Monday, 13 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Piora saúde de jornalista em greve de fome

Guillermo Fariñas, diretor da agência de notícias independente Cubanacan Press, encontra-se em condições críticas de saúde após mais de quatro meses em greve de fome, como informa Aaron Glantz [OneWorld, 10/6/06]. Fariñas decidiu parar de comer depois que o governo cubano proibiu sua conexão de internet. Desde janeiro, o jornalista tem passado a maior parte do tempo no hospital, e teve de se submeter a uma cirurgia de emergência para remover fluidos do pulmão, de acordo com informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). ‘Estamos chocados que Guillermo Fariñas tenha ficado criticamente doente em protesto contra a política do governo de privar cubanos do acesso à internet’, afirmou em declaração a diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper.

Segundo a mãe de Fariñas, que é enfermeira, o jornalista sofreu falência dos rins desde o começo da greve de fome, teve um pneumotórax, que é um acúmulo de ar entre o pulmão e a membrana que reveste internamente a parede do tórax, e desenvolveu também um coágulo de sangue na cavidade pleural. ‘Estou pronto para morrer. Fidel sabe a minha posição’, afirmou Fariñas, referindo-se ao pedido para que o governo de Fidel Castro encerre sua proibição ao jornalismo independente no país e permita que o público cubano tenha acesso irrestrito à internet.

De acordo com o CPJ, hoje Cuba mantém 25 jornalistas presos por dissidência política. Muitos deles foram detidos na Primavera Negra, operação oficial contra dissidentes do regime ocorrida em março de 2003, enquanto a atenção mundial estava focada no Iraque. Na época, pelo menos 75 dissidentes foram presos, incluindo 29 jornalistas, condenados de 14 a 27 anos de prisão. Havana alega que os presos eram espiões dos EUA.

Violação

Larry Birns, diretor do Conselho de Assuntos Hemisféricos, em Washington, acusa James Cason, que chefiou a seção de assuntos americanos em Havana de 2002 a 2005, pelas prisões. Segundo ele, Cason teria viajado por Cuba oferecendo equipamentos e dinheiro a ativistas e jornalistas. ‘Estas pessoas foram presas não por expressar sua opinião, mas por aceitar dinheiro dos EUA, um governo que por várias vezes tentou assassinar Castro’, completou.

O coordenador do programa das Américas da CPJ, Carlos Lauria, afirmou que não há provas de que os dissidentes presos tenham aceitado dinheiro do governo americano. ‘Duas semanas depois da prisão dos jornalistas, eles foram julgados sem nenhum acesso a advogados. O julgamento durou apenas um dia, sob portas fechadas, e o governo de Cuba nunca forneceu provas de suas acusações’, afirmou Lauria. ‘Eles estavam apenas fazendo seu trabalho como jornalistas. As prisões foram uma violação das normas básicas de direito internacional’.

Mais um jornalista em estado grave

Um dos jornalistas que continua preso, Jose Luis Garcia Paneque, também se encontra em estado crítico de saúde. Desde que foi transferido, em novembro do ano passado, de um centro de detenção em Havana para um na província de Granma, sua saúde piorou. Segundo o CPJ, Paneque sofre de problemas intestinais e hemorragia interna. Sua esposa informou que ele não recebe tratamento médico adequado na prisão. O jornalista, que dirige a agência de notícias independente Libertad, foi condenado em março de 2003 a 24 anos de prisão.