Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Os números da cobertura política no Post

Em sua coluna de domingo [17/8/08], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, analisou a cobertura do diário em relação aos candidatos Barack Obama e John McCain. Segundo ela, no que se refere ao número de matérias de capa, desde que Obama tornou-se potencialmente o indicado pelo partido democrata, em junho, ele tem uma vantagem de três a um sobre McCain. Isto se explica pelo fato de ele ser menos conhecido que o candidato republicano e por ser o primeiro candidato negro na disputa pela Casa Branca.

De todas as matérias políticas do Post publicadas de junho até a semana passada, Obama esteve em 142 – contra 96 de McCain. Só de capa, ele esteve em 35 artigos; McCain, em 13. Os dois apareceram em 15 artigos sobre pesquisas ou assuntos como terrorismo e segurança social.

Em relação a fotos, 122 eram de Obama e 78 de McCain, quando Deborah citou a disparidade há duas semanas. Após isto, a diferença ainda assim continuou grande: 143 para Obama, 100 para McCain. Nas fotos de capa, mais equilíbrio: 10 para o democrata e nove para o republicano.

Mais destaque em toda a mídia

Isto não é exclusividade do Post. O Project for Excellence in Journalism vem monitorando jornais de grande e média circulação, telejornais noturnos e matutinos, sítios de notícias, redes de TV a cabo e emissoras de rádio. Em seu último relatório, da semana de 4 a 10/8, Obama recebeu significativamente mais destaque que McCain na mídia – pela oitava vez em nove semanas.

O predomínio de matérias de capa de Obama deve-se pelas concorridas primárias e sua viagem ao exterior em julho, que lhe deram mais visibilidade. Nem toda a cobertura de capa de Obama foi favorável – algumas envolviam o polêmico reverendo Jeremiah Wright Jr. e outras criticavam o desconto de empréstimo à compra de um imóvel concedido a ele. O mesmo ocorreu com McCain.

Na opinião de Bill Hamilton, subeditor de política do Post, não é certo pesar a cobertura por meio de números. ‘Nós tomamos nossas decisões sobre o que consideramos de valor jornalístico. Não medimos nosso produto no fim do dia para preencher uma cota. Isto significa que, como editores, decidimos o que é importante, porque nossos leitores esperam isto de nós’, defendeu. ‘A nomeação de um primeiro candidato negro para disputa presidencial depois de concorridas primárias e seus esforços de unir um partido após isso tinham mais valor jornalístico que um candidato cuja nomeação já era certa e que gastou muito tempo levantando recursos. No final, nós podemos e devemos ser julgados pela imparcialidade da nossa cobertura, mas é um julgamento que deve ser feito ao longo de toda a campanha, e não em um único período de tempo’.