Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tribune Publishing se concentrará em mídia impressa e digital

Depois de passar anos sob a sombra de procedimentos de concordata, caos gerencial e perdendo espaço e prestígio para o setor de TV, a divisão editorial da Tribune Company, inclusive seus conhecidos jornais “The Los Angeles Times” e “ The Chicago Tribune”, está brilhando por conta própria. Os ativos da divisão de mídia impressa darão forma a uma nova companhia mediante um processo de cisão: a Tribune Publishing, que começará a ser negociada na Bolsa de Valores de Nova York nesta terça-feira. A Tribune Co., por sua vez, continuará essencialmente como um negócio de TV, com 42 estações.

A Tribune Publishing vai nascer num ambiente de mídia impressa, mas começará com um endividamento de US$ 350 milhões, dos quais US$ 275 milhões se referem ao pagamento em parcela única e em dinheiro aos acionistas da Tribune. Esse valor é bem menor do que o colchão de US$ 2 bilhões que a News Corporation de Rupert Murdoch deu à sua divisão de mídia impressa no ano passado, porém é bem melhor do que o endividamento de US$ 1,3 bilhão do nascimento da Time após a cisão em junho.

Analistas afirmam que o peso do envidamento é razoável. Segundo dados da Bloomberg, no início das negociações em Bolsa, o preço antes da cisão foi de US$ 22 por ação, o equivalente a uma capitalização de US$ 528 milhões. Jack Griffin, o diretor executivo da nova companhia, afirmou, olhando para o futuro, que pretende ir além do potencial de mídia impressa da empresa.

– Seremos uma companhia que possui uma maior porcentagem de seu lucro oriunda de fontes digitais – disse ele em uma entrevista na semana passada.

Modelo popular

A cisão de divisões de impressos em dificuldades se tornou um modelo popular para as grandes companhias de mídia no ano passado.

A News Corp. cindiu seus jornais após anos de ceticismo em Wall Street com respeito ao valor da divisão de impressos comparada a outros ativos, como o segmento de televisão. A Time, após problemas de gestão e redução de lucro, se divorciou de sua matriz, a Time Warner. Na semana passada, a E.W. Scripps Company anunciou que faria uma fusão com o Journal Communications e que as duas empresas iriam separar suas divisões de jornais em uma nova companhia com ações na Bolsa.

Esta parece ser uma estrutura que os investidores apreciam.

– Uma empresa como a Tribune Publishing terá uma melhor chance de render mais se estiver separada da Tribune Company porque, quando está inserida dentro de uma grande empresa de mídia, todos os recursos disponíveis vão para o setor de entretenimento – avaliou Reed Phillips, sócio-gerente da DeSilva & Phillips, um banco de investimento especializado em mídia.

Novo começo

A cisão representa um novo começo para os jornais da Tribune, após um tumultuado processo de concordata de quatro anos, encerrado no início do ano passado. O que se seguiu foi um período de incertezas, com seus jornais aparentemente disponíveis para compradores potenciais, como os irmãos Koch, que expressaram interesse. Porém, a Tribune decidiu manter seus ativos editoriais e formar uma nova companhia.

O sucesso da Tribune Publishing dependerá enormemente de Griffin, um executivo de mídia com uma longa experiência em jornais e revistas, além de uma boa porcentagem de inimigos que ele gerou em sua breve passagem como gestor da Time.

Griffin, cujo pai foi repórter do “Boston Post” e o avô, um editor chefe, administrou várias empresas jornalísticas. Em 2013, ele participou de um grupo que tentou sem sucesso adquirir o “Boston Globe”. Ele também passou dois anos consultando com executivos da Tribune Co. sobre a nova estrutura organizacional, antes de se tornar diretor executivo da unidade editorial em abril. (Com informações do New York Times)