Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Diário do Grande ABC demite diretor do sindicato e viola direitos dos jornalistas

Como ápice de uma crise que se arrasta há meses na redação, o Diário do Grande ABC demitiu ontem (07/05), por justa causa e sem apresentar justificativas consistentes, Hugo Cilo, editor-assistente de Economia e diretor do SJSP. O presidente do Sindicato, Guto Camargo, diz que a demissão foi uma retaliação e que serão tomadas todas as medidas legais cabíveis para garantir os direitos e a estabilidade do profissional, assegurados pela Constituição Federal.

"A demissão é um ato anti-sindical do jornal, totalmente inaceitável. E demonstra a deterioração das relações com seus profissionais e com o próprio sindicato", afirma. Ele destaca ainda que a entidade vai denunciar o Diário do Grande ABC ao Ministério do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho, por extensão irregular de jornada sem pagamento de horas extras. Também notificará, pelo mesmo motivo, o INSS e a Receita Federal, uma vez que não pagando devidamente as horas extras dos jornalistas, a empresa tem de responder por sonegação fiscal e previdenciária.

Desde o ano passado, o SJSP vem tentando negociar com o jornal para regularizar a situação na redação, renovar um acordo de controle de jornada e compensação de horas, que venceu em agosto de 2007, e melhorar as condições de trabalho dos jornalistas.

Negociações rompidas

Em meados de janeiro, foi encaminhado ao Diário ofício pedindo uma reunião para pôr fim a uma série de irregularidades, como contratação de jornalistas como ‘frilas fixos’, sem o devido registro; determinação do jornal de que os editores assinassem documentos abrindo mão do direito ao recebimento de horas-extras trabalhadas, prática absolutamente ilegal; existência de empregados que exercem função de jornalistas, mas registrados com função diversa; e até violação de correspondência dos funcionários.

Em 20 de março, depois de uma reunião com representantes do SJSP, a empresa sinalizou que acertaria as pendências relativas ao período entre agosto de 2007 e março deste ano, quando os profissionais ficaram sem qualquer tipo de controle de jornada, e que se faria um novo acordo para vigorar a partir de abril. Mas rompeu as negociações, pois nem mesmo apresentou os documentos pedidos pelo sindicato para comprovar a carga horária de cada pessoa, como planilhas de horas excedentes e cartão de ponto.