Thursday, 09 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Jornalista criticada por comemorar renúncia de Rove

A colunista Nicole Brodeur, do Seattle Times, confessa em artigo no diário [17/8/07] que foi uma das pessoas que comemoraram na redação quando o estrategista Karl Rove anunciou, na semana passada (13/8), que deixaria a Casa Branca no final de agosto. Mesmo sem ter sido acusado oficialmente, Rove, conselheiro e amigo do presidente George Bush, teve o nome envolvido no escândalo do vazamento da identidade secreta da agente da CIA Valerie Plame.


Ironicamente, a reação de Nicole e de alguns de seus colegas à saída de Rove acabou vazando na mídia. A comemoração interna rendeu uma outra pauta, debatida em fórum no sítio The Stranger: devem os jornalistas trazer suas opiniões pessoais para dentro da redação? Logo o caso ganhou destaque ao ser comentado pelo jornalista Howard Kurtz, que escreve sobre mídia no Washington Post. Kurtz classificou o episódio de ‘vergonhoso’. O próprio Rove riu da situação em entrevista a um programa de rádio.


Lugar sagrado


O editor-executivo do Seattle Times, David Boardman, ficou decepcionado com a comemoração. ‘Uma boa redação é um lugar mágico e sagrado, no qual podemos testar cada alegação, desafiar pontos de vista, discutir questões fundamentais que aqueles no poder esperem que perguntemos. Mas o jornalismo é baseado em fatos’, escreveu ele em um memorando para a equipe.


Nicole conta que, na redação, toda manhã, cerca de 20 pessoas se reúnem por meia hora para conversar e trocar opiniões sobre as pautas e matérias. ‘Ao fazer isto, compartilhamos uma parte de nós como contribuintes, pais, consumidores e membros da comunidade’, diz. ‘Eu comemorei porque acho que Karl Rove é um homem perigoso que já fez muito estrago ao cochichar no ouvido do presidente Bush. Estamos em guerra e US$ 37 bilhões de investimentos federais já foram gastos na ‘reconstrução’ do Iraque, mesmo com a maioria dos americanos querendo seus filhos, filhas, esposos, esposas e impostos fora de lá’, dispara. Mas a colunista admite que não devia ter comemorado. ‘Foi falta de consideração com as outras pessoas na redação que tinham outros pontos de vista em relação a Bush e Rove, mas optaram por ficar quietas’, conclui.