Sunday, 13 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Revista americana publica entrevista póstuma

A ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, assassinada em 27/12, está na capa da revista americana Parade deste mês. Segundo os editores da publicação, a matéria sobre Benazir já estava pronta e havia ido para a impressão quando ocorreu o ataque que a matou.


A versão online da entrevista foi atualizada, mas era tarde demais para mudar a revista impressa. Segundo o publisher Randy Siegel, as únicas opções viáveis seriam publicar a matéria desatualizada ou não entregar a revista para os 400 jornais que a distribuem. ‘Nós decidimos que esta era uma entrevista importante e que deveria ser compartilhada com o público americano’, conta ele.


Ameaças


Na entrevista, Benazir diz que seus inimigos a queriam morta. ‘Eu sou o maior temor dos terroristas, uma mulher líder política lutando para trazer a modernidade ao Paquistão. Agora eles estão tentando me matar’, declarou ela na conversa com a escritora Gail Sheehy, semanas antes de morrer. Gail passou diversos dias com Benazir, no fim de novembro, na cidade de Larkana.


A Parade é distribuída em jornais dominicais nos EUA, como o Boston Globe, Dallas Morning News, Los Angeles Times e Washington Post. Alguns dos jornais publicaram notas dos editores explicando que a revista havia sido impressa antes do assassinato da ex-premiê.


Benazir foi morta em um ataque com tiros e bombas quando participava de um comício na cidade de Rawalpindi. O assassinato inflamou a crise política no Paquistão. O marido dela acusa membros do governo de envolvimento no atentado e pediu que as Nações Unidas conduzam uma investigação. O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, culpou um líder tribal com suspeita de ligações com a al-Qaeda.


O pai de Benazir, Zulkifar Bhutto, foi tirado do poder como primeiro-ministro e enforcado quando ela tinha 25 anos. Questionada por Gail se, quase 30 anos depois, o trauma pela morte do pai havia cicatrizado, Benazir contou que na última vez que falou com ele antes da execução, ele disse para ela ir embora dali. ‘Você pode sair. Você é jovem. Pode viver em Londres, Paris ou Genebra’, afirmou o pai. Benazir respondeu: ‘Não, eu tenho que continuar esta sua missão, pela democracia’. Informações de Karen Matthews [AP, 6/1/08].