Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Enxurrada de reclamações da cobertura dos conflitos

Em sua coluna de domingo (23/7), Deborah Howell, ombudsman do Washington Post, tratou sobre a cobertura do conflito entre Israel e Líbano. Segundo ela, escrever sobre Israel é uma barreira para o jornalismo americano: ‘Trate do assunto criticamente e você incita fortes emoções’. Por esta razão, a ombudsman revela que não foi com surpresa que recebeu muitos e-mails negativos sobre a cobertura do conflito no Oriente Médio. ‘Os leitores – a maior parte deles apóia Israel – reagiram veementemente a dois comentários específicos, mas também a notícias, manchetes, e a um artigo da revista do Post‘, relatou Deborah.


O Post tem dois correspondentes de guerra na região desde o início dos confrontos – Scott Wilson, em Israel, e Anthony Shadid, no Líbano – e enviou mais repórteres para o local na semana passada. ‘A cobertura tem sido clara e profunda, e particularmente comovente quando trata da incerteza e do medo do povo de Israel e do Líbano’, observou a ombudsman.


Reações furiosas


A maior parte das críticas dos leitores era referente a dois comentários em especial. Um deles, publicado em 11/7, antes de o conflito no Líbano ter se intensificado, foi feito pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, que controla o Parlamento palestino. Sua visão da recente disputa em Gaza foi previsivelmente crítica a Israel, país que o Hamas se recusa a reconhecer.


A leitora Emily Rose, de Fairfax, foi um dos leitores furiosas. ‘Não importa o quanto eu tente entender sua decisão de dar a Ismail Haniyeh e ao Hamas (grupo terrorista que ele representa) publicidade gratuita, eu simplesmente não consigo compreender por que vocês deram a ele uma plataforma pública para denegrir Israel… O Hamas continua a rejeitar o direito de Israel de existir’, desabafou.


Uma coluna assinada por Richard Cohen, publicada na terça-feira (18/7), causou reações ainda mais fortes. Em seu artigo de opinião, Cohen escreveu que ‘o grande erro que Israel poderia fazer no momento é esquecer que Israel é um erro. É um erro honesto, bem intencionado, pelo qual ninguém é culpado, mas a idéia de criar uma nação de judeus europeus na área de muçulmanos árabes (e alguns cristãos) produziu um século de terrorismo e luta do tipo que estamos vendo agora’.


Stephen J. Morton, de Nova York, estava entre os milhares de leitores ofendidos. ‘A grande ofensa do artigo de Cohen foi o uso da palavra ‘erro’. Não há dúvidas de que a história de Israel é complexa, mas eu acredito que o editorial foi repreensível, como foi a decisão do jornal de publicá-la’, opinou o leitor.


Bons editoriais e comentaristas fazem os leitores ampliarem seus pontos de vista, observa Deborah. ‘Na realidade, os artigos de Cohen e Haniyeh foram provocativos. Mas também tivemos diversos artigos de opinião pró-Israel, incluindo um de Charles Krauthammer, que falava que Israel devia invadir o Líbano e expulsar o Hezbollah’, ressalta ela.