Sunday, 12 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Censores pedem mudança no tom da cobertura financeira

Com a crise de liquidez perturbando a economia chinesa, autoridades de propaganda do país alertaram a imprensa local para amenizar suas reportagens, com o objetivo de estabilizar o mercado financeiro. Em uma mensagem escrita no fim de junho e transmitida para jornais e emissoras de TV, departamentos de propaganda locais do Partido Comunista instruíram repórteres a parar de “exagerar sobre a suposta crise” e espalhar a mensagem de que a China está bem abastecida de dinheiro. Não é incomum o envio de diretrizes para a cobertura da mídia, mas é raro que estas instruções sejam dadas à imprensa especializada em economia.

“Primeiro, devemos evitar exageros nocivos. A mídia deve reportar e explicar que nossos mercados estão abastecidos com liquidez o suficiente e que nossa política monetária é estável, não tensa”, dizia a mensagem enviada pelas autoridades. “Segundo, a mídia deve fortalecer sua cobertura positiva. Ela deve reportar completamente o aspecto positivo de nossa atual situação financeira”, continuava. “Terceiro, a mídia deve guiar positivamente a opinião pública. Deve prontamente e de forma precisa explicar com tom positivo as medidas tomadas e informadas pelo Banco Central”.

A mensagem foi escrita quando o mercado de ações chinês caiu em mais de 10%. Investidores se acalmaram substancialmente desde que o Banco Central prometeu ajudar bancos em crise de liquidez com injeções de dinheiro.

O termo “crise de liquidez” ainda está sendo utilizado amplamente em manchetes e reportagens de televisão, mas o tom da cobertura aparenta ter se abrandado. Na penúltima semana de junho, quando caixas eletrônicos dos principais bancos do país ficaram suspensos por uma hora para atualizações de sistema, a mídia chinesa utilizou o incidente para fazer questionamentos sobre a escassez de dinheiro.