Tuesday, 14 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Crítica diária

08/11/07

É mesmo a Folha?

‘Polícia conclui que padre Júlio sofreu extorsão’, informa o alto da pág. C6.

Tal informação não consta da primeira página, que preferiu noticiar: ‘Nu do travesti Rogéria cancela exposição no Congresso’.

Senso de oportunidade

A primeira página chama, com direito a fotografia, para a reportagem de seis altos de página em Turismo: ‘Barco a vapor transporta viajantes pelo rio São Francisco’.

Os viajantes, pelo que entendi, foram ‘convidados’, como os repórteres da Folha.

O leitor-turista só poderá viajar a partir de fevereiro do ano que vem, quando o vapor começará a transportar turistas em Minas Gerais.

Às vésperas de um feriadão, quando os leitores esperam sugestões, dicas e alertas –enfim, serviço eficiente– para viajar, a Folha priorizou um passeio que não está disponível aos sem-convite.

Sem todo o gás

Em La Paz, a Folha entrevistou José Sergio Gabrielli: ‘Bolívia não garante mais gás, diz Petrobras’ (pág. B7).

O Globo entrevistou a diretora da Petrobras Graça Foster. Manchete: ‘Petrobras avisa que gás vai aumentar até 25%’.

Manchete do Valor: ‘Petrobras não cumpre a meta de produção de gás’.

E nós?

Clóvis Rossi indaga, sobre a quebra da BRA, no ótimo artigo de hoje: ‘Onde estavam as autoridades que deveriam monitorar o setor?’.

Pego carona e pergunto: o jornalismo não detectou nada de errado com a empresa, para alertar os leitores-viajantes? Onde estava o jornalismo, que deveria monitorar o setor?

Craque em dia de peladeiro

Na boa entrevista com Armínio Fraga, sobre a aposta de seu fundo na BRA, a Folha insistiu: ‘Mas o sr. é considerado uma referência em investimentos’.

Ele respondeu: ‘Obrigado, mas, de vez em quando, algum deles não sai como se esperava’.

Outro mundo

O jornalismo crítico é um dos pilares do projeto editorial da Folha.

Mas reportar apenas os aspectos ruins –ou supostamente ruins– da realidade é distorcê-la.

Título da Folha hoje: ‘Ofuscado, Ronaldinho dá vez a jovem recordista’.

O lide: ‘O Barcelona venceu ontem por 2 a 0 o Glasgow Rangers no estádio Camp Nou e assumiu a liderança do grupo E da Copa dos Campeões. Ronaldinho viu o francês Henry e o argentino Messi anotarem os gols da partida e ainda deu lugar ao mais jovem jogador da história a atuar na competição européia’.

Linha-fina no site do El País, com relato desde Barcelona: ‘Ronaldinho lidera o triunfo azul e grená ante o Rangers em uma partida muito fácil’.

Título do site do ‘El Periódico’, o melhor jornal catalão: ‘Ronaldinho, Henry e Messi fabricam os dois gols que deixam o Barça a um passo das oitavas’.

Segundo o clipping do ‘El País’, o jornal Sport ‘destaca a recuperação do brasileiro’.

Os jornais da Espanha são pródigos em elogios à sua atuação –não é à toa; ele participou dos dois gols.

Para Folha, porém, Ronaldinho foi ofuscado. O jornal narrou outro jogo, descreveu outro jogador, viu outro mundo –embora tenha constado na matéria, sem destaque, que o craque saiu de campo aplaudido.

07/11/07

Jornalismo acrítico

Em uma coluna, a Folha informa (pág. C6): ‘Anac amplia orçamento e liberação de verbas’.

A reportagem tem o mérito de trazer à edição de hoje um tema que faltou na de ontem: verbas para a fiscalização aérea.

Sem citar o concorrente, dá a entender que estava errada a manchete de ontem do ‘Globo’, ‘Fiscalização aérea perde verbas apesar da crise’.

‘O Globo’ informou que a dotação para fiscalizar a aviação civil caiu de R$ 17,2 milhões em 2006 para R$ 9,3 milhões em 2007. A Folha sustenta que o número correto do ano passado é a metade, R$ 8,6 milhões –um procedimento burocrático daria a impressão de ser o dobro.

Pena que a Folha não problematize a informação. O jornal se contenta em transmitir os dados oficiais.

R$9,3 milhões são suficientes para fiscalizar a aviação civil?

Esse valor demonstra ser a fiscalização uma prioridade da Anac e do governo?

O aumento em valores reais de 4,8% em relação ao ano passado, quando o caos aéreo teve início, após o acidente Boeing-Legacy, está à altura das necessidades?

O crescimento orçamentário acompanhou a variação do movimento de aeronaves e passageiros?

Nada disso foi preocupação da Folha.

Uma edição animal

É de bom gosto o módulo à esquerda do alto da primeira página, combinando três informações: ‘Cão é resgatado dos escombros de acidente em São Paulo’; ‘Biografia expõe lado depressivo do criador de Snoopy’; e ‘Câmara erra e Rio aprova projeto que proíbe pesquisa com animais’.

A reportagem ‘Depois de dois dias sob os escombros, vira-lata é encontrado sem ferimento’ (pág. C7) conta que foi achado também um peixinho. Não custava esclarecer se ele estava vivo.

Ainda sobre animais, a seção ‘Há 50 anos’ titulava na segunda-feira: ‘URSS envia cadela ao espaço’.

Na terça, acrescentou que ‘a rádio de Moscou informou que a cadela a bordo do ‘Sputnik 2’ está condenada a ‘morrer em favor da ciência’, já que peritos não poderão trazê-la com vida de volta’.

Laika era seu nome.

Uma edição de fait divers

Título da capa de Cotidiano: ‘Adolescentes são acusados de matar caçula’.

Do alto da pág. C3: ‘Garota diz que namorava irmão mais velho’.

Do alto da pág. C8: ‘Jovens afirmam que seita prometia torná-los vampiros’.

Lava mais branco

Considero correta a decisão do jornal de manchetar ‘PF acusa bancos suíços de remessa ilegal de dólares’.

O assunto não foi a opção de ‘Estado’ (‘Evo impõe regras para negociar gás com o Brasil’), ‘Globo’ (‘No Rio, tarifa de luz cai 5,3% para consumidor’) e ‘Valor’ (‘Oi chega a São Paulo para brigar na telefonia celular’).

Um pequeno problema: a retranca principal, ‘PF prende executivos de 3 bancos suíços’ (capa de Dinheiro) afirma que, ‘ao todo, foram presas 20 pessoas –duas são consideradas foragidas’.

Havia, portanto, 22 mandados de prisão.

Já o quadro ‘Lavagem de dinheiro’ (pág. B3) diz que os mandados eram 20. Se assim fosse, não haveria dois foragidos.

A quebra da BRA

A Folha informa na primeira página, sob o título ‘BRA suspende vôos e demite os seus 1.100 funcionários’, que ‘a companhia, que tinha passagens vendidas até janeiro, divulgou telefone para quem comprou os bilhetes se informar sobre o que fazer’.

Ocorre que, como conta texto interno, o telefone está sempre ocupado. Só haveria sentido em se referir a ele na capa do jornal se houvesse também informação sobre o problema.

Não entendi se a Anac e o governo poderiam ter agido antes, em face dos sinais de crise da BRA.

O ‘Estado’ lembra que em agosto Lula participou de cerimônia de assinatura de contrato da BRA com a Embraer para compra de aeronaves. Foi, como disse o jornal, um factóide.

Curiosidade: como Armínio Fraga, tido como craque dos investimentos, caiu em uma roubada como essa (seu fundo investiu na companhia aérea)?

Ingenuidade: a Folha afirma que ‘a empresa precisava de cerca de US$ 30 milhões para voltar a operar no azul’. Seja lá de quem for a avaliação, o jornal não deveria subscrevê-la.

6/11/07

O fascínio do declaratório

A Folha tem demonstrado boa vontade com o ministro da Defesa, mas a manchete de hoje, ‘Jobim põe em dúvida fiscalização aérea’, talvez tenha mais relação com o fascínio por declarações.

‘Globo’ e ‘Estado’ publicaram com discrição as afirmações do ministro. De fato, surpreendente seria Jobim dizer que é eficaz uma atividade, a de fiscalização, criticada por ele desde que assumiu.

Enquanto a Folha manchetou mais uma declaração do ministro bom de declarações, o Globo publicou a manchete ‘Fiscalização aérea perde verbas apesar da crise’.

O tema não foi abordado na edição de hoje da Folha.

O jornal deveria mesmo veicular o que Jobim disse, mas nem chamada na primeira página seu discurso valia.

Em momentos como esse, de tragédia, é ainda mais importante fiscalizar… o poder, público e privado.

O feriadão de Jobim

Desculpem se houve falta de atenção minha, mas não li na Folha a notícia que está no ‘Estado’ e no ‘Globo’: o DEM afirmou ontem em sua página na internet que a viagem do ministro Jobim e sua mulher no feriadão, quando se hospedaram na residência de Francisco Gros no sul da Bahia, foi feita em avião da FAB, em vôo bancado com recursos públicos.

No esquema manjado, e já exposto pela Folha, o ministro teria marcado para a segunda-feira compromissos-álibis nas proximidades.

A nossa carona

Até para evento em São José dos Campos, pertinho de São Paulo, repórter do jornal viaja ‘a convite da FAB’ (‘Situação do país não é confortável, diz Saito’, pág. A8).

Cadê a empresa?

Na cobertura com quatro chamadas na primeira página, incluindo a da manchete, e seis altos de página em Cotidiano, a Folha não deu um só título para a empresa Reali Táxi Aéreo, dona do Learjet que caiu domingo em São Paulo.

Não publicou reportagem sobre a empresa e seus procedimentos, nem trouxe a sua versão.

O ‘Estado’ saiu com pingue-pongue com sócio da Reali.

Não faz cinco meses

Título do alto da pág. C4: ‘Co-piloto superou câncer há 5 meses’.

Na abertura: ‘Ele havia se curado de um câncer na costela há cinco meses’.

À frente: ‘A tia Helena Piazza contou que Soares Júnior lutara desde jovem contra um câncer e que, há cinco meses, um exame constatou a cura da doença’.

O piloto tinha 24 anos.

A tia Elena (sem ‘H’) procurou hoje o jornal para dizer que o câncer foi curado ainda na adolescência de Soares Júnior. Portanto, as informações da Folha estão incorretas.

Não são iguais

Chamada na primeira página, sob o título ‘Campo de Marte é vetado para avião que leve ministro’: ‘Apesar de liberado para jatos Learjet-35 particulares, o Campo de Marte é vetado para aeronaves iguais utilizadas pela Aeronáutica para o transporte de ministros e outras autoridades’.

Os aviões são do mesmo modelo, mas não são iguais. É o que se lê na boa reportagem ‘Por segurança, FAB veta avião de ministro no aeroporto’ (pág. C7): ‘A diferença entre o Learjet que caiu e os oito do Grupo de Transporte Especial (GTE) da FAB (Força Aérea Brasileira), em que voam os ministros, é que o acidentado tinha reversor, e os militares, não’.

Após a tragédia de Congonhas, a Folha repetia que o reversor faz muita diferença.

Agora, a primeira página ignora a diferença entre as aeronaves com e sem reversor, para dizê-las iguais.

Lide no pé

Título do alto da pág. C5: ‘Com aeroportos em crise, táxi aéreo cresce 20% em 1 ano’.

Para o ‘Estado’, a mesma entidade, o Sindicato Nacional de Táxi Aéreo, estimou o índice em 25%.

Para um jornalismo crítico, a informação mais importante estava no pé do penúltimo parágrafo: ‘Santos [superintendente do sindicato] afirma também que de 25% a 30% dos vôos são feitos por empresas que não possuem autorização para funcionar como empresas de táxi aéreo’.

Outro furo

O ‘Estado’ ouviu relatos de quem teve acesso aos motores do avião após o desastre. Um deles teria mesmo tido pane.

Enfim

Depois de no dia seguinte ao acidente citar apenas a hipótese de falha humana como causa, a Folha publicou na primeira página o título ‘Especialistas acreditam em falha mecânica’ e, no alto da pág. C6, título idêntico.

A propósito, não repetir dentro o título da primeira página é sinal de capricho editorial.

Para o outro lado

Trecho da reportagem ‘Chefe da investigação sobre acidente afirma que jato usou rota incomum’ (pág. C6): ‘Após ter virado à direita após a decolagem, como a torre afirma ter orientado o piloto, o jato virou à esquerda’.

É o contrário: a torre orientou para virar à esquerda, e o Learjet virou à direita.

Era para chorar?

Informação na introdução do pingue-pongue ‘Laís, 11, recebe alta e descreve ‘terremoto’ (pág. C3): ‘Ao falar de Cláudia, no entanto, seu semblante ficava mais preocupado, mas não chorou em nenhum momento’.

O texto considera notícia o semblante de preocupação com a amiga hospitalizada. Que semblante era esperado?

E era para a menina chorar?

Abutres

Fecho da reportagem ‘Era a família mais pobre da rua’ diz vizinha da casa atingida pela aeronave’ (pág. C4): ‘As duas testemunhas oculares não apareceram ontem na delegacia. Uma delas disse que não poderia ir porque já havia se comprometido a dar uma ‘entrevista no Datena’.

Nesta cova em que estais

Retrato do Brasil, na reportagem ‘Está sendo muito doloroso’, afirma madrasta de vítima do acidente com jato’ (pág. C4): os seis mortos da família (contando o pai do bebê) que morava em torno do Campo de Marte foram enterrados na mesma cova.

Hipóteses

O quadro ‘As possíveis causas’ (pág. C6) fala em ‘Versão 1’ e ‘Versão 2’.

Versão de quem?

Não seriam hipóteses?

Bola cantada

A suspensão de Rebeca Gusmão por doping convida a um balanço jornalístico sobre o oba-oba em torno de suas vitórias no Pan, quando a musculatura da nadadora já chamava a atenção e merecia investigação jornalística e análise técnica.

Um jornal a serviço da Inglaterra

Os leitores que procuraram na Folha de hoje a classificação da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, a três rodadas do fim, não a encontraram.

Em compensação, receberam a classificação do Campeonato Inglês.

Os que buscaram no ‘Estado’, no Agora, no ‘Jornal do Brasil’, no ‘Diário’, entre outros, obtiveram a informação.

O incrível é que a Folha gasta uma enormidade de papel para estatísticas desinteressantes que, torturadas, confessam qualquer coisa (‘Brasileiro terá seu pior vice dos pontos corridos’, pág. D3), mas não com a informação mais relevante do esporte nacional hoje e nos próximos dias.

Há até reportagem sobre pneus no campeonato de… motociclismo de… 2008!

O jornal deveria ser feito para o leitor.

O pior é que esse mesmo comentário, com igual título, já foi feito nesta crítica. O jornal não mudou. Ou seja, considera que está certo, ao ignorar os interesses do leitor.

Sem história

O texto ‘Mostra revela pioneira em fotografias de guerra’ (pág. E5) cita duas vezes, em um inglês dispensável, a fotografia ‘The Fallling Soldier’, de Robert Capa. O jornal perdeu a oportunidade de falar do documentário que acaba de sair na Espanha, colocando em questão a autenticidade daquela imagem, que a Folha não questiona.

Chamem os filósofos para o fechamento

Frase do artigo ‘Fracasso do pensamento’ (pág. E10), de Bernardo Carvalho: ‘Num mundo em que o jornalismo substitui a filosofia […], é lógico que o bom senso não tem vez’.

6/11/07

Na mesma tecla

A manchete da Folha hoje, ‘Jatinho cai sobre casas em SP e mata 8’, é acompanhada na primeira página de outro título sobre o mesmo episódio: ‘Piloto fez a curva para o lado oposto’.

Título principal da pág. C4: ‘Piloto não seguiu orientação da torre de controle, diz FAB’.

Linha-fina: ‘Segundo apuração preliminar, ele teria de ter feito curva à esquerda, mas virou à direita’.

‘Lupa’: ‘Aeronáutica não descarta possibilidade de falha humana; testemunhas disseram que piloto parecia ter desviado de um prédio’.

Depois da experiência adquirida com a recente sucessão de tragédias aeronáuticas, a Folha deveria ter precaução maior ao enumerar as possíveis causas do acidente de ontem.

Em todos, ou quase todos, os acidentes uma hipótese investigada é a falha humana (ela está associada, em graus diversos, à maioria deles).

Mas é lógico que a Aeronáutica não pode descartar –e se a FAB não disse, caberia à Folha dizer– falha mecânica ou eletrônica.

É possível, por exemplo, que o piloto tenha virado à direita por imposição de pane de motor, e não cometido erro.

O Estado informou: ‘Fontes ouvidas pela reportagem em São Paulo afirmaram que, pela dinâmica do acidente e pela rapidez da queda, a principal suspeita é de falha nos motores do Learjet’.

Não se trata de fazer apostas, mas de elencar as hipóteses.

O que não se deve é citar apenas uma causa possível, ainda mais ‘contra’ quem não pode mais se defender.

Na mesma tecla 2

Trecho do texto-legenda ‘Dia dos Mortos’ na primeira página do sábado: ‘Em Interlagos, shows e missa celebrada pelo padre Marcelo

Rossi foram vistos por 3 milhões, segundo organizadores’.

Espanta, a essa altura, a Folha ainda levar à sua página mais nobre um chute sobre multidão como esse.

É tão chute, um chutômetro tão evidente, que Brasil, mais sóbrio, nem falou da projeção. Limitou-se a dizer que ‘a polícia não fez estimativa sobre o número de presentes’ (‘Missa e shows reúnem fiéis em SP no Dia de Finados’, pág. A7).

Na mesma tecla 3

No sábado, mais uma vez o Painel do Leitor abrigou carta de Adilson Laranjeira, assessor de Paulo Maluf.

O assessor contestou nota do Painel.

Logo, sua manifestação deveria ter sido publicada no Painel, e não subtraído o espaço dos leitores.

Repito: o erro não é de Laranjeira, que cumpre o seu dever profissional, mas da Folha, que descaracteriza o Painel do Leitor.

Na mesma tecla 4

Abertura da boa reportagem dominical sobre Angola: ‘Cinco anos após o fim de uma das piores guerras civis da história africana, Angola, movida por um boom do petróleo, tornou-se o país que mais cresce no mundo. A previsão para 2008 é de um salto de 27,2% no PIB da ex-colônia portuguesa, segundo o Fundo Monetário Internacional –o maior entre 180 países’.

Abertura da boa reportagem ‘Cultivo de banana tem trabalho degradante’, também no domingo: ‘Trabalhadores da maior região produtora de bananas do país, o Vale do Ribeira (SP), não têm registro em carteira, não usam equipamentos de proteção, têm de arcar com os custos de suas ferramentas e são até pulverizados por agrotóxicos. É o que constataram procuradores e auditores fiscais do Trabalho em blitz feita na última quarta-feira em sítios da região de Miracatu (SP), acompanhada pela Folha’.

A Folha deveria estimular, pelo menos aos domingos, textos menos amarrados à estrutura noticiosa da pirâmide invertida.

As duas reportagens permitiam textos mais livres, saborosos, narrativos.

Ou um ou outro

A chamada da primeira página ‘Governo proíbe 5 fábricas de vender leite longa vida’ e a abertura da reportagem ‘Venda de leite UHT de 5 fábricas é proibida’ (capa de Cotidiano), no sábado, deram a entender que o mesmo leite pode ter alto teor de acidez e alcalinidade.

Que eu saiba, não pode.

Onde?

A capa de Dinheiro no domingo informou que a coluna de Yoshiaki Nakano estava na pág. B2.

Naquela página, saiu um anúncio.

A coluna do professor da FGV, que prevê o dólar a até R$ 1,50 no ano que vem, foi publicada na pág. B8.

Ultra-ultra-ultra-previsível

Título principal do assunto principal do Mais!: ‘Tropa de elite’.

Abutres

Testemunho da ginasta Jade Barbosa, 16, órfã de mãe desde os 10, sobre como os jornalistas tocam no assunto: ‘Eles sempre tentam me fazer chorar’.

(Na reportagem da pág. E2 dominical, ‘Jade em quadrinhos’).

Mão grande

Ficou ótima a reportagem ‘Editora plagiou traduções de clássicos’ (pág. E6 do domingo), embora nenhum dos casos de cópia tenha sido descoberta da Folha.

O jornal foi feliz ao amarrar os quatro plágios.

Muita história para contar

Ainda está para ser contada, e conseguir isso ontem era mesmo difícil, a história da família que morreu atingida pelo jatinho.

O grito do avô antes de morrer: ‘Salvem meu netinho’.

Há 50 anos

Na seção ‘há 50 anos’ do domingo, ‘Avião faz pouso no mar’ (pág. C2): ‘No último sábado, dia 2, um avião DC-4 da Real Aerovias com 30 passageiros e 8 tripulantes fez um pouso forçado na praia da Baleia, próximo a São Sebastião (litoral norte de SP)’.

Coincidência infeliz

Coincidências acontecem, boas e más.

A de hoje foi infeliz, na nota encorpada ‘O sonho de voar’, sobre jatinhos, na pág. E2.

Salvo engano, quando o acidente ocorreu a edição da Ilustrada já estava concluída.

Edições

Folha e Globo tiveram acesso à mesma reportagem de Elio Gaspari ‘Estudioso da Coluna Prestes era da CIA’ (título idêntico nos dois jornais).

O Globo deu chamada na primeira página (‘Estudioso da Coluna Prestes informava à CIA’). A *Folha8, não.

A Folha editou em pé de página. O Globo, no alto.

A Folha não publicou uma só imagem. O Globo imprimiu duas fotografias do informante Neill Macaulay, uma delas com Fidel Castro, e uma de Luiz Carlos Prestes.

5/11/07

Na mesma tecla

O Globo informou as editoras dos livros de Macaulay traduzidos no Brasil. A Folha, não.

Mauricinhos da Barra

Estado e Globo trazem a informação sobre os jovens da Barra da Tijuca que agrediram prostitutas e foram presos.

Não encontrei a notícia na Folha, embora espaço houvesse –Cotidiano anunciou: ‘Nasce segundo filho do casal Angélica e Huck’.

Valerioduto

A Época traz uma boa reportagem sobre as ameaças de Marcos Valério ao PT.

A pergunta que faltou

Na entrevista ‘Tropa de Elite’ é discutido na ONU, diz Alston’ (pág. C7 de hoje), o relator das Nações Unidas não esclarece se as cópias assistidas são piratas.

O incrível é que a Folha não perguntou.’