Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

“Atentado à liberdade de imprensa”

O sociólogo Paulo Baía, que sofreu sequestro-relâmpago na manhã desta sexta-feira (19/7) no Rio de Janeiro [ver aqui], disse ao Observatório da Imprensa que se considera vítima de um atentado contra a liberdade de imprensa. “Foi uma reação à entrevista publicada hoje no jornal O Globo”, disse Baía.

Na entrevista, o sociólogo cita três conjuntos de “tribos” urbanas que se fizeram notar pela violência nas manifestações de junho: os que seguem uma política ideológica, os que se agregam por questões de natureza sociocultural e pessoas ligadas ao crime. Baía especificou resultados de uma pesquisa feita por ele em várias cidades do país, segundo a reportagem de O Globo:

“A primeira linha é formada por anarquistas, trotskistas, leninistas, partidos de oposição que acreditam na violência como meio de revolução. A outra faixa tem funkeiros, skinheads e Black Bloc, que se tornaram visíveis com as manifestações, além dos punks e das torcidas organizadas. Por último, temos os bandos com vínculos com facções criminosas, como traficantes, milicianos e bandidos comuns”.

Baía mencionou também bombeiros e policiais militares favoráveis à PEC 300, proposta de emenda constitucional que propõe igualar salários de policiais militares de todo o país. Ele não avança a hipótese de que seus sequestradores sejam indivíduos ligados à Polícia Militar do Rio de Janeiro. “São pessoas que pretendem conduzir a situação política na direção de um Estado policial. Não me bateram, apenas ameaçaram: não dê mais entrevistas e não fale mais da PM do Rio. Existe também a hipótese de que seja gente que quer queimar a Polícia Militar”, afirmou.

O sociólogo disse que sentiu medo, mas que não pretende deixar de manifestar livremente sua opinião. Ele agradeceu o tratamento recebido do procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, e da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, autoridades que procurou para denunciar o atentado.