Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Vera G. Martins: A lorota da notícia grátis

Trecho do texto “Spotlight e a lorota da notícia grátis” produzido pela ombudsman do jornal Folha de São Paulo.

“Spotlight – Segredos Revelados”, filme sobre a investigação que levou o jornal The Boston Globe a desnudar o problema de pedofilia na Igreja Católica, está longe de ser obra para jornalistas.

O roteiro conseguiu transformar os cinco meses consumidos de uma apuração trabalhosa e com certeza maçante em um “thriller” interessante.

Uma pena que, como disse à Folha um dos repórteres que atuou na cobertura, o filme deva atrair um publico já habituado a ler jornais, e não os milhões que aderiram ao noticiário na era digital, a maior parte cevada na lorota do conteúdo gratuito.

Como ideal, a “internet free” é uma delícia libertária; seu problema é bater de frente com a realidade e ignorar a velha premissa: não existe almoço grátis, ainda mais quando sua produção custa caro.

Vendo o filme, é difícil acreditar que tenham se passado só 13 anos. A velocidade das mudanças tecnológicas parece ter envelhecido precocemente aquela redação de 2002 –em parte, talvez, pela hoje impensável ausência do digital, em parte porque o filme preservou a imagem romântica do impresso distribuído em caminhões, certamente mais cinematográfica. O mundo dos jornais mudou muito desde então.

Em 2002, a crise no modelo de negócios já fazia estragos em grupos de comunicação, mas o Google era embrionário, e o Facebook nem existia. The Boston Globe tinha cerca de 500 jornalistas; hoje são 300. Em maior ou menor grau, esse encolhimento virou padrão.

Provavelmente graças ao furo de impacto mundial e aos prêmios obtidos, a profundidade dos cortes não atingiu a equipe de repórteres investigativos do jornal (a “Spotlight” que dá nome ao filme), que passou de quatro para seis pessoas.

Leia o texto completo do artigo em nossa seção Voz dos Ouvidores ou na Folha de São Paulo.