Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Assassinatos e ameaças assustam jornalistas

Um violento mês de março transformou Honduras no país mais perigoso do mundo para jornalistas, declarou a organização Repórteres Sem Fronteiras no fim da semana passada [2/4]. Com cinco profissionais de imprensa assassinados e muitas ameaças recebidas, jornalistas tentam deixar o país para proteger suas vidas.

Desde o golpe que tirou do poder, em junho de 2009, o presidente Manuel Zelaya, repórteres foram censurados e, junto com ativistas de direitos humanos, passaram a sofrer ataques e ameaças. Ninguém foi punido pelos cinco assassinatos de março ou por qualquer ato de intimidação sofrido pela imprensa.

Os radialistas Bayardo Mairena e Manuel Juárez foram mortos a tiros em uma emboscada na província de Olancho, em 26/3. Menos de duas semanas antes, Nahúm Palacios, editor de uma estação de TV na cidade de Tocoa, também foi morto em uma emboscada. Foram encontradas mais de 40 marcas de bala em seu carro e cerca de 30 em seu corpo. Três dias antes da morte de Palacios, havia sido assassinado na mesma região, e da mesma maneira, o jornalista de rádio David Meza Montesinos. No início do mês, Joseph Ochoa, que trabalhava em uma emissora de TV, foi morto em Tegucigalpa em um ataque que, acredita-se, tinha como alvo a também jornalista Karol Cabrera, que ficou ferida no incidente. Karol, que apoiou abertamente o golpe do ano passado, já havia sofrido um atentado em dezembro. Na ocasião, foi assasinada sua filha adolescente.

Na semana passada, Karol recebeu alta do hospital, mas recusou-se a sair por medo de um novo ataque. Ela quer proteção do governo e tem como plano deixar Honduras. O jornalista José Alemán, correspondente de um jornal e uma emissora de rádio, fez o mesmo depois de uma tentativa de assassinato no fim de março. Alemán havia reportado casos de violação de direitos humanos e liberdade de expressão que vinham ocorrendo desde o golpe. Logo após receber telefonemas com ameaças de morte, sua casa foi alvejada por tiros. A polícia da cidade de San Marcos de Ocotepeque disse que não poderia garantir sua segurança, e ele decidiu deixar Honduras.