Thursday, 16 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Silêncio no Corinthians, resmungos na imprensa

Há exatamente 11 meses comentei no OI a greve de silêncio que os jogadores do São Paulo FC faziam durante a preparação da equipe para o Torneio Interclubes, que a Fifa organizava no Japão. Na ocasião, criticando artigo publicado neste site, defendi a postura dos jogadores que optaram por se calar em virtude do descontentamento com comentários de jornalistas, que insinuavam, inclusive, que haveria um racha na equipe. Hoje, num momento mais tranqüilo e já passado todo aquele turbilhão emocional, acredito que os tais jornalistas tenham realmente cometido grande equívoco ao inventar uma notícia, pois pelo que se pôde perceber, o ambiente entre os jogadores, desde aquela época, sempre pareceu muito bom – 1 x 0 para os jogadores.


Tal fato volta a se repetir, desta vez com os jogadores do Parque São Jorge. É bem verdade que o time é outro, o ambiente é outro e até mesmo a situação é bastante diversa. Porém, parece que a classe jornalística anda matando as aulas sobre ética na faculdade (ou vão me dizer que não existe essa matéria nos cursos de Jornalismo?): novamente a imprensa vem descendo a lenha nos atletas que resolveram fazer uso de seu direito de se calar em face de uma insatisfação coletiva. Pior: continuam publicando fatos e acusando este ou aquele sem provas ou sem revelarem a fonte, chegando ao cúmulo de se contradizerem, algumas vezes ao vivo (que o digam os pseudojornalistas do Debate-Bola da TV Record).


Mediocridade


Se os jogadores do Corinthians estão certo ou não em fazerem greve de silêncio é um problema deles. Mais ridículos são os jornalistas que ficam resmungando pelas mesas-redondas e em sites por conta dessa situação, como se os atletas fossem uns amadores, como se estivessem rompendo um contrato que os obriga a falar. Claro, o futebol sobrevive de notícia e o jornalismo esportivo sobrevive, entre outros esportes, do futebol (e, dentro dessa esfera, entre outros times, o do Corinthians). Mas se há uma opção de uma das partes em agir dessa ou daquela maneira que a outra parte respeite, ou proteste não tocando mais no assunto. Entendo que a obrigação em se manter o nível da cobertura é das emissoras e de seus profissionais, que, na média, são pessoas muito mais instruídas do que a maioria dos jogadores.


De uma vez por todas, já está na hora de essa mediocridade acabar. Basta de sensacionalismo no jornalismo, chega de factóides e mentiras. Esse amadorismo de alguns jornalistas precisa acabar, assim como leitores de jornais, revistas e internet, os ouvintes de rádio e os telespectadores precisam aprender a selecionar seu veículo de informação e parar de dar crédito a profissionais com esse comportamento. Só assim os profissionais idôneos e éticos sobressairão frente àqueles que sustentam a imprensa marrom.

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Supervisor de Logística, São José dos Campos, SP