Tuesday, 14 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Adolescência e crueldade nas redes sociais

Um estudo do Pew Research Center, divulgado na semana passada (9/11), analisa o comportamento dos adolescentes americanos nas redes sociais – e os resultados surpreendem. Ainda que 69% dos entrevistados digam que suas relações com os amigos das redes sociais são, na maior parte, harmoniosas, 88% afirmam que já testemunharam pessoas sendo maldosas ou crueis com as outras em sites deste tipo; e 15% dizem que eles próprios já foram alvo de comportamento maldoso ou cruel em redes sociais.

O estudo foi feito pelo Internet & American Life Project, do Pew, em parceria com as organizações Family Online Safety Institute e Cable in the Classroom. O estudo foi dividido em três partes e contou com entrevistas com especialistas e estudantes divididos em sete grupos, além de uma pesquisa feita por telefone com adolescentes e seus pais com números escolhidos aleatoriamente. Foram entrevistados 799 jovens de 12 a 17 anos e um pai ou guardião legal por cada adolescente.

Atualmente, 95% dos jovens americanos de 12 a 17 anos estão online, e 80% deles são usuários de redes sociais. A maioria visita seus perfis em sites como Facebook e Twitter diariamente – e estas páginas se tornaram, basicamente, espaços sociais onde a vida real é ecoada e amplificada, “para o bem ou para o mal”, diz o relatório do estudo.

“Nós voltamos nossa atenção a esta pesquisa sobre as redes sociais porque queríamos entender os tipos de experiências que os adolescentes têm nelas e como eles agem ao testemunhar ou sofrer comportamento negativo”. O objetivo do estudo era, em grande parte, responder a questões sobre como os jovens lidam com os diferentes tipos de interação social online. Quem os influencia quanto a ser um “cidadão digital” bom ou mau? O quando eles intervêm para ajudar outros? E o quanto participam do comportamento maldoso?

Também foram analisados o ambiente que cerca as experiências online dos adolescentes – como seus cuidados com privacidade e o nível de controle exercido por seus pais – e o comportamento em situações como bullying online e offline.

Abaixo estão algumas respostas encontradas pelo estudo. A pesquisa completa, em inglês, pode ser vista aqui.

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Quando perguntados se já haviam visto alguém ser maldoso ou cruel em uma rede social, 88% dos adolescentes responderam que sim:

** 12% disseram que testemunham comportamento cruel “com frequência”

** 29% dizem que testemunham este tipo de comportamento “às vezes”

** 47% dizem que já testemunharam “uma vez ou outra”

Além disso, 15% dos adolescentes que usam as mídias sociais disseram que foram alvo, nos últimos 12 meses, de maldade via internet. De acordo com os resultados, estatisticamente, não há diferença significativa entre os jovens que já foram vítimas deste tipo de comportamento; eles são de todas as idades, raças, gêneros e categorias sócio-econômicas.

Perguntados sobre suas interações nas redes sociais, os jovens citam mais experiências positivas do que negativas:

** 78% disseram que já tiveram pelo menos uma experiência positiva

** 65% disseram que tiveram alguma experiência que os fez se sentir bem consigo mesmo

** 58% se sentiram mais próximos de outra pessoa por causa de alguma experiência em uma rede social

Por outro lado:

** 41% disseram já ter passado por alguma experiência negativa

** 25% já tiveram alguma experiência nas redes sociais que levou a uma discussão com alguém

** 22% tiveram uma experiência que encerrou uma amizade

** 13% tiveram problema com os pais

** 13% ficaram nervosos ao ir para a escola no dia seguinte a uma experiência negativa

** 8% tiveram uma briga (com agressão física) por causa de algo ocorrido em uma rede social

** 6% já tiveram problema na escola

Questionados sobre como as pessoas normalmente respondem a comportamento maldoso na rede, os adolescentes dizem que, na maioria das vezes, elas ignoram a situação:

** 95% dos jovens que testemunharam pessoas sendo crueis em redes sociais dizem que já viram outros ignorarem a situação; 55% disseram que veem isso com frequência

** 84% já viram pessoas defendendo a vítima da crueldade; 27% dizem que o veem com frequência

** 84% já viram outros dizendo que o agressor pare com o comportamento maldoso; 20% o veem com frequência

Quando perguntados sobre sua reação diante de tais situações:

** 90% dos que já testemunharam alguém sendo maltratado nas redes sociais disseram que ignoraram a situação; 35% afirmaram que o fazem com frequência

** 80% disseram que já defenderam uma vítima; 25% afirmam que fazem isso frequentemente

** 79% já chamaram a atenção do agressor; 20% costumam fazê-lo

Dois terços dos adolescentes pesquisados que já testemunharam crueldade na rede também viram outros se juntando a ela; e 21% dizem que também participaram do comportamento maldoso.

Os adolescentes que já testemunharam ou foram vítimas de crueldade na internet foram perguntados se buscaram conselhos de como lidar com a situação: 36% responderam que sim, e quase todos disseram que o conselho foi útil.

** 51% das meninas e 20% dos meninos que testemunharam crueldade online buscaram ajuda

** 92% disseram que o conselho recebido foi útil

** 53% afirmaram que pediram conselhos a um amigo; 36%, aos pais

A maioria (62%) dos adolescentes disse que seus perfis nas redes sociais estão disponíveis apenas para “amigos”, ou seja, para pessoas autorizadas por eles.

Além disso, 55% dos entrevistados disseram que já decidiram não publicar conteúdo que pudesse prejudicá-los no futuro. Este número é maior entre os jovens entre 14 e 17 anos do que entre os mais novos, de 12 e 13 anos. Entre os mais velhos, que já estão se inscrevendo – ou próximos de se insvrever – nos processos seletivos das universidades, já existe a preocupação de manter uma boa reputação.

A grande maioria dos pais disse que conversa com os filhos adolescentes sobre segurança e riscos na internet:

** 94% dos pais já falaram com os filhos sobre que tipo de informação deve ou não ser compartilhada online

** 87% já sugeriram aos filhos como se comportar online

** 87% já falaram com seus filhos sobre suas próprias atividades na internet

Curiosamente, 80% dos pais que usam as redes sociais e têm filhos que também o fazem ficaram amigos online dos filhos.

E quando o assunto é a segurança dos filhos, eles mostram que se preocupam bastante:

** 77% dos pais de internautas já checaram que sites seus filhos visitam

** 66% já checaram que tipo de informação está disponível aos filhos na rede

** 61% dos adolescentes dizem que seus pais já checaram seus perfis nas redes sociais