Tuesday, 14 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Reação corporativista da imprensa

Vi o vídeo do programa Arena Sportv em que a jornalista Milly Lacombe acusou o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, de ter forjado assinatura em documento de contratação pelo Arsenal para receber aumento no São Paulo. Ela disse, com todas as letras, que ele falsificou o documento. Ao ser discretamente ‘alertada’ pelos colegas do programa, insistiu em sua versão. Na mesma hora, o apresentador Cleber Machado, visivelmente nervoso e chateado, tentou pôr panos quentes e desviar o foco da conversa. Na verdade, acho que todos os demais convidados perderam boa oportunidade de dizer a Rogério Ceni, de forma clara, que não tinham o mesmo ponto de vista da ‘nobre’ colega.

Portanto, ao contrário da notícia do site Último Segundo [‘Rogério Ceni discute com comentarista de TV‘], ela não ‘teria dito’, disse; e Rogério Ceni muito menos bateu boca. Não foi um mero comentário, ela afirmou categoricamente que Rogério Ceni cometeu dois crimes: de falsidade ideológica e de uso de documento falso. Ela demonstrou ser muito ignorante, achando que pode fazer uma acusação destas no ar, sem provas). Logo, penso que é inapta como jornalista para estar num programa daqueles, com microfone aberto, a exemplo de outros tantos comentaristas maledicentes.

Aberrações

Mas, o que me causa mais estranheza e indignação é ver o restante da imprensa minimizar e distorcer a acusação, em favor da jornalista. E minha indignação é maior quando vejo que o canal que patrocina o Observatório da Imprensa dá uma notícia dessas. Seu eu não tivesse assistido ao vídeo (viva a internet) não saberia do que se tratava. Poderia mesmo achar que Rogério teria sido arrogante, já que no Brasil a inteligência de alguns é tida como arrogância, principalmente se for jogador de futebol ou dirigente de movimento sindical que veio de baixo. Na Copa vimos tantos absurdos de discriminação e incitação à barbaridade, como quando muitos jornalistas imbecis afirmaram que o jogo contra a França foi perdido porque havia excessivo clima de amizade entre os adversários, quando se tratava de uma guerra e que o Robinho nem mesmo deveria ter olhado para Zidane…

Realmente, acho que mais do que um Conselho de Jornalistas, o jornalismo precisa aprender o que é ética, e até estética, tamanhas as aberrações, que vão de acusações levianas a erros crassos de português e vulgaridade no linguajar.

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Advogada, São Paulo