Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

O rádio em busca de um engajamento coletivo

Cada um de nós é responsável pela mudança do estado de coisas em que o rádio está no momento, pois é certeza que somente com mudança, reciclagem, formação adequada e investimentos seguros e sérios que teremos um novo modelo de rádio que satisfaça a todos os que estão indireta ou diretamente envolvidos no processo de comunicação via rádio. É vital que haja um engajamento de todos os membros da sociedade no processo de construção de um modelo de rádio que tenha sintonia com o que pensa e com o que querem todos os membros da sociedade.

A rádio precisa de cada um de nós para crescer, mudar e se fortalecer, pois somente com ação firme e que busque mudanças é que teremos um processo de renovação do rádio e a melhoria das comunicações como um todo.

A mudança do rádio passa por um processo de reciclagem de seus dirigentes, que devem ver modelos vitoriosos de programações que já existem em outros países onde o rádio é pautado por grupos de ouvintes que dizem o que querem da programação e que podem questionar os processos que não condizem com os ideais da sociedade. O rádio deve continuar sendo um aliado do povo no momento em que faz com que a população tenha a oportunidade de falar, questionar e criticar as políticas públicas inadequadas ou errôneas e tais críticas devem ser ouvidas pelo poder público para renovar sua prática e reciclar suas ações.

Valores reais e responsáveis

O rádio é um instrumento de poder e controle que, quando mal utilizado, pode provocar males terríveis à democracia e à cidadania. Todos os que fazem o rádio devem ter em seu pensamento a ação firme em busca de uma programação que dê ao povo oportunidades de ser ouvido e que falem sua linguagem de forma precisa e cada vez mais popular. O rádio que deseduca deve ser banido, deve ser rechaçado, deve ser mudado e em seu lugar deve predominar uma programação que leve em conta que as pessoas têm sentimentos, são sábias e precisam ser respeitadas em termos de valores, conhecimentos e preferências. O rádio deve deixar de ser usado pelos políticos como instrumento de poder e de fortalecimento de seus interesses e ser voltado para os interesses verdadeiramente populares.

As programações radiofônicas devem estimular a cidadania ativa, devem educar o povo, devem divulgar ideologias de agregacionismo do povo em busca da construção de uma sociedade melhor e mais justa. A ecologia deve fazer parte da programação de rádio e a visão política deve ser passada para que o povo aprenda a conhecer o mundo político, econômico e social para saber se dirigir, se orientar e questionar seus direitos e deveres. O rádio pode ser fortalecedor da cidadania, da ética e do comprometimento responsável com a vida de todos nós. Rádio é respeito, mudança de hábitos e difusor de valores reais e responsáveis.

Concretização da cidadania

As pessoas que amam o rádio devem ser ouvidas e aceitas nos locais de discussão da radiofonia, para que suas opiniões geralmente sérias e com conhecimento de causa sejam elementos de fortalecimento das programações e de mudança do estado de coisas ora em vigor, que certamente não é o que o povo quer do rádio. É preciso criar espaços de debates sobre o rádio permitindo que o ouvinte diga o que quer deste meio de comunicação e possa saber das defecções para efetivar correções verdadeiras e práticas.

É urgente que sejam criados ouvidores no rádio para que o ouvinte tenha acesso a uma reflexão crítica sobre as programações e possa opinar sobre os problemas que o rádio tem, porém isso só é possível se nossos programadores, radialistas e demais membros do rádio tiverem um pouco de humildade para aceitar questionamentos e respeito aos que questionam seu modo de fazer o rádio.

As outras mídias têm de respeitar o poder do rádio e sua importância e devem criar espaços para discutir este meio de comunicação e aprofundar discussões sobre o que se passa no rádio, seus problemas, suas virtudes e sua importância. O rádio precisa ser debatido pelas outras mídias e deve fazer parte de um processo de democratização das comunicações como um todo. Não podemos aceitar a passividade de grupos que questionam a mídia em relação ao rádio e que geralmente não dão a importância nem questionam os problemas que hoje este meio passa e sofre pela falta de respeito, investimento e profissionalismo.

É papel de todos nós empreender uma luta pelo rádio no momento em que se sabe que a comunicação é com certeza o quarto poder, poder esse que ao ser bem utilizado pode ser um elemento a mais na concretização da cidadania e fortalecimento dos anseios do povo e da busca por um mundo melhor.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE