Tuesday, 12 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

O sensacionalismo como notícia

O termo sensacionalismo é carregado de várias definições. O jornalista Danilo Angrimani (1995) escreve que a palavra é muito utilizada no ensejo comunicacional, sobretudo o jornalismo, para caracterizar textos que estimulam o lado emocional do receptor. Alicerçado nos estudos freudianos, o autor expõe que o sensacionalismo se presta, básica e fundamentalmente, para a satisfação instintiva do leitor, dando vazão a matérias que realcem o fetichismo, voyeurismo, sadomasoquismo, cacrofilia, incesto, pedofilia ou necrofilia, entre outros aspectos. A manchete “Popozudas ou Turbinadas?” (AquiPE, 06 e 07/08/2011) retrata bem o aspecto fetichismo e voyeurismo proposto pelo escritor anteriormente citado. Aqui, a mulher aparece praticamente despida. É mostrada com seios descobertos, luvas vermelhas e segurando uma fatia de melancia.

Em vista disso, Marcondes Filho, apud Angrimani (1995, p.15), vai expressar o termo sensacionalismo como sendo um alimento psíquico, um desviante ideológico, uma descarga de pulsões instintivas no indivíduo, e acrescenta: “[…] Escândalos, sexo e sangue compõem o conteúdo dessa imprensa (…) como mercadorias em geral. Interessa ao jornalista de um veículo sensacionalista o lado aparente, externo, atraente do fato. Sua essência, seu sentido, sua motivação ou história estão fora de qualquer cogitação.”

Assim, o objetivo da imprensa sensacionalista se expressa como o de atrair o leitor com fait divers sem maiores preocupações na elaboração da notícia. Para Angrimani (1995, p.16) a notícia sensacionalista também se mostra como “imoral” e “moral”, não se limitando ao rigor do domínio da realidade e de sua representação, pois. “[…] tem credibilidade discutível”.

Por intermédio dessas definições se revela a complexidade do termo. Mas prevalece a convergência de pontos em comum. Sensacionalismo se mostra como tornar sensacional determinada notícia, que em outras circunstâncias editoriais não seria.

Referências bibliográficas

ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue. São Paulo: Summus, 1995.

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Ronaldo Barbosa Lima é jornalista