Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Delegado Protógenes terá aula sobre relação da mídia com a PF

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 17 de julho de 2008


 


OPERAÇÃO SATIAGRAHA
Eliane Cantanhêde


Do abafa à indignação


‘BRASÍLIA – Na terça, os delegados da operação Satiagraha se recolheram (ou foram recolhidos) à sua insignificância, o diretor-geral da PF tirou férias, e o presidente do Supremo e o ministro da Justiça trocaram de bem, sob as bênçãos do presidente da República. A imprensa ficou falando sozinha de Celso Pitta, Naji Nahas e Daniel Dantas -que são o que interessa.


Ontem, o governo percebeu o erro monumental que estava cometendo. Diante da evidência de pressões para abafar o caso e da indignação generalizada, houve um meia-volta-volver: Lula fez o gênero indignado com as ‘insinuações’, o delegado tomou depoimento de Dantas, até a Justiça tocou o barco.


No início do imbróglio, Lula conclamou todos a ‘andar na linha’, porque os tempos são outros: ‘Quem achar que pode viver de picaretagem algum dia vai cair’. Mas vai demorar, presidente…


Por enquanto, a discussão é outra: preservar o Estado Democrático de Direito, coibir abusos contra cidadãos ilibados e expostos com algemas à execração pública e investir mais nas Defensorias Públicas, que vão igualar, já, já, os pobres e os ricos diante da lei e da ordem.


O melhor mesmo (para os suspeitos) é pular a fase do inquérito e ir logo para a do processo: de recurso protelatório em recurso protelatório, as testemunhas não têm mais crédito, as provas são desqualificadas, e os delegados, juízes e promotores, ironizados por só quererem aparecer. As acusações desmoronam como castelo de cartas. E TVs, rádios, jornais elegem outros temas, igualmente quentes.


Daqui a algum tempo, sobra uma leve lembrança de habeas corpus concedidos tarde da noite e da discussão algema-não-algema. Pitta, Nahas e Dantas nem precisarão se dar ao trabalho de disputar eleições para a Câmara ou o Senado -na prática, foro privilegiado é o que não lhes falta.


Ah! E vamos ligar logo a TV. O jogo do Corinthians vai começar.’


 


 


Lucas Ferraz


Curso de especialização terá aula sobre ‘papel da mídia’ na relação com a PF


‘No curso de especialização que faz na Polícia Federal, pré-requisito para ingressar na classe de delegados especiais, umas das mais altas da carreira, Protógenes Queiroz terá aulas sobre a função dos profissionais perante a instituição policial e sobre o ‘papel da comunicação e da mídia’ nas relações com a PF.


Antes de ele se afastar da investigação que prendeu Daniel Dantas, havia sido aberto contra ele um procedimento interno para apurar os erros cometidos na operação.


Na próxima segunda, tem início na Academia Nacional da PF, em Brasília, a segunda parte do curso, com aulas presenciais. Essa fase tem duração de um mês, com fim previsto para o dia 22 de agosto.


Segundo a portaria da PF nº 57, de fevereiro, o curso é dividido em três ciclos: além de lições em sala, os delegados e peritos têm aulas à distância, pela internet, e têm de elaborar um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). A previsão é que o curso, de duração de seis meses, seja concluído em 28 de novembro.


Protógenes Queiroz se matriculou mediante decisão da juíza Mônica Sifuentes, da 3ª Vara da Justiça Federal do DF, deferida em 20 de maio, 15 dias após o início do ciclo à distância. Na ação, ele argumenta que houve atraso em sua ‘progressão funcional’, ocorrida em 2004, mas que só se constatou (com efeitos financeiros) a partir do ano seguinte -a Academia Nacional da PF exige que os participantes tenham no mínimo quatro anos completos na classe.


Queiroz foi efetivado como delegado em março de 1999.’


 


 


NEW YORKER
Kenneth Maxwell


Sátira


‘NEM TODO MUNDO tem senso de humor. É como inteligência natural. Nem todo mundo é esperto. De fato, algumas pessoas são naturalmente obtusas.


Não significa que elas sejam de alguma maneira inferiores ou menos charmosas, bonitas, fortes ou bem sucedidas. Mas o fato é que os seres humanos têm diferentes talentos e diferentes capacidades. Essa é uma descoberta da vida, especialmente para os professores. Eu sei que mães relutam em aceitar esse fato com relação aos seus filhos, mas ainda assim é verdade.


Sátira é ainda mais difícil. Trata-se de uma forma de humor que depende da insinuação. Mas o humor tem uma regra essencial: se algo requer explicação, não é engraçado.


Nesta semana, a capa da revista ‘New Yorker’ traz o senador Barack Obama e sua mulher Michelle como terroristas muçulmanos. Ela ostenta cabelos enormes, em um penteado afro ao estilo dos anos 60, e porta uma metralhadora. Ele veste trajes do Oriente Médio. Os dois estão no Gabinete Oval da Casa Branca. Na lareira, encimada por um retrato de Osama bin Laden, vê-se uma bandeira dos Estados Unidos queimando. O resultado não é engraçado. De fato, a sátira passa bem longe do alvo.


O editor da ‘New Yorker’, David Remnick, se viu rapidamente forçado a explicar que o objetivo da capa era demonstrar o absurdo dessas imagens. Mas estamos falando de imagens que refletem a onda de propaganda adversa a Obama que circula amplamente pela internet e nas fímbrias das campanhas. No Upper West Side de Manhattan, um baluarte da centro-esquerda, a capa pode parecer uma zombaria divertida quanto às percepções populares dos conservadores com relação a Obama, mas o mesmo não se aplica ao restante do mundo político. A capa não só não foi engraçada como na verdade está jogando mais lenha na fogueira.


Obama sairá prejudicado? Provavelmente não. Já passou por situações piores. O veterano militante dos direitos civis, reverendo Jesse Jackson, foi apanhado em uma gravação na qual sugere que certa porção da anatomia de Barack Obama seja decepada porque ele ‘menospreza os negros’. A imprensa norte-americana foi pudica demais para mencionar que órgão exatamente o reverendo Jackson tinha em mente, mas a BBC de Londres não viu problemas em mencionar o termo em suas transmissões noticiosas mundiais.


Quando a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright empregou o mesmo termo na ONU, ela o fez em espanhol -cojones-, e a imprensa norte-americana adorou. Assim, apertem os cintos. A campanha eleitoral geral dos Estados Unidos nem começou.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


 


ELEIÇÕES
Rainier Bragon


PT é acusado de promover Marta em programa de TV


‘A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo ingressou na Justiça com representação em que acusa o PT de ter usado os programas partidários em rádio e TV para promover a candidatura de Marta Suplicy.


A lei proíbe que esses programas façam ‘a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos’, o que só pode ocorrer no horário eleitoral gratuito -neste ano, a partir de 19 de agosto.


‘O PT utilizou-se do tempo (…) para defender interesses pessoais e promover a campanha de Marta Teresa Suplicy (…) seja por meio da indicação de sua plataforma de campanha, seja por meio de comparações entre seus feitos e os da atual gestão, seja por meio de ataques à atuação de outra agremiação (DEM) e à administração de seu adversário político e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM)’, diz a representação, assinada pelo procurador regional, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.


Ela foi protocolada na segunda-feira no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Se condenado, o PT perderá o tempo de TV a que teria direito em 2009.


Nos programas petistas, veiculados em junho, a estrela principal era Marta. Em um dos comerciais, sobre o trânsito, ela aparecia dizendo que ‘São Paulo precisa de uma nova atitude’, slogan que seria incorporado à sua campanha. O site da candidata (www.marta13.can.br) incluía até ontem os vídeos com os cinco programas partidários do PT. Ontem, eles foram retirados.


Em fevereiro, a Procuradoria ingressou com representações contra o DEM, sob o argumento de que os programas faziam campanha de Kassab, mas o TRE as rejeitou. Em relação ao PSDB, a Procuradoria diz não ter visto elementos suficientes de propaganda eleitoral, embora Geraldo Alckmin tenha sido a estrela do programa tucano.


‘O PT estadual apresentou na TV temas políticos e comunitários, como fizeram todos os outros partidos. Muitas vezes a manifestação do partido é interpretada como propaganda eleitoral, quando não é’, afirmou Hélio Silveira, advogado da campanha de Marta.


No último dia 8, o TRE revogou decisão de primeiro grau que havia multado a empresa Folha da Manhã S.A. e Marta por suposta propaganda eleitoral em entrevistas concedida pela petista à Folha.’


 


 


MÍDIA NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo


Justiça extingue mais 4 ações de fiéis da Universal contra a Folha


‘A Folha obteve mais quatro decisões favoráveis em ações de indenização movidas por adeptos da Igreja Universal do Reino de Deus que alegaram ter sido ofendidos pela reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada em dezembro de 2007.


Em 99 ações já foram proferidas 45 sentenças, todas favoráveis ao jornal.


Em Irecê (BA), o juiz Freddy Carvalho Pitta Lima extinguiu o processo e condenou Mário da Silva Garcia por litigância de má-fé (uso indevido da Justiça para fins ilícitos). O juiz afirmou que ‘é impossível que todos os autores das ações mencionadas tenham ouvido as mesmas ofensas de terceiros’.


Em Porto Murtinho (MS), foi extinta ação movida por José Gilberto dos Santos, também condenado por litigância de má-fé. Santos alterou ‘ardilosamente’ o conteúdo da reportagem, ‘buscando receber indevidamente’ por danos morais.


O juiz Robson Luiz Rosa Lima, de Uberlândia (MG), extinguiu a ação movida por Alexsandro Barsante Rodrigues da Silva: ‘A notícia questionada não constituiu qualquer ilícito ou abuso’.


Em Teófilo Otoni (MG), o juiz Lélio Erlon Alves Tolentino extinguiu o processo movido por Fernando Gonçalves Ribeiro. O juiz não viu na reportagem ‘qualquer referência direta ou indireta em nome do requerente’.’


 


 


BRT-OI
Roberto Machado


Banco do Brasil empresta R$ 4,3 bi à Oi


‘A operadora de telefonia Oi anunciou ontem que obteve empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil para financiar a compra da Brasil Telecom. O negócio, anunciado em abril, ainda depende de mudanças na lei para ser efetivado.


Por meio de um comunicado ao mercado, a Tele Norte Leste Participações, controladora da antiga Telemar (atual Oi), informou que o empréstimo será feito por meio da emissão de cédulas de crédito bancário, com prazo de oito anos e juros pagos semestralmente a partir de maio de 2010.


Os juros serão pagos de acordo com a variação do CDI (certificado de depósito interfinanceiro, hoje em cerca de 12% anuais), mais ‘spread’ de 1,3% ao ano. No fim do mês passado, a Oi já havia anunciado que emitiria R$ 3,6 bilhões em notas promissórias para a compra da BrT. Ao todo, estima-se que o custo da operação ultrapasse R$ 12 bilhões.


Desse total, R$ 5,8 bilhões serão pagos pelo controle da BrT. Outros R$ 3,5 bilhões farão parte da oferta pública obrigatória para aquisição de ações ordinárias dos minoritários -o chamado ‘tag along’. Mais R$ 3 bilhões serão gastos na oferta voluntária para a compra de ações preferenciais da BrT.


Em nota, a Oi afirmou que comprará a BrT com recursos próprios e que o empréstimo do Banco do Brasil ‘constitui-se no primeiro movimento de captação de recursos’ que, em seguida, contará com ‘emissão de notas promissórias com os bancos Santander, Bradesco e Itaú’.


A tele afirmou ainda que, por ser considerada uma empresa com baixo risco de crédito, ‘contrata operações ao custo de mercado, sempre tendo como respaldo a capacidade financeira de geração de caixa da própria empresa’.


É o segundo financiamento de um banco público obtido pela Oi para a operação de compra da BrT, operação apoiada pelo governo federal sob o argumento de que o país precisaria de uma grande empresa no setor para concorrer com gigantes multinacionais como a espanhola Telefónica e a mexicana Claro. O BNDES já havia anunciado crédito de R$ 2,5 bilhões, com o objetivo específico de promover a reestruturação acionária da Oi -condição necessária para a compra da BrT.


O BNDES vai comprar R$ 1,23 bilhão em ações preferenciais resgatáveis emitidas pela Telemar e títulos no valor de R$ 1,33 bilhão emitidos pela AG Telecom (grupo Andrade Gutierrez) e pela LF TEL (do grupo La Fonte, de Carlos Jereissati). Os dois grupos são os controladores da Oi.


Analistas financeiros que acompanham o setor disseram que a Oi obteve condições ‘razoáveis’ com o BB: ‘Achei que o custo da captação foi um pouco alto para o padrão da empresa, mas sem dúvida o empréstimo faz parte da estratégia’, afirmou Beatriz Battelli, do banco Brascan.


Já o engenheiro Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações no governo FHC, diz que o fato de o empréstimo ter sido concedido por um banco público reforça as ‘inquietações’ que cercam a operação:


‘O público e o privado não ficam bem definidos. Por que BNDES, primeiro, o Banco do Brasil, agora? O grupo empresarial em questão tem todas as condições de obter financiamento privado’, disse ele.


Quadros observa ainda que o anúncio do empréstimo ocorre numa ‘situação relativamente confusa’, já que o banqueiro Daniel Dantas, preso duas vezes na semana passada sob acusação de chefiar uma quadrilha especializada em crimes financeiros, deve receber pelo menos R$ 1 bilhão com o desfecho da operação.


O Opportunity é um dos maiores acionistas da BrT e possui também participação minoritária na Telemar. Com a conclusão do negócio, Dantas deixaria o setor de telefonia, após diversos conflitos com os outros acionistas da BrT.


Para que a Oi compre a BrT, serão necessárias mudanças no Plano Geral de Outorgas, que regulamenta o setor de telefonia no país.’


 


 


Banco afirma que operação é normal


‘O Banco do Brasil defendeu o empréstimo de R$ 4,3 bilhões à Oi, que tem entre seus sócios a Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco estatal. Segundo a assessoria de imprensa do BB, ‘não existe, absolutamente, conflito de interesses’ na transação.


Alegando questões de sigilo comercial, o BB não confirmou os detalhes do empréstimo.


Questionado pela Folha, o BB também alegou sigilo para não informar se costuma realizar operações de valor semelhante com outras empresas. Sua carteira de crédito total -que inclui operações com pessoas físicas e empresas de todos os portes- é de pouco mais de R$ 200 bilhões.


Para o advogado Arnoldo Wald Filho, do escritório Wald e Associados, não há sinais de conflito de interesse. ‘É uma coisa normal de mercado, qualquer outro banco privado poderia ter feito o financiamento’, afirma.


Segundo Wald Filho, não há problema na transação desde que as condições acertadas no contrato sejam condizentes com as práticas de mercado.


O instrumento escolhido para o empréstimo foi a chamada CCB (Cédula de Crédito Bancário), uma espécie de nota promissória que pode ser negociada no mercado financeiro. Isso significa que o banco pode vender essas cédulas para outros investidores antes do vencimento do empréstimo.


Normalmente, uma empresa que queira levantar um volume grande de dinheiro por meio da CCB faz uma espécie de concorrência entre vários bancos e opta pela instituição financeira que oferecer as condições mais favoráveis.


Para financiar grandes fusões ou aquisições, muitas companhias preferem tomar o financiamento em vários bancos diferentes, já que um único banco poderia considerar muito arriscado liberar um empréstimo de vários bilhões para apenas uma empresa


A compra da Anheuser-Busch pela InBev, por exemplo, deve envolver um crédito de US$ 45 bilhões a ser concedido por um grupo de dez bancos.


Outra possibilidade é a emissão de ações na Bolsa, o que leva geralmente a uma diluição do capital da empresa.’


 


 


PARTICIPAÇÃO
Folha de S. Paulo


Merrill Lynch vai vender parte na Bloomberg


‘O banco americano Merrill Lynch deve vender por cerca de US$ 4,5 bilhões a sua participação na agência de notícias Bloomberg. A instituição busca levantar fundos para compensar as perdas no segundo trimestre. A expectativa é que o banco anuncie hoje uma baixa contábil (revisão do valor de ativos) de US$ 6 bilhões.


O Merrill Lynch tem 20% da agência de notícias e deve vendê-la para o fundador da empresa, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.


O banco, um dos mais afetados pela crise nos mercados financeiros, foi um dos que tiveram de recorrer nos últimos meses à injeção de capital por fundos soberanos estrangeiros.’


 


 


PUBLICIDADE
Folha de S. Paulo


Publicitários defendem auto-regulamentação


‘O 4º Congresso Brasileiro de Publicidade acabou ontem em São Paulo com mais críticas a iniciativas de limitar campanhas publicitárias e nova defesa da auto-regulamentação do setor.


Os cerca de 1.500 publicitários que participaram do evento aprovaram carta de repúdio aos cerca de 250 projetos de lei que tramitam no Congresso para restringir alguns tipos de propaganda, como de bebidas e cigarros. O texto será enviado a senadores e deputados.


‘A publicidade não causa obesidade, alcoolismo ou acidentes de trânsito. É ela que viabiliza do ponto de vista financeiro a liberdade de imprensa e a difusão de cultura e entretenimento para toda a população’, diz a carta.


O evento terminou com a aprovação de propostas que, para os publicitários, devem promover melhorias na profissão. Uma delas foi uma menção de apoio à criação da Frente Parlamentar da Comunicação Social. Segundo o presidente do congresso, Dalton Pastore, a frente será ‘um elo entre os interesses legítimos das empresas de comunicação e o Congresso Nacional’.


Outra proposta do evento é que não se obrigue os anunciantes a falar mal de seus produtos. Seria o caso das advertências sobre os prejuízos à saúde de produtos como o cigarro, como exemplificou o presidente do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), Gilberto Leifert.


As propostas elaboradas durante o evento serão encaminhadas ao Legislativo e a entidades do setor, de acordo com Pastore. O congresso anterior, realizado há 30 anos, levou à criação do Conar.’


 


 


Congresso Nacional cria frente que deve atuar na publicidade


‘O deputado Milton Monti (PR-SP) lançou ontem no plenário da Câmara a Frente Parlamentar da Comunicação Social. A iniciativa foi anunciada durante o Congresso Brasileiro de Publicidade realizado nesta semana em São Paulo.


Formado por cerca de 200 deputados e 35 senadores, a frente terá como objetivo atuar na regulação da publicidade.


O deputado afirmou que o assunto deve contar com uma abordagem abrangente.


‘Precisamos ampliar o debate dentro do Congresso Nacional a respeito da restrição à publicidade. Isso tem de ser feito à luz da Constituição Federal’, disse Monti.


O deputado afirmou que, atualmente, a legislação prevê apenas restrições à publicidade de tabaco, álcool, agrotóxicos, medicamentos e terapias. ‘Esses casos devem ter uma regulamentação própria. Os demais devem estar fora da regulamentação’, disse.


Envolver a sociedade


Monti afirmou ainda que a frente deve envolver a sociedade no debate. ‘Precisamos ouvir a sociedade para não permitir a censura e a tutela’, disse.


O deputado defendeu o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) como órgão independente para fiscalização da publicidade no país. ‘É uma importante experiência de regulamentação que tem funcionado. Temos de apoiá-lo’, disse.


Ao final do seu discurso, o deputado solicitou à Presidência da Câmara a cópia de todos os projetos que tratam de regulação da publicidade em trâmite na Casa. Em maio, o governo decidiu retirar o pedido de urgência de um projeto que determina a proibição da publicidade de bebida alcoólica no rádio e na televisão, entre as 6h e as 21h.’


 


 


Mônica Bergamo


Regime


‘Mais polêmica sobre a publicidade de alimentos para crianças: a Promotoria do Consumidor de SP ajuizou ação civil pública contra a Bauducco por julgar ‘ilegal e abusiva’ a promoção dos biscoitos e bolos da linha ‘Gulosos’, em que a criança juntava cinco embalagens de produtos e, com mais R$ 5, comprava um relógio do ‘Shrek’.


A campanha da empresa, que já fora reprovada pelo Conar, apelava para que as crianças colecionassem os relógios, mesmo as que não sabem ver as horas. A Promotoria sustenta que essa prática constitui venda casada e se aproveita da inexperiência e da deficiência de julgamento das crianças, ‘transmitindo-lhes valores inadequados à sua formação’.


DIGESTÃO


A Bauducco responde que ‘até o presente momento não fomos notificados, portanto não temos nenhuma resposta.’’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record testará novo seriado no final do ano


‘A Record vai imitar a Globo até na programação de final de ano. A emissora prepara um pacote de quatro ou cinco especiais. Um deles, como na Globo, será de teledramaturgia. E, assim como fez a Globo nos últimos anos, o especial poderá virar um programa fixo se for bem no Ibope.


O roteiro está sendo escrito por Marcilio Moraes, autor da novela ‘Vidas Opostas’, o maior sucesso de crítica produzido pela Record até agora.


O programa será ambientado num morro do Rio de Janeiro, mas Moraes nega que seja um spin-off de ‘Vidas Opostas’.


‘Em princípio, não pretendo fazer um desdobramento de ‘Vidas Opostas’. Quero uma história nova’, conta o autor.


‘A idéia básica parte de um conflito numa família de classe baixa, na periferia do Rio de Janeiro. Dali saem os dois personagens cujo confronto dará a linha condutora do seriado, na forma do enfrentamento de milícias, traficantes e polícia, com o povo trabalhador no meio. A repercussão de tudo isso na política também está nos meus planos’, revela Moraes.


O especial escrito por Marcilio Moraes, se realizado, integrará também o pacote de comemorações dos 55 anos da Record. O aniversário da emissora é em 27 de setembro, mas as atrações serão exibidas de outubro a dezembro. Além do programa de teledramaturgia, haverá atrações de humor e musicais.


SERIAL KILLER 1


A Globo vai recorrer a novos ‘quem matou quem?’ para tentar levantar o ibope da novela das oito, ‘A Favorita’. Em agosto, será assassinado o médico Salvatore (Walmor Chagas), que supostamente sabe quem matou Marcelo Fontini, mistério atual da trama.


SERIAL KILLER 2


Logo depois, será a vez de Maíra (Juliana Paes) ser assassinada. A repórter de frivolidades, quem diria, se revelará investigativa e descobrirá quem assassinou Salvatore. Juliana sai de ‘A Favorita’ diretamente para a próxima novela das oito.


ORIGINAL


Nesse caso, é a Globo que está copiando a Record: um dos mistérios de ‘Caminhos do Coração’ era quem matou o médico Sócrates (Walmor Chagas).


DICIONÁRIO


Ontem de madrugada, Amaury Jr. propagandeava seu portal de internet em seu programa na Rede TV!. Mostrou então o blog da repórter-tiete Maria João Abujamra, cujo título era ‘A viajem continua…’.


DICA TURÍSTICA


A próxima parada dessa viagem bem que poderia ser um curso de ortografia.


NADA A VER, CLARO


O diretor de núcleo Ricardo Waddington está deixando ‘Malhação’. Mas a Globo diz que não é para se dedicar a ‘A Favorita’, mas, sim, porque ele acaba de receber encomenda de nove episódios de ‘Por Toda a Minha Vida’.


EFEITO FÉRIAS


O SBT tem liderado o Ibope nas manhãs de São Paulo.’


 


 


Cristina Luckner


‘Jon e Kate +8’ retrata família caótica


‘Com a premissa de que são uma família e de que ‘estão nisso juntos’, o casal Jon e Kate Gosselin lidera uma trupe de oito crianças -gêmeas de seis anos e sêxtuplos de dois anos, frutos de um tratamento de fertilidade. Esse é o tema da série ‘Jon e Kate +8’ (numa brincadeira que rima, em inglês, ‘Kate’ e ‘eight’), no Discovery Home and Health. A rotina dessa família tradicionalmente americana que vive em um subúrbio na Pensilvânia é agitada e caótica.


Por dia, são 30 trocas de fraldas, duas máquinas de roupas sujas, uma caixa de cereal e oito waffles. Fora a mesa de mais de três metros que eles necessitam para acomodar as crianças e uma mini-van para transportá-las. Os papéis familiares são bem divididos: Kate organiza a bagunça, e a diversão fica por conta de Jon. Entre uma cena e outra, o casal comenta o dia-a-dia com os filhos e descreve a personalidade dos pequenos.


No episódio de estréia, os Gosselin cumprem sua tradição de outono: saem para colher abóboras e maçãs e brincam em um milharal. Esse passeio que parece simples e divertido para qualquer família americana é oito vezes mais complicado para o casal. ‘Nossa vida é insana, mas é nossa vida e não imaginamos nada diferente disso’, contam.


JON E KATE +8


Quando: amanhã, às 21h;


Onde: Discovery Home and Health


Classificação indicativa: não informada pelo canal’


 


 


CINEMA
Cássio Starling Carlos


Nolan volta a Batman em ritmo excitante


‘Entre todos os super-heróis de HQ reencarnados nos últimos tempos no cinema, Batman foi o que aprendeu com mais dureza a lição de que não basta ter asas para voar. Ressuscitado em 1989 pelas mãos do diretor Tim Burton, o homem-morcego alcança em ‘O Cavaleiro das Trevas’, sua sexta aventura na franquia, a condição de anjo caído, demonstração da linha de diálogo que serve de mote para esta desventura: ‘Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão’.


O filme, que estréia no Brasil amanhã, põe o milionário Bruce Wayne na desconfortável tarefa de sobreviver à chegada de Coringa a Gotham City. De quebra, mostra a gênese do Duas Caras. E eleva a condição generalizada de crise -moral, social, existencial- ao patamar mais interessante da franquia.


O responsável pela tarefa de risco foi o britânico Christopher Nolan, que, além de dirigir, assina o roteiro com seu irmão Jonathan. Para os fãs insatisfeitos com ‘Batman Begins’ (2005), a estréia de Nolan na série, fica o veredicto: desta vez ele acertou em cheio.


‘O Cavaleiro das Trevas’ segue à risca o modelo seriado de aventuras da qual o super-herói é exemplo desde seus primórdios em quadrinhos. E justifica retrospectivamente as escolhas feitas por Nolan na estrutura de ‘Batman Begins’.


No longa anterior, o modelo de filme de ação era relativamente descumprido em toda a primeira hora, num visível esforço de Nolan de refundar a mitologia do personagem. Pouca movimentação seguia a narrativa das origens do super-herói, que deslocava o filme para o terreno psicológico, interrompido aqui e ali por combates.


Agora fica mais clara a função de prólogo de ‘Batman Begins’, e ‘O Cavaleiro das Trevas’ pode se concentrar na ação desde os minutos iniciais, mantendo-se num excitante ritmo por quase duas horas e meia.


Para se distinguir da imagem marcante criada pelo refundador da série, Nolan impõe uma visão mais realista ao personagem e seu universo. Burton marcou Batman com a inclinação gótica e carnavalesca de seu estilo, elegendo as máscaras e fantasias como foco da atenção.


E foi seguido com muito menos talento por Joel Schumacher nos dois títulos seguintes.


Nolan prefere desvalorizar as máscaras, seja usando-as na forma reproduzida, como nos falsos Coringa e Batman que aparecem nas duas primeiras seqüências do novo filme, seja mostrando a maquiagem do Coringa se derretendo sobre a face de Heath Ledger, numa última aparição assombrosa.


Para se livrar do peso excessivo de outro antecessor (Jack Nicholson) na pele do vilão, Ledger oferece outra encarnação aos maus modos do personagem, mais grotesco e menos caricato. Sua face degradada é o duplo monstruoso do Bruce Wayne com o rosto limpo e a pele cuidada de Christian Bale, dualidade que só se confirma com a irrupção de Duas Caras.


Conceitos e simbolismos à parte, o que não falta ao filme é espaço para o arsenal de truques visuais e encantamentos, como o Bat-Pod, a supermoto e as seqüências com câmeras Imax, capazes de deixar qualquer marmanjo boquiaberto.


BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS


Produção: EUA, 2008


Direção: Christopher Nolan Com: Christian Bale, Heath Ledger, Gary Oldman, Aaron Eckhart


Onde: estréia amanhã nos cines Bristol, TAM, Pátio Higienópolis e circuito


Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos


Avaliação: ótimo’


 


 


Público do filme brasileiro encolhe 30% no semestre


‘O público do filme brasileiro caiu 30% neste semestre, em relação a igual período do ano passado. O número de estréias nacionais também encolheu.


Foram 40 lançamentos nacionais no primeiro semestre de 2007, contra 29 neste ano.


O público acumulado por todos os filmes nacionais neste primeiro semestre é de 3,5 milhões. No total, foram vendidos 42,5 milhões de ingressos no país, o que representa uma queda geral de público de 11,3% em relação ao ano passado.


Os dados foram divulgados pelo portal especializado em mercado de cinema Filme B.


‘Talvez a gente esteja perdendo o hábito de ir ao cinema, e a queda do filme brasileiro esteja nesse contexto’, diz o cineasta Helvécio Ratton, que lançou na última sexta o longa infantil ‘Pequenas Histórias’.


No ano passado, a soma de público dos títulos brasileiros no primeiro semestre -5 milhões- era inferior ao total de espectadores do título-líder do ranking de mais vistos -’Homem-Aranha 3’, com 6,1 milhões de espectadores.


Neste ano, o filme mais visto no país também é uma produção hollywoodiana -’Homem de Ferro’. Mas o seu total de espectadores é de 2,8 milhões, cifra inferior, portanto, aos 3,5 milhões acumulados pelos títulos nacionais até aqui.


Entre os filmes brasileiros, o líder isolado de bilheteria é ‘Meu Nome Não É Johnny’, de Mauro Lima, com 2,1 milhões de espectadores, o que representa 60% do público total dos filmes nacionais no período.


Em 2007, a concentração num grande sucesso existia, mas era menos acentuada. ‘A Grande Família – O Filme’, de Maurício Farias, que foi lançado em janeiro, dominou o semestre, com seus 2 milhões de público, ou 40% do total.


O filme de Ratton, em cartaz em 29 salas, foi visto por 4.345 pessoas. ‘Foi uma estréia modesta, mas ele está se mantendo e reagindo’, diz o diretor, na opinião de quem há um preconceito contra o cinema brasileiro, que o público incorpora sem notar, devido a uma distorção estrutural do mercado.


Berço


‘A criança brasileira vê filme americano desde o berço. Às vezes, só vai tomar contato com o filme brasileiro já jovem ou adolescente. O filme sem legenda é que vira filme estrangeiro para ela. Isso cria um estranhamento frente ao produto brasileiro’, afirma Ratton.


Se o cinema brasileiro não conseguir produzir, até o final do ano, outro sucesso equivalente a ‘Meu Nome Não É Johnny’ e mantiver a participação no mercado que obteve neste primeiro semestre-de 8,3%-, sofrerá sua maior queda desde 2003, pelo menos.


Quanto ao resultado do filme estrangeiro, as expectativas do mercado se concentram na estréia, amanhã, de ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’, com potencial de arrasa-quarteirões.’


 


 


Secretaria de Cultura dará R$ 8,5 mi a filmes


‘A Secretaria de Estado da Cultura distribuirá, por concurso, R$ 8,5 milhões para a produção e a finalização de longas. As inscrições estão abertas até 29/ 8. O Programa de Fomento ao Cinema Paulista estabelece que os autores dos projetos concorrentes devam residir em São Paulo há mais de dois anos, mas não exige que as histórias sejam filmadas no Estado. ‘A necessidade de que o cineasta resida no Estado e a empresa produtora tenha sede aqui cria um vínculo de natureza econômica, pois estará sendo estimulada a indústria do Estado. Mesmo que o filme venha a ser filmado fora, boa parte da equipe será daqui e, principalmente ele será de uma empresa paulista’, diz o cineasta André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento da Secretaria Estadual de Cultura.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 17 de julho de 2008


 


OPERAÇÃO SATIAGRAHA
Vera Rosa


Presidente avaliou a reação para evitar dano à imagem


‘A defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez do delegado Protógenes Queiroz não foi de improviso. Menos de 24 horas depois do anúncio do afastamento do homem que pôs o banqueiro Daniel Dantas na berlinda, Lula foi informado por auxiliares que a saída de Protógenes prejudicaria a imagem do governo. O publicitário João Santana, consultor do governo, estava na linha de frente dos assessores ouvidos no Palácio do Planalto.


A análise recebida por Lula não deu margem a dúvidas: aos olhos da sociedade, o afastamento de Protógenes passa a idéia de que o governo quer esconder alguma coisa na investigação sobre crimes financeiros e desvio de recursos públicos. O presidente saiu das conversas convencido de que o delegado só foi afastado por causa da guerra entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).


Protógenes tem a confiança de Paulo Lacerda, que comanda a Abin, mas vivia às turras com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa. Na prática, as investigações da Operação Satiagraha começaram há cerca de quatro anos, quando Lacerda ainda chefiava a PF. Subordinado ao ministro da Justiça, Tarso Genro, Correa não brecou a Satiagraha, mas, na versão de Protógenes, também não forneceu meia centena de homens para reforçar a operação, conforme solicitado. O delegado convocou, então, agentes da Abin para a tarefa. Compartilhou com arapongas dados sob segredo de Justiça.


VAIVÉM


O gesto irritou Correa e Tarso, que acabaram perdendo o controle da Satiagraha. Mas Lula ficou furioso com a notícia de que pressões do governo empurraram Protógenes para fora do caso. Não foi só: a tentativa do grupo de Correa de neutralizar Paulo Lacerda – que defendia a permanência do delegado – desagradou a Lula. O presidente aprecia o trabalho do diretor-geral da Abin, sempre elogiado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.


Antes de escancarar a insatisfação com a degola de Protógenes, Lula pediu a Tarso que acertasse com a Polícia Federal a volta do delegado e desmentisse as informações sobre a saída compulsória.


Contrariado, o presidente disse ao ministro que o governo não poderia arcar com o ônus de uma iniciativa desastrada da corporação. Mais: alegou que, ‘na cabeça das pessoas’, a troca de Protógenes alimentaria versões infundadas de que o Planalto agiu para esconder a sujeira embaixo do tapete depois da divulgação de conversas grampeadas entre petistas.


A essa altura, porém, o delegado Ricardo Saadi, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros da PF de São Paulo, já havia sido anunciado como substituto de Protógenes. A PF negou-se a rever a indicação. A situação criou constrangimento para Tarso e reacendeu a crise. Na tentativa de espantar o mal-estar político, o ministro repetiu à noite que Protógenes deixou o cargo por iniciativa própria. Seguiu orientação de Lula, que, após distribuir broncas, mandou o auxiliar desfazer a rede de intrigas sobre o afastamento do delegado.’


 


 


BRT-OI
Michelly Teixeira


Oi levanta R$ 4,3 bilhões para comprar a Brasil Telecom


‘A Oi anunciou ontem um reforço para financiar a compra da Brasil Telecom (BrT). Por meio da Telemar Norte Leste, o grupo captou com o Banco do Brasil (BB) R$ 4,3 bilhões em cédulas de crédito bancário. E está para fechar a emissão de até R$ 3,6 bilhões em notas promissórias com um ano de prazo.


A compra da BrT ainda depende de uma mudança na regulamentação do setor. Está em consulta pública pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma proposta para o Plano Geral de Outorgas (PGO), um decreto presidencial com normas para o setor. A versão atual do decreto impede que uma concessionária de telefonia fixa compre outra, o que é o caso da operação. O novo texto, em consulta pública, permite que um mesmo grupo controle até duas concessões.


Em comunicado enviado ao mercado, a Oi informou que as cédulas emitidas têm prazo de vencimento de oito anos e sua remuneração equivale à variação do CDI, mais 1,30% ao ano.


Para adquirir a BrT, a Oi tem a intenção de buscar R$ 11 bilhões no mercado este ano. Desse montante, R$ 8 bilhões estão em andamento via colocação das cédulas de crédito bancário e de notas promissórias.


CONTROLE


O preço acertado pelas concessionárias para o bloco de controle da Brasil Telecom Participações, que está acima da operadora na cadeia societária, é de R$ 5,8 bilhões. Isso equivale a R$ 72,30 por ação da empresa de participações, papéis que estão valendo cerca de R$ 52,00 no mercado financeiro.


Enquanto não fica pronto o PGO, a Oi se prepara para a operação. A empresa fez compras pontuais, na Bolsa de Valores, de ações preferenciais da Brasil Telecom Participações e da Brasil Telecom.


No próximo dia 22, fará uma oferta pública voluntária (OPA) para completar o limite de 1/3 das ações PN em circulação. As compras foram feitas por intermédio do Credit Suisse, que na qualidade de comissário pode agir por conta e ordem da Oi. Os preços definidos para o leilão são R$ 30,47 e R$ 23,42, respectivamente, para a holding e a operadora. No mercado, esses papéis estão sendo negociados a R$ 24,70 e R$ 19,24, nessa ordem.


APROVAÇÃO


Mesmo depois de modificado o PGO, a aquisição da BrT pela Oi ainda precisaria ser aprovada pela Anatel e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A nova empresa teria 55,8% do mercado brasileiro de telefonia fixa, com 22 milhões de linhas, 39,6% da banda larga (3,275 milhões de assinantes) e 18,8% da telefonia celular (24,61 milhões de assinantes). Os acionistas da Oi argumentam que, com a compra da Brasil Telecom, terão mais capacidade de concorrer com os espanhóis da Telefônica e os mexicanos da Claro e da Embratel.’


 


 


Oi FM estréia em São Paulo


‘A Oi iniciou ontem as transmissões de sua rádio FM em São Paulo, na faixa de 94,1 MHz. O lançamento antecede a estréia da operadora no mercado paulistano de telefonia móvel, programado para ocorrer em outubro. O lançamento faz parte do esforço da empresa para reforçar sua marca na capital paulista. Segundo informações da operadora, as vinhetas criadas para o lançamento têm as vozes dos artistas Debora Bloch e Paulo Miklos.


As primeiras transmissões da rádio da Oi em outras áreas de atuação da concessionária – a empresa opera em 16 Estados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste – foram feitas em 2005. Inicialmente, a rádio foi lançada na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Depois, vieram Uberlândia, Rio de Janeiro, Vitória, Fortaleza e Recife.


‘A Oi FM faz parte da estratégia de distribuição de conteúdo da companhia, focada em levar o ao público uma programação diferenciada’, diz o diretor de Mídia e Conteúdo da empresa, José Luís Volpini, em nota.’


 


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Indústria da comunicação cria fórum permanente


‘Como as edições anteriores criaram marcos para o negócio da publicidade, a pergunta recorrente ontem no encerramento do IV Congresso Brasileiro de Publicidade, em São Paulo, era qual seria a proposta que sintetizaria a atual. O último Congresso, realizado há 30 anos, criou o Conar, que é reconhecido como eficiente instrumento de auto-regulamentação do mercado.


Os organizadores Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), e Luiz Lara, presidente da agência Lew?LaraTBWA, não titubearam na resposta: ‘Agora somos uma ?indústria da comunicação?, unida pelos interesses comuns desse mercado, que movimenta cerca de R$ 57 bilhões ao ano.’


A prova disso, segundo eles, está no fato de que nunca as agências de publicidade, os veículos de comunicação e os prestadores de serviços de marketing se reuniram com tanta representatividade num mesmo evento como ocorreu nos últimos três dias. ‘O nosso mercado era visto como o de um monte de estrelas publicitárias incapazes de conversarem entre si por pura vaidade’, diz Pastore. ‘Mostramos que não só juntamos 31 entidades em prol de teses comuns, mas também que vamos unificar os nossos códigos de ética e traçar regras de governança e procedimentos seguidos por todos’, diz Lara.


Na prática, os profissionais do setor produziram uma articulação política até então inexistente. Haverá, a partir de agora, um Fórum Permanente para a discussão dos temas que afetam o setor, com data já agendada para a próxima reunião geral, em maio de 2009. Além disso, também será dado apoio formal à recém-criada Frente Parlamentar da Comunicação Social, no Congresso Nacional. A intenção é auxiliar e esclarecer deputados e senadores que criarem projetos de lei sobre a atividade.


Há uma boa razão para isso. Atualmente, existem cerca de 300 projetos que, de alguma forma, tentam restringir a atuação da publicidade ou dos meios de comunicação.


Foi por isso mesmo que um dos debates recorrentes do IV Congresso foi a relevância da liberdade de expressão comercial. Da parte dos publicitários, em defesa da linguagem criativa nos anúncios e da necessidade de os anunciantes exibirem seus produtos e serviços. Da parte dos veículos, em prol da boa propaganda, que dá condições de manutenção da qualidade do bom jornalismo e do entretenimento produzido por eles.


‘O Congresso atestou a força do mercado brasileiro de comunicação, do talento dos profissionais que nele atuam e que já estão se internacionalizando. Tudo, lógico, impulsionado por uma economia em fase pujante’, diz o publicitário Daniel Barbará, coordenador de uma das 15 comissões que se reuniram no evento. ‘Mas também expôs fragilidades próprias de uma economia subdesenvolvida e de um mercado que precisa se organizar para mudar de patamar.’


Foram dez meses de trabalho dedicados à realização do IV Congresso, com alguns resultados práticos, como a conscientização de que as empresas do setor devem reivindicar, unidas, melhor remuneração para toda a cadeia de serviços prestados no entorno do negócio da propaganda. É o caso das produções de filmes comerciais, de operadoras de som, assim como das agências de eventos e ações de marketing nos pontos-de-venda.


Entre as teses aprovadas no evento está a implantação da grife ‘criado no Brasil’, no lugar de ‘made in Brazil’, para assinar todos os produtos e serviços com origem no País.’


 


 


Fabiane Leite


Conar aperta cerco à cerveja


‘O Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) informou ontem que 61 propagandas de bebidas alcoólicas já foram encaminhadas ao conselho de ética da entidade nos últimos dois meses, após a edição de novas normas para a publicidade do setor. Ao longo de todo o ano de 2007, 52 anúncios tinham sido enviados à área. O conselho votou pela suspensão, por exemplo, de comerciais que exibiam modelos como tampinhas de garrafas e que insinuavam que beber cerveja aumenta a quantidade de amigos.


Entre as novidades do novo capítulo sobre bebidas alcoólicas estão o veto ao apelo à sensualidade nos comerciais – antes o veto era ao erotismo, o que deixava margem para comerciais com exibição de mulheres em trajes mínimos. Além disso, não é recomendada a comparação da bebidas a modelos femininos ou masculinos e a exibição de grande quantidade de bebida – uma mesa cheia de garrafas, por exemplo. Novas mensagens de advertência também foram introduzidas, como ‘quem bebe menos, se diverte mais’.


No Brasil a publicidade de cerveja é liberada e a auto-regulamentação é a bandeira do setor de publicidade contra a proposta do governo federal encaminhada ao Congresso de restringir os comerciais do produto ao período das 21 horas às 6 horas para diminuir os danos à saúde.’


 


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Batman, heroísmo e democracia


‘Ele é impressionante, sim, e a pergunta que você vai se fazer, aturdido diante da sensacional criação de Heath Ledger como Coringa, é – de que zona sombria de sua personalidade o ator retirou a inspiração para seu anarquista tão intenso e radical? A morte prematura de Ledger, no começo do ano, com certeza vai transformar o Coringa no foco de interesse de Batman – O Cavaleiro das Trevas, mas você vai ver que a importância não é só midiática. O Coringa é o oposto que completa o herói. São antinômios perfeitos. O herói e sua projeção explosiva, ou negativa. Mas será injusto com o Batman de Christian Bale e o próprio filme de Christopher Nolan se, de repente, Heath Ledger virar o ‘plus a mais’ do blockbuster que toma amanhã de assalto centenas de salas de todo o País.


Se Batman – O Cavaleiro das Trevas é uma tragédia, o pathos passa por Bale e seu herói torturado, não pelo Coringa, nem por Harvey Duas Faces, o outro vilão, interpretado por Aaron Eckhart, que começa o filme do lado do bem e realiza uma passagem para o lado escuro da própria força. Coringa começa o filme como um vilão acabado, o louco que, como diz Alfred, o mordomo a quem Michael Caine dá humanidade e fleuma, quer ver o circo pegar fogo. Harvey é o vilão que se constrói perante os olhos do espectador, como Annakin Skywalker, passando para o lado escuro para virar Darth Vader em outra série, Star Wars. Mas a pergunta persegue o espectador – como Heath Ledger virou esse louco que age e ri de maneira sinistra, e antecipa reações do Homem-Morcego e de Harvey para fazê-los cair nas ciladas que prepara?


Ledger começou como herói teen, fazendo o filho de Mel Gibson em O Patriota, de Roland Emmerich, e o escudeiro que sonha alto em Coração de Cavaleiro, de Brian Helgeland. Muita gente considerou um ato de coragem – ou de suicídio artístico – que um jovem ‘viril’ tenha embarcado na aventura de dar alma ao pastor gay de O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee. Veio depois o poeta junkie de Candy, de Neal Armfield. Heath Ledger já vinha flertando com sua porção destrutiva, mas seria mera especulação fazer uma ponte entre os personagens recentes e a morte por overdose. O Coringa, de qualquer maneira, seria um ponto de não retorno de sua carreira. Terá ele percebido isso?


Para tristeza – ou desespero – dos críticos que gostam de generalizar e descartam, em bloco, os blockbusters de Hollywood, Batman – O Cavaleiro das Trevas é mais uma prova de que existe vida inteligente no cinemão. Desta vez, quem fornece a evidência é Christopher Nolan, que já havia feito Batman Returns, renovando a franquia reiniciada por Tim Burton em 1989. Nolan surgiu com dois thrillers, Amnésia, famoso por contar sua história de trás para a frente, e Insônia, no qual ele subverteu o próprio conceito do filme noir, fazendo com que sua história de crime se passasse no dia eterno do Ártico.


É possível perceber agora que, na verdade, Nolan, consciente ou inconscientemente, já vinha se preparando para O Cavaleiro das Trevas e, em especial, para a cena do andaime, quando Batman suspende o Coringa pelo pé e a câmera descreve um momento para igualar o homem invertido – metáfora moral – e o herói. Tudo converge para essa cena e o herói penitente passa o tempo todo brigando consigo mesmo. O desejo de vingança, após a morte dos pais, transformou Batman num justiceiro, mas ele se questiona o tempo todo sobre seu papel na sociedade. O filme é sobre a organização social, sobre a necessidade ou não de heróis, sobre os riscos que mesmo o heroísmo impõe à democracia. Tem tudo a ver com os EUA de George W. Bush e, curiosamente, embora esta não fosse a intenção, com o Brasil em que os policiais estão virando piores que bandidos para o trabalhador. Grande filme.


Preste Atenção…


…nas locações reais em Hong Kong e Chicago. A cena de Batman no edifício Sears Tower foi feita pelo próprio Christian Bale, sem dublês, de tal maneira o ator incorporou o personagem. Pena que no Brasil ainda não existam cinemas imax. São 6 cenas nessa tecnologia, como a dos saltos do avião e do edifício, para dar a vertiginosa sensação de vôo livre, inédita numa obra de ficção.


…na voz do Coringa. O diretor baseou a composição física do personagem em Johnny Rotten (Sex Pistols) com uma pitada de Iggy Pop, mas a voz aterrorizante e cavernosa foi criação de Heath Ledger.


…na fotografia. Nolan e o fotógrafo Wally Pfister criaram novo estilo. Escureceram as bordas da tela, criando imagens mais escuras das quais os personagens parecem saltar como figuras expressionistas, aprimoramento do que Tim Burton fez no Batman de 89.


…na sinistra ambivalência do Coringa, que ‘contamina’ o herói e o leva para áreas também sombrias. Batman não é mais filho do otimismo pré-Guerra Mundial de Bob Kane e também vai adiante da desilusão pós-Vietnã que criou o Cavaleiro das Trevas. O novo Batman e o Coringa surgem num mundo em chamas – os créditos iniciais – marcado pelo terrorismo.’


 


 


Jotabê Medeiros


Gibi que inspirou vilão está completando 20 anos


‘O Coringa que Heath Ledger faz em O Cavaleiro das Trevas saiu diretamente das costelas de uma história em quadrinhos que está completando 20 anos: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, gibi fantástico de 1988. Mas tem muito também de Batman Ano Um, de David Mazzuchelli e Frank Miller, de 1989, que mostra a origem do personagem Comissário Gordon e de seu aliado, o justiceiro fora-da-lei Batman.


Mas é A Piada Mortal que prevalece, porque também prevalece o vilão freak de Heath Ledger, The Joker. Naquele gibi, além de contar como surgiu o personagem, Alan Moore radicalizava seus instintos homicidas – ele chega a deixar Barbara Gordon, a Batmoça, paraplégica.


A diferença do Coringa do filme com o Coringa de Alan Moore nos quadrinhos é que, na telona, Nolan não tentou explicar a gênese desse personagem terrível, homicida, psicopata, um cirurgião plástico do inferno. Já Moore, nos anos 80, tentava encontrar uma motivação para The Joker. Havia uma tragédia pessoal detrás de toda a loucura, de todo o sadismo.


No filme, Heath Ledger/O Coringa falseia sua biografia, reescreve tragédias pessoais a todo momento, sarcástico, inventado um jeito novo de contar a história de sua cicatriz medonha na boca – na verdade, o filme zomba das explicações psiquiátricas convencionais, da dor como habeas corpus da insanidade.


‘Sou como um cachorro perseguindo carros’, diz simplesmente o Coringa. Não há explicação lógica para seus atos, é apenas pelo prazer de caçar, de perseguir, um prazer sádico (há também um componente masoquista; ele vibra salivando enquanto apanha do Batman).


Há muita coisa a favor desse novo Batman. Por exemplo: se o sujeito vai em busca de ação, não vai encontrar a ação que já se tornou clichê nos filmes do tipo, com a radicalização das lutas marciais de socos contínuos, aquelas coisas. Não tem porrada ética nesse filme, é tudo golpe baixo.


Há uns probleminhas de roteiro, coisa de nada (afinal, se o Coringa comete homicídios em massa, porque na delegacia deixam só um sujeito, e desarmado, cuidando dele, e ele ainda sem algemas?). Tem uns diálogos também que não estão à altura. Falta charme a Maggie Gyllenhaal, que substituiu Katie Holmes como a mocinha.


Heath Ledger faz a gente esquecer o Coringa camp de Jack Nicholson. A profusão de mortes de inocentes pode levar a uma analogia fácil com a situação brasileira, a execução de meninos no Rio de Janeiro, os garotos sendo entregues para traficantes torturarem. De fato, o Coringa concentra o que há de pior na natureza humana. Mas ele é apenas uma representação do abismo. A realidade é bem pior.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Lobão faz hora extra


‘Lobão ganha, no dia 18 de agosto, mais um programa na MTV. Batizada de Código MTV, a atração fala sobre a origem dos novos movimentos musicais, reunindo, em cada programa, bandas com o mesmo estilo.


Além dos shows dos convidados, que tocam músicas próprias e covers, a atração traz entrevistas e vídeos com um pouco da história de cada movimento musical.


Vale lembrar que Lobão entrou na MTV em junho do ano passado para substituir Cazé – por apenas três meses – no comando do Debate MTV, e segue como apresentador da atração até hoje.


O contrato do cantor – que no passado já detonou o canal musical – acaba em dezembro e tem grandes chances de ser renovado, uma vez que a audiência da MTV responde bem aos seus programas.


Após o fim do Saca-Rolha, do Canal 21, Lobão chegou a ser convidado a integrar o júri fixo de Ídolos, que estréia em agosto na Record, mas não aceitou. Fará apenas uma ponta em um rodízio de jurados que o SBT promoverá em Astros, se revezando com nomes como Kelly Key, Kiko Zambianchi e João Gordo na vaga da jurada Cyz, em licença-maternidade.’


 


 


 


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