Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Futebol, editoras e universidades

O Corinthians tirou o Flamengo da liderança do ranking das marcas mais valiosas do futebol, mas o clube carioca é ainda o dono da maior torcida do Brasil. No quesito ‘marca de maior valor’, entretanto, o Flamengo caiu do primeiro lugar em 2009 para o terceiro em 2010. Entre os doze mais, há quatro paulistas (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos), quatro cariocas (Flamengo,Santos, Fluminense e Botafogo), dois mineiros (Cruzeiro e Atlético) e dois gaúchos (Internacional e Grêmio). Tudo como no ano passado, mas alguns clubes mudaram de posição.

O estudo foi feito pela Crowe Horwarth RCS e seus auditores utilizaram os mesmos critérios aplicados em 2009. Os clubes são examinados à luz de dados financeiros, do que acham os torcedores e de seus hábitos de consumo, do marketing esportivo e do contexto social e econômico em que estão inseridos e atuam. Foram operadas 18 variáveis que levaram a tais resultados e as referências maiores são quatro macrorreceitas: marketing, estádio, sócios e mídia.

Como qualquer ranking, este também é discutível e não deixa de causar estranhezas. Ou surpresas apenas, algumas, entretanto, alicerçadas em outras considerações. Por exemplo: a melhoria de renda do consumidor e o crescimento econômico que beneficiou também as classes C e D ajudam a compreender os dados apurados.

Torcedores e patrocinadores

Há ainda algumas sutilezas que chamam a atenção de quem lê o relatório. Flamengo, Corinthians e São Paulo ‘não perdem grande participação entre o público feminino e crescem entre os torcedores de 16 a 24 anos’. O Flamengo cresceu em valor de marca, mas perdeu a posição pelo ritmo. Corinthians e São Paulo cresceram mais. ‘Todos estão crescendo, a diferença está no ritmo de cada um’, resumiu Amir Somoggi, responsável pelo trabalho de pesquisa.

E o futuro, como será para o futebol brasileiro? Vai crescer! E aproveitará o incremento da Copa do Mundo de 2014, o desenvolvimento comercial das marcas e o interesse cada vez maior das empresas patrocinadoras em investir no futebol.

Os departamentos de marketing têm pela frente a tarefa de melhorar o relacionamento com os torcedores, ajudar os patrocinadores, orientando-os nos investimentos e vender bem os produtos e serviços.

O futuro só pode ser esplêndido

Um escritor e professor universitário lê tudo isso e se pergunta: e a universidade, como vai nesses quesitos? Como está seu relacionamento com os alunos (torcedores)? Quanto valia sua marca no ano passado e quanto vale agora? Alguém está medindo isso? Como a universidade se relaciona com ‘diferentes públicos’, como faz um clube? E as editoras, o que fazem com os seus atletas (escritores) e como tratam os torcedores (leitores)? Bem, podemos adiantar algumas respostas. Os torcedores (leitores) nem sabem quais são os atletas (autores) de suas editoras preferidas, pois elas pecam por não lhes informar ou informam de modo insuficiente. Quanto às universidades, não há nenhuma brasileira entre as 200 mais! A única que estava era a USP e ela saiu da lista este ano.

Já um clube como o Corinthians, por exemplo, está em 10º lugar, à frente da Inter de Milão, do Schalke 04 e do Tottenham, embora atrás do primeiro do mundo, o Manchester United; do segundo, o Real Madrid; e do terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo e nono: Arsenal, Barcelona, Bayer de Munique, Liverpool, Milan, Juventus e Chelsea.

Se há muito o que ser feito nos clubes brasileiros, há quase tudo o que fazer em editoras e universidades. O futuro onde há tantas tarefas só pode ser esplêndido. Ele se abre em numerosas frentes de trabalho. Editoras e universidades, que em muitos casos trabalham em parceria, precisam ir atrás de autores e leitores, de professores e alunos, inovando para melhorar seus quadros, pois, não apenas o crescimento, mas a própria sobrevivência dependerá dessas ações.

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Escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor, pró-reitor de Cultura e Extensão da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa); seus livros já foram premiados pelo MEC, Biblioteca Nacional e Casa de las Américas