão para Minas e Energia, o senador José Sarney (PMDB-AP) chamou ontem para uma reunião em sua casa os principais líderes de seu partido. Ele fechou ali um acordo com dois objetivos: assegurar suporte político ao novo ministro e, em troca, garantir que a vaga de Lobão seja ocupada por um peemedebista. O acerto implicou o pedido de licença do primeiro suplente, o filho de Lobão, e a posse do ex-deputado Remi Ribeiro, segundo suplente e filiado ao PMDB.


De quebra, a bancada se livra da tarefa de conciliar a esperada reação contra a posse de um suplente de senador que está sendo investigado pelo Ministério Público. Edinho é acusado de ser sócio oculto da distribuidora de bebidas Itumar, que tem uma dívida de R$ 42 milhões com o Fisco estadual no Maranhão. Sem ter de arcar com esse ‘peso’, a bancada do PMDB fica liberada para atender Sarney e apoiar Lobão. Sobretudo contra a possível pressão de petistas, capitaneados pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo um participante do encontro, Lobão precisa desse suporte para se firmar no cargo.


Pesam sobre Edinho outras três suspeitas de irregularidades envolvendo seus negócios. Uma trata da Itumar – da qual ele seria sócio oculto. A empresa foi investigada como principal beneficiária em uma fraude na Companhia de Processamento de Dados do Maranhão (Prodamar) entre 1993 e 1994. Mais de 3 mil notas fiscais de 205 empresas foram apagadas do sistema na fraude.


Ele ainda deve explicar como conseguiu recursos para comprar, na década de 90, o Sistema Difusora de Rádio e TV (segundo maior do Estado), se foi legal o arrendamento de uma das emissoras do grupo para uma ONG e seu envolvimento em uma emissora de TV clandestina no município de São Mateus, em 1999.


ENCONTRO


No encontro com os peemedebistas, Sarney negou que esteja trabalhando pela nomeação de Astrogildo Quental para o lugar de Valter Cardeal, aliado da ministra Dilma, na presidência da Eletrobrás. Segundo um de seus interlocutores, Sarney afirmou que Astrogildo poderia ser transferido da diretoria financeira da Eletronorte para o correspondente ao mesmo cargo na Eletrobrás. Foi o único ‘afilhado’ ao qual se referiu na conversa, embora tenha dito ter em mãos reivindicações de peemedebistas como o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (AL) e o deputado Jader Barbalho (PA) para cargos influentes do setor.


O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), um dos presentes à reunião, acredita que as nomeações do partido não entrarão em choque com os interesses de Dilma. ‘Se o PMDB ocupar 50% dos cargos, já será uma grande conquista’, argumentou. Além de Raupp, estavam presentes o presidente do Senado, Garibaldi Alves (RN), e o líder do governo na Casa, Romero Jucá (RR).


Homem forte do governo, Sarney deu duas demonstrações da sua influência. Não apenas ao ‘emplacar’ um nome de sua inteira confiança, contestado inclusive por empresários do setor, mas também ao convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rever em poucos minutos a intenção de adiar por mais alguns dias a formalização do convite a Lobão.’


 


O Estado de S. Paulo


Para ‘The Economist’, Brasil está mais preparado para turbulências


‘A economia brasileira está mais preparada do que nunca para enfrentar sem grandes sobressaltos as turbulências que afligem o mercado americano, sustenta a revista The Economist, em reportagem publicada na edição desta semana. ‘A rajada de vento que aflige os Estados Unidos e ameaça a Europa parece como uma leve brisa se comparada aos freqüentes e violentos golpes que sujaram a história econômica do Brasil.’


Citando os últimos eventos que inibiram o crescimento do País – crise asiática em 1998, moratória argentina em 2001 e alta inflacionária em 2005 -, a revista observa que, apesar de esses fatos aconselharem cautela, ‘há razões para acreditar que a economia agora deve lidar melhor com qualquer coisa que o mundo atire nela’.


A revista argumenta que a economia está mais robusta por três razões: em primeiro lugar, um crescimento impulsionado por uma demanda interna vigorosa; em segundo, a integração do País aos mercados mundiais – ‘Não é superdependente dos EUA, destino de um quinto das exportações’; em terceiro, uma menor vulnerabilidade a crises financeiras, em grande parte graças a uma combinação de Banco Central independente e transparente e câmbio flutuante.


Apesar do otimismo, a The Economist observa que o Brasil está ‘longe de estar imune aos acontecimentos no resto do mundo’. ‘Depois de anos de grandes saldos, a conta corrente caminha para um pequeno déficit este ano’, diz a revista. ‘A inflação, apesar de estar dentro da meta, acelerou no fim do ano passado.’ Além disso, para a The Economist, o País ainda sofre de problemas estruturais que limitam um crescimento acima de 5%: dívida pública muito alta, baixa taxa de investimento, nível elevado de impostos e gastos governamentais substantivos em áreas com pouca condição de elevar o potencial de crescimento econômico. ‘Se o Brasil for capaz de sustentar um crescimento constante sem sofrer um golpe que o desvie desse caminho, em dez anos será bem diferente.’’


 


EUA
O Estado de S. Paulo


Monica Lewinsky tenta viver no anonimato, 10 anos depois


‘No dia 17 de janeiro de 1998, o site americano Drudge Report colocou no ar um dos mais fantásticos episódios da história da presidência americana: os editores da revista Newsweek haviam engavetado uma matéria do repórter Mike Isikoff sobre um tórrido affair entre o então presidente Bill Clinton e uma estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky. O que parecia ser apenas fofoca ganhou ar mais sério na semana seguinte, quando o caso tomou conta da grande imprensa americana.


Dez anos depois, Bill continua casado, lutando pela candidatura de sua mulher, Hillary, à presidência do país. E os outros? Onde estão os personagens do episódio que quase derrubou um presidente dos EUA?


Isikoff, o jornalista que perdeu a chance de dar o furo de reportagem de sua vida, ainda trabalha na mesma revista e contou sua história no livro Uncovering Clinton. Matt Drudge, dono do site que detonou o escândalo, virou celebridade e sua página na internet tem hoje mais de 3 milhões de acessos mensais.


Já Monica Lewinsky, a garota que começou levando pizza para o presidente no Salão Oval e acabou tendo um caso amoroso, aos 24 anos, com o homem mais poderoso do planeta, tenta até hoje pôr sua vida nos trilhos. Em 2003, ensaiou uma desastrada carreira como apresentadora de TV. Depois, desenhou bolsas para vender pela internet, mas acabou se mudando para Londres, onde concluiu, em 2006, um mestrado em psicologia social. Sua melhor amiga, Barbara Hutson, diz que ela tenta ao máximo viver no anonimato e está torcendo contra a candidatura de Hillary para que o caso não volte a ser manchete de jornal. ‘As pessoas que não sabiam quem era ela agora já sabem, pois seu nome sempre aparece quando falam de Hillary’, disse Barbara.


Na época, o escândalo só veio à tona por causa da relação de Monica com Linda Tripp, uma amiga e conselheira que tinha o hábito de gravar as conversas com a estagiária. Quando todos ainda negavam o caso – até mesmo Monica-, Linda entregou as fitas para a promotoria e saiu como a grande vilã da história. Desde então, fez de tudo para sumir do mapa. Trocou de nome – hoje ela se chama Karen -, passou por cirurgias plásticas e tem uma lojinha de artigos natalinos perto de Washington.


Por maior que seja o esforço em contrário de seus protagonistas, o caso sempre volta à tona. Há dois meses, Kathleen Willey, viúva que jurou ter sido assediada por Clinton em 1993, lançou um livro, Target: Caught in the Crosshairs of Bill and Hillary Clinton, no qual se diz arrependida de tudo. Paula Jones, que também levou cantadas do ex-presidente, ganhou dele uma indenização de US$ 850 mil. Parte do dinheiro pagou uma plástica no nariz. O resto foi torrado com advogados. Hoje ela é corretora em Arkansas e também quer lançar um livro sobre seu caso.


EFE E NYT


TODAS AS MULHERES DO PRESIDENTE


Monica Lewinsky – Foi apresentadora de TV, vendeu bolsas pela internet e mudou-se para Londres, onde concluiu mestrado em psicologia social em 2006. Diz que torce contra a candidatura de Hillary para não virar notícia de novo


Linda Tripp (amiga que divulgou as fitas com as confissões de Monica) – Tornou-se a grande vilã da história, fez plástica, mudou de nome e tem uma lojinha de artigos natalinos perto de Washington


Paula Jones (que diz ter sido assediada por Clinton) – Ganhou do ex-presidente US$ 850 mil em indenização e fez plástica no nariz. O restante do dinheiro usou para pagar advogados. Planeja lançar um livro sobre o caso


Kathleen Willey (viúva que afirma ter sido assediada por Clinton em 1993) – Aos 61 anos, acaba de escrever um livro sobre o assunto e se diz arrependida de ter se envolvido com Clinton’


 


TELECOMUNICAÇÕES
Isabel Sobral


Telecom Italia exige regras iguais para operadoras


‘Os principais dirigentes da Telecom Italia (TI), controladora no Brasil da operadora celular TIM, advertiram ontem que, se forem feitas mudanças regulatórias no setor de telecomunicações do País – para permitir uma fusão da Oi (antiga Telemar) com a Brasil Telecom -, elas devem garantir isonomia de regras para todas as operadoras, independentemente da origem do capital.


‘A estabilidade e a manutenção do equilíbrio competitivo no setor são condições básicas para que possa haver investimentos’, afirmou o presidente da TIM Brasil, Mario César Pereira de Araújo, ao lado do novo presidente executivo da TI, Franco Bernabè, e do novo presidente do Conselho Consultivo do grupo italiano, Gabriele Galateri di Genola.


Os italianos têm planos de explorar os serviços de telefonia fixa, a partir da comunicação móvel e da entrada na terceira geração (3G) da telefonia celular. Desde outubro passado, por exemplo, a TIM oferece um serviço convergente, pelo qual os clientes podem ter um número fixo e outro celular em um mesmo aparelho.


Os executivos da TI, que visitaram ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiram que a empresa não teme a eventual fusão da Oi e da Brasil Telecom, mas anteciparam que, nesse caso, a companhia está pronta para mudar sua estratégia de competição para não perder mercado. Uma fusão dos serviços da Vivo e da TIM como saída para enfrentar as mudanças foi descartada. A TI teve uma parte de seu capital comprada, no ano passado,por um consórcio formado por bancos italianos e pela espanhola Telefónica.


No Brasil, o reflexo dessa operação se deu na telefonia móvel, já que a Telefónica é sócia da Vivo e a TI é dona da TIM. ‘Não existe a possibilidade de fusão entre TIM e Vivo, elas vão continuar trabalhando totalmente separadas’, afirmou Araújo.


Essa garantia, disseram eles, foi dada também ao presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ronaldo Sardemberg, e à presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Elizabeth Farina.


A Anatel deu anuência prévia ao negócio, mas exigiu a manutenção das estruturas de gestão das celulares separadas. O Cade, encarregado da defesa da concorrência, ainda não julgou a operação, mas tende a carimbar a determinação da Anatel para garantir a competição.


INVESTIMENTOS


Sem fazer previsões detalhadas, Franco Bernabè anunciou que o grupo poderá ampliar seus investimentos no País, atualmente previstos em R$ 5,7 bilhões para 2007 a 2009. A cifra já deverá ser superada com a operação da telefonia celular de terceira geração (3G), programada para começar no primeiro trimestre, e com a compra das licenças 3G em dezembro. A TI pagou por essas licenças mais que o planejado.


A TIM Brasil afirmou ter crescido 23% em 2007, enquanto a média do mercado cresceu 21%. A ordem, disse ele, é crescer em rentabilidade e não apenas em número de clientes. Até setembro de 2007, a base de clientes da TIM era de 29 milhões de usuários. Nem mesmo uma eventual recessão da economia americana desanima os dirigentes da TI.


Para Franco Bernabè, os efeitos de uma recessão nos Estados Unidos em países como o Brasil tendem hoje a ser menores do que há 20 anos. ‘Não se pode descartar a importância do mercado asiático hoje (para os emergentes)’, justificou.


FRASES


Mario César Pereira de Araújo


Presidente da TIM Brasil


‘A estabilidade e a manutenção do equilíbrio competitivo no setor são condições básicas para que possa haver investimentos’


‘Não existe a possibilidade de fusão entre TIM e Vivo’’


 


ARTE
Antonio Gonçalves Filho


Tarsila total


‘A peregrinação da pintora modernista Tarsila do Amaral (1886-1973) pelo mundo, especialmente pelo continente europeu, fez crescer seu apetite antropofágico, como mostra a curiosa junção – feita ao acaso, nesta página – de duas de suas pinturas mais conhecidas, a mítica Abaporu (1928) e Antropofagia (1929). Juntando os dois canibais das telas chega-se a uma transposição para o sertão brasileiro da mais famosa pintura do francês Manet, a igualmente ‘escandalosa’ Déjeuner Sur l’Herbe (1862-1863). A diferença é que Tarsila não precisou de dois homens vestidos e uma mulher nua sentados na grama para provocar esse escândalo. Bastou o abaporu (do tupi-guarani aba, homem, e poru, que come carne humana) para provocar os conservadores e indicar seu desejo antropofágico de deglutir a tradição pictórica européia, afirmando a identidade nacional na pintura. Antes, ela teve de viajar muito para aportar no Brasil, como prova a exposição Tarsila Viajante, que a Pinacoteca do Estado abre amanhã, com patrocínio do Credit Suisse, Confab Tenaris e BrasilPrev e apoio da Orbital.


A mostra comemora os 80 anos do Manifesto Antropófago (também conhecido como Antropofágico) de Oswald de Andrade, anunciando a publicação do catálogo raisonée de Tarsila, que será lançado em CD (em março) e livro (no segundo semestre) após extenso levantamento da Base 7 Projetos Culturais, responsável pela iniciativa da exposição. No manifesto, o escritor usou principalmente idéias de Freud para decretar uma revolução cultural caraíba, sugerindo que se devorasse o pai da tribo (ou o estrangeiro) para absorver suas qualidades. Sintonizada com as idéias do marido Oswald, um dos animadores da Semana de Arte Moderna de 1922, Tarsila criou, em 1928, ano do manifesto, sua tela mais conhecida, Abaporu, comprada em 1995 (por US$ 1,3 milhão) pelo colecionador argentino Eduardo Costantini e hoje pertencente ao acervo do Malba (Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires), próxima parada da exposição.


O Abaporu volta mudado ao Brasil. É nítido que passou por um processo de restauro na Argentina: o pé do canibal está ligeiramente diferente. Mesmo assim, é preciso comemorar a volta temporária desse ícone que o Brasil perdeu. Protegido por vidro, ele fica ao lado da Negra (1923) e da citada tela Antropofagia na sala principal da exposição, dividida em seis núcleos pela curadora Regina Teixeira de Barros. No primeiro, ela mostra como a milionária Tarsila, filha de um fazendeiro de café, vivia e pintava em Paris quando ainda era aluna da Académie Julien e de Emile Renard. No segundo, a curadora reuniu seus primeiros ensaios modernistas, quando Tarsila se integrou ao grupo dos articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922. O terceiro núcleo cobre a produção de 1924, ano do Manifesto Pau-Brasil e da viagem que empreendeu junto ao grupo que acompanhou o poeta francês Blaise Cendrars pelo País. É nesse momento que Tarsila redescobre as raízes coloniais e a paisagem do interior do Brasil, filtrada pelo olhar estrangeiro de Cendrars.


O quarto núcleo é o momento da volta de Tarsila a Paris, em 1925, e de sua viagem pelo Oriente Médio (1926). Com um caderninho de esboços nas mãos, ela registrou sua passagem pelo Egito, Grécia e Israel, chegando ao Líbano, Chipre e Turquia. A exposição apresenta 20 desenhos inéditos desse conjunto. No quinto núcleo, a busca da identidade brasileira iniciada em 1924 vira uma viagem onírica pelo imaginário infantil de Tarsila, resultando numa surrealista justaposição de lendas folclóricas. É o ano do Manifesto Antropófago, que vê nascer o Abaporu e outras criaturas fantásticas. No último núcleo, o sonho acaba com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, e o rombo da bolsa familiar que garantia à pintora suas luxuosas viagens.


Tarsila finalmente descobre os operários e os cidadãos de segunda classe de um Brasil a caminho da industrialização. Vendendo obras de sua coleção particular (Léger, Brancusi e outros mestres) para pagar sua viagem à União Soviética, em 1931, ela descobre um outro mundo ao lado do novo marido, o psiquiatra Osório César. É de 1933 o ano da tela Operários, que representa o ponto final da exposição. O engajamento político de Tarsila nessa época é legítimo. Ela chegou a ser presa por conta da defesa de esfomeados como os retratados na linha férrea de Segunda Classe, tela integrante da mostra e pintada no mesmo ano de Operários.


A curadora da exposição não seguiu adiante pela razão que todos sabem: o projeto estético de Tarsila posterior à ‘fase social’ não teve a mesma força inspiradora do período Pau-Brasil, que muitos críticos consideram o ingresso da arte brasileira na forma moderna, antecipando a revolução formal da antropofagia. Mesmo assim, ela participou das primeiras bienais e ganhou uma retrospectiva no MAM/SP em 1960, com curadoria da crítica Aracy Amaral, consultora da atual exposição e responsável pelo início da catalogação da obra de Tarsila, que tem mais de 2 mil obras entre desenhos, pinturas e esculturas.


Três Tempos


Fase Social


Tem início após a viagem de Tarsila à União Soviética, em 1931. Revela uma artista engajada e preocupada com o abismo entre classes sociais, ela que era filha da aristocracia rural, teve professores particulares e estudou na Europa. A busca de uma linguagem formal mais simples que o cubismo reinventado da fase Pau-Brasil leva Tarsila a uma regressão estilística que resulta no realismo dos rostos dos deserdados de Segunda Classe (1933) e Operários (ao lado). A pintora abdica da ousadia antropofágica em nome de uma pintura mais direta.


Fase Antropofágica


Desta vez inspirado por aquela que seria a pintura mais famosa de sua mulher, Abaporu (1928), que ganhou de presente no dia de seu aniversário, Oswald de Andrade redige o Manifesto Antropófago, em que propõe a canibalização da cultura estrangeira, subvertendo o mito do bom selvagem. O Abaporu é a ilustração perfeita de um procedimento antropofágico que transfere as qualidades do ‘estrangeiro’ para o canibal, um herói sem nenhum caráter retratado com pés gigantescos e um apetite voraz, compatível com sua fome ancestral. A curadora da mostra incluiu no segmento telas anteriores à da fase antropofágica, como A Negra, de 1923, que, de alguma forma, simboliza uma apropriação ‘bárbara’ da tradição retratista européia, tendo uma descendente de escravos fotografada e depois pintada por Tarsila do Amaral um ano após a Semana de Arte Moderna de 1922.


Fase Pau-Brasil


Em 1924, Oswald de Andrade publica seu Manifesto Pau-Brasil citando Blaise Cendrars, que tratou o Brasil como uma locomotiva prestes a mudar de linha graças a um negro girando a manivela do desvio rotativo. Era preciso redescobrir o Brasil, perder o complexo de inferioridade com relação ao europeu. Tarsila, aluna de Léger, incorpora suas lições cubistas não para fazer uma elegia da sociedade industrial, mas para recuperar suas raízes. A mostra tem quatro exemplos dessa fase, as telas Mamoeiro, EFCB (foto ao lado), Carnaval em Madureira e Morro da Favela.


Serviço


Tarsila Viajante. Pinacoteca. Pça. da Luz, 2, 3324-1000. 3.ª a dom., 10 h às 18 h. R$ 4 (sáb. grátis). Até 16/3. Abre amanhã, 11 h’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Nova grade da Band


‘A Band tem três grandes apostas em sua nova programação: Daniella Cicarelli, ex-VJ da MTV contratada pela casa, Patrícia Maldonado, que ganhará um novo programa e a novela que substituirá Dance, Dance, Dance.


Cicarelli, que acerta os últimos detalhes de seu contrato com a Band esta semana, saiu da MTV para comandar um programa jovem, aos domingos, no novo canal.


Já Patrícia Maldonado deixará o comando do Atualíssima para apresentar um reality show de relacionamentos, que estréia em março.


Márcia Goldschmidt permanece na grade de 2008 da Band, assim como Datena e Gilberto Barros. O Leão, por sinal, segue no comando de A Grande Chance, e deve voltar a apresentar o Sabadaço. O Terra Nativa também tem espaço garantido no canal.


Já a novelinha Dance, Dance, Dance, que termina no final de abril, será substituída por uma trama de Marcos Lazarini.


Outra novidade, ainda não confirmada pela emissora, pode ser a estréia de Cazé Peçanha por lá. O ex-VJ da MTV estaria negociando um programa de humor com o canal.’


 


CINEMA
Luiz Zanin Oricchio


Uma aventura humana e proibida


‘Agora que O Caçador de Pipas foi proibido no Afeganistão, completou-se o rol de qualidades necessárias para que seja um sucesso. O resto ele já tinha. História de crianças vivendo numa região conturbada do globo, e baseada em best seller de alguém de lá saído e devidamente abrigado nos Estados Unidos. Uma história de amor, guerra, intolerância – com a devida redenção em seu final. Faltava essa pitada de escândalo. Agora não falta nada.


Como as autoridades de Cabul não foram lá muito explícitas, cabe a cada espectador adivinhar os motivos da proibição no país em que o enredo se ambienta. Será a cena de estupro de uma criança por um bando de garotos? A adúltera apedrejada por ordem do Taleban? Ou a denúncia de preconceitos contra os hazara, uma etnia discriminada no Afeganistão? Provavelmente tudo isso deve ter contado na hora da proibição.


E, de fato, O Caçador de Pipas, pelo menos em seu enredo, fala de coisas bem pesadas. A história é contada em flash-back, por um dos seus personagens, já adulto, vivendo nos Estados Unidos. Como o livro, não se trata de uma autobiografia factual, mas de memórias mescladas a muita ficção, obra do escritor afegão Khaled Hosseini que vendeu mais de 8 milhões de exemplares em todo o mundo, 1 milhão somente no Brasil.


Essas histórias falam de dois garotinhos que brincam juntos na Cabul dos anos 70 – Amir (Zekiria Ebhahimi) e Hassan (Ahmad Khan Mahmoodzada). Hassan é filho de um empregado do pai de Amir, um liberal que será obrigado a fugir do país quando os soviéticos o invadirem, em 1979. Mas, antes disso, o filme, dirigido por Marc Forster (de Mais Estranho Que a Ficção e Em Busca da Terra do Nunca), irá se concentrar nessa amizade um tanto assimétrica. Um é filho da burguesia local; o outro, de um empregado da família. Um carece de iniciativa; o outro, tem essa qualidade até em excesso; um não parece muito fiel aos seus afetos; o outro parece disposto a tudo para honrar uma amizade. Estão aí armadas essas oposições para que, mais tarde, um deles, o que conseguiu escapar, se sinta obrigado a resgatar seu passado e pagar dívidas pendentes.


O Caçador de Pipas é aquele tipo de filme que tenta se equilibrar sobre dois pés. Num deles, os dramas pessoais, no caso, o das duas crianças com destinos diferentes, que foram unidas, um dia, por laços de amizade. O outro, o da História de um país dos mais conturbados, que sofre a invasão dos soviéticos e, em seguida, é submetido ao regime fundamentalista do Taleban. O olhar é duplo. Num primeiro momento, o da infância. No segundo, o do homem adulto, que vê em retrospecto tudo aquilo que aconteceu. E reflete, inclusive, sobre o que não experimentou, ao deixar seu país de nascença.


Marc Forster, bom diretor a julgar por seus trabalhos anteriores, poderia ter optado por soluções de maior sutileza. Mas, sabe-se lá por que (talvez por pressão dos produtores) resolveu injetar uma dose considerável de obviedades, que enfraquecem a obra. Não vamos nem falar nos russos ou nos talebans retratados como demônios porque, afinal, todos sabemos como são de fato a guerra e o fanatismo. Mas, mesmo nessas situações extremas, existe espaço para a complexidade. Basta pensar, por exemplo, nos filmes de Clint Eastwood sobre Iwo Jima para se convencer disso. Quer dizer, é possível (e desejável) um olhar adulto sobre uma situação complexa, exatamente para que ela possa fazer sentido na tela e para os espectadores.


Como O Caçador de Pipas trabalha também com uma estrutura folhetinesca, para entrar na história o espectador tem de aceitar a regra das coincidências, das ações inverossímeis e das determinações muito evidentes. A vida real é mais irregular, caótica, cheia de surpresas e arestas. Às vezes deixa a ficção no chinelo. Quase sempre.


Serviço


O Caçador de Pipas (The Kite Runner, EUA/2007, 122 min.) – Drama. Dir. Marc Forster. 14 anos. Cotação: Bom’


 


Flávia Guerra


A greve está próxima do fim, diz o roteirista Akiva Goldsman


‘‘Eu juro que não sei muito mais do que você sobre o desenrolar desta greve, mas fontes me garantiram que dentro de cerca de dez dias haverá um acordo entre os produtores e os roteiristas’, afirmou o roteirista Akiva Goldsman em entrevista ao Estado esta semana, quando passou pelo Rio para o lançamento no Brasil de Eu Sou a Lenda, o novo blockbuster de Will Smith que estréia hoje no Brasil.


Enquanto Goldsman dizia isso ao Estado, na segunda, os grandes estúdios de Hollywood anunciavam o cancelamento de dezenas de séries de TV por falta de novas histórias escritas. Além de espectadores descontentes, isso significa demissões e milhares de dólares perdidos. O cerco sobre os grevistas só tem, portanto, aumentado. Segundo a Variety, os produtores estão antecipando nesta semana um acordo (nada foi aberto à imprensa) com o DGA (o sindicato dos diretores da América), o que aumenta a pressão sobre os roteiristas para também fazer um acordo com os estúdios.


Para se ter uma idéia da pressão e do desgaste que já se abate sobre Hollywood, a própria Warner, produtora de Eu Sou a Lenda, anunciou na semana passada que demitiria centenas de funcionários, caso a produção não voltasse ao ritmo normal. Neste cenário, Goldsman, que adaptou O Código Da Vinci para o cinema e levou o Oscar de melhor roteiro por Uma Mente Brilhante em 2001, pode não ter muita informação, mas já enfrentou muito trabalho com a greve que começou em novembro e até hoje não tem data para acabar. ‘Antes de iniciar a turnê de lançamento de Eu Sou a Lenda, eu estava escrevendo o roteiro de Anjos e Demônios e tive de parar tudo. É claro que vai atrasar o cronograma.’ Anjos e Demônios é nada menos que uma das mais aguardadas produções e seqüências do cinema, a de O Código Da Vinci.


‘Quando um evento como o Globo de Ouro (cuja cerimônia de entrega no último domingo foi cancelada por conta da greve e da pressão dos roteiristas) se torna apenas um anúncio de vencedores, não só os atores e diretores deixam de aparecer. Existe toda uma cadeia prejudicada. Quantos profissionais, de carpinteiros a diretores de arte e cozinheiros, deixaram de ganhar para sustentar suas famílias. Entendo e apóio a greve, mas acho que é preciso que esta greve seja encerrada em breve, a tempo do Oscar, por exemplo’, comentou Will Smith sobre o assunto, em conversa com a imprensa ao lado do diretor de Eu Sou a Lenda, Francis Lawrence, e de Goldsman.


Se depender do roteirista e dos outros 11 mil profissionais que estão em greve, as negociações prosseguem, mas não sem que suas exigências, como a de ganhar porcentagem sobre os downloads dos filmes e séries para TV, que já são feitos em escala considerável na internet, forem atendidas. ‘Esta greve é legítima. Estou em greve pelo futuro. Agora, tudo parece estar normal. Mas a plataforma do entretenimento está mudando, o futuro do entretenimento está mudando e nós precisamos discutir isso desde já. Hoje, pode não parecer nada, mas serão milhões em alguns anos. Milhões que os roteiristas, as pessoas que escrevem de fato tudo o que é filmado, vão deixar de ganhar’, declarou Goldsman, em alusão ao acordo pedido. Procede. Quando a era do homevideo começava, há algumas décadas, o acordo previa que os roteiristas levariam cerca de 0,03% sobre a venda ou aluguel de VHS. ‘Na época, os estúdios nos disseram que não havia como medir o que era ganho e que seria revisto. E não foi. E quando o DVD surgiu, simplesmente usaram o modelo que já existia. Nada foi mudado. Hoje o mercado é imenso. E veja o que perdemos. A internet será o futuro. Isso tudo tem de ser pensado desde já’, defende Goldsman. ‘Sem contar que isso serve de modelo para o mundo todo. Sei que o mercado de roteiro no Brasil é pequeno ainda, mas há quem está trabalhando para que isso se firme. E é o exemplo dado por Hollywood que costuma ser seguido. Temos o papel de defender nossos direitos’, completa Goldsman, que não acredita que a cerimônia do Oscar, no dia 24 de fevereiro, seja prejudicada. ‘Até lá, este acordo vai sair. A Academia já garantiu que vai haver a festa.’ Assim também esperam os bilhões de espectadores do Oscar.


Serviço


Eu Sou a Lenda (I Am Legend, EUA/2007, 101 min.) – Ficção científica. Dir. Francis Lawrence. 14 anos. Cotação: Bom’


 


Patrícia Villalba


Jovem pensante dá as cartas em Tiradentes


‘Falsa Loura, Meu Mundo em Perigo, 5 Frações de Uma Quase História, Nome Próprio, Deserto Feliz. O que o cinema contemporâneo brasileiro tem a nos dizer? No recorte da 11ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a mensagem é a de que os filmes de hoje se debruçam cada vez mais e mais intensamente sobre o universo jovem. Daí, o tema central do evento, Juventude em Trânsito, que começa hoje na cidade histórica mineira e vai até o dia 26.


Com 126 filmes, sendo 27 longas-metragens, 35 curtas e 64 vídeos, divididos em 48 sessões gratuitas, a mostra inaugura sua nova década procurando espelhar o que será o ano de 2008 nas telas do País. E qual é a conclusão? Será um ano com uma presença muito forte da juventude, nas telas e por trás das câmeras também. ‘Tiradentes quer sugar do momento o que o cinema tem a nos dizer’, explica Raquel Hallak, idealizadora e coordenadora-geral do evento. ‘E percebemos que o jovem aparece como protagonista na maioria destes filmes, em todas as áreas do cinema. Nestes dez anos em que fazemos a mostra, surgiu uma nova geração de realizadores, ainda mais com o impulso tecnológico, que os possibilita filmar sem patrocínio e ajuda de políticas públicas.’


Neste espírito, o evento apresenta como novidade a Mostra Aurora, com sete filmes independentes, de baixo orçamento e de diretor estreante. Estão ali Ainda Orangotangos (Gustavo Spolidoro), Sábado à Noite (Ivo Lopes Araújo), Crítico (Kleber Mendonça Filho), O Grão (Petrus Cariry), Corpo (Rosanna Foglia e Rubens Rewald), Amigos de Risco (Daniel Bandeira) e Meu Nome É Dindi, de Bruno Safadi. ‘Eles concorrem ao Prêmio Aurora e a um prêmio especial do júri jovem, formado por seis universitários entre 18 e 25 anos, que passaram por uma oficina que realizamos em Belo Horizonte. O objetivo foi criar um senso crítico, formar uma nova geração com olhar crítico sobre o cinema.’


E por causa da opção de destacar a juventude no cinema, a mostra homenageia dois atores jovens, Rosanne Mulholland e João Miguel. Cada um terá três filmes exibidos. Dela, atriz brasiliense que tem marcado presença em diversas produções, passa Falsa Loura, de Carlos Reichenbach, que, aliás, abre a mostra hoje. E também Meu Mundo em Perigo (de José Eduardo Belmonte) e Nome Próprio (Murilo Salles). Do ator baiano, que virou mania do cinema nacional depois de brilhar em Cinema, Aspirinas e Urubus (de Marcelo Gomes), a programação tem Deserto Feliz (de Paulo Caldas), Mutum (de Sandra Kogut), e Estômago (de Marcos Jorge), que encerra o evento.


Raquel, que em 1998 saía catando os raros filmes prontos do cinema nacional para exibir em Tiradentes, recebe hoje mais de mil inscrições por ano. Dez anos depois, o cinema brasileiro mudou e Tiradentes também. ‘Quando começamos, eu ficava de olho nos filmes que haviam sido contemplados pelos primeiros editais da Retomada’, lembra a organizadora. ‘Havia 700 leitos na cidade, hoje há mais de 5 mil, e pousadas de alto nível foram inauguradas. Janeiro era um mês de baixa temporada, hoje é de alta temporada. Durante a mostra, a população da cidade é aumentada em cinco vezes, chega a 35 mil pessoas.’


A mostra tornou famosas suas oficinas, por onde já passaram mais de 3,8 mil jovens. Nesta 11ª edição, são oferecidas 370 vagas, em 13 oficinas que abordam diversas funções da atividade cinematográfica – direção, roteiro, interpretação, produção, fotografia e figurino. Numa delas, os jovens executam todo o processo de realização de um filme, que é exibido no encerramento do evento.’


 


 


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