Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

CIA destruiu 92 vídeos de interrogatórios

Uma carta do procurador interino Lev Dassin confirmou que a CIA destruiu, em 2005, 92 vídeos que mostravam interrogatórios de detidos em prisões secretas. Dassin pediu que o juiz de Nova York Alvin Hellerstein, que cuida do caso aberto pela União Americana de Liberdades Civis contra a CIA,desse à agência um prazo até o fim da semana passada para que fossem preparados registros do conteúdo das fitas destruídas, assim como uma lista de possíveis testemunhas da destruição.

A organização Repórteres Sem Fronteiras pediu ao governo do presidente Barack Obama que conduza uma investigação sobre esta violação dos direitos constitucionais dos americanos e ainda que puna os responsáveis pela destruição das gravações. ‘O número de fitas destruídas pela CIA confirma que a agência sistematicamente tentou esconder do público técnicas ilegais de interrogatório, usadas pela antiga administração. O público tem o direito de saber o que o governo está fazendo e de ter confiança de que aqueles no poder estão seguindo valores democráticos nos quais o país se baseia’, afirmou a RSF. Segundo a organização, a sociedade americana não pode apoiar as violações cometidas pelo ex-presidente George W. Bush em nome da ‘guerra ao terror’.

Tortura

Até agora, a CIA não deu detalhes sobre o conteúdo dos vídeos e admitiu que havia destruído apenas uma pequena quantidade. Segundo o New York Times, os vídeos mostram técnicas de ‘afogamento’ usadas no governo anterior com o presidiário Abu Zubaydah, suspeito de ser membro da al-Qaeda, e em Abdel Rahim al-Nashiri, suspeito de envolvimento no bombardeio do navio militar americano USS Cole na costa do Iêmen, em 2000. O diário também afirmou que José A. Rodríguez Jr, então chefe das operações secretas da CIA, havia ordenado pessoalmente a destruição dos vídeos.

A existência das fitas foi revelada em 2007, pouco antes do anúncio da reforma do Ato de Liberdade da Informação, quando o então chefe da CIA, Michael Hayden, afirmou que elas foram destruídas para proteger a identidade dos funcionários da agência. A investigação criminal da destruição das fitas começou na administração Bush pelo então promotor John Durham e terminou no dia 28/2. O governo de Obama já declarou publicamente que não usará métodos de tortura em prisioneiros de guerra.

De junho de 2002 a maio de 2008, o jornalista sudanês Sami al-Haj, da emissora de TV al-Jazira, ficou preso em Guantánamo. A RSF havia pedido pela sua libertação. Detido sem acusações, ele foi submetido a mais de 200 interrogatórios, alguns deles com técnicas de ‘afogamento’. Informações da RSF [5/3/09].