Monday, 13 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Correções parciais

A BBC planeja criar um sítio na internet para correções de erros na sua programação e um programa semanal onde editores terão que justificar suas decisões. O anúncio foi feito pelo diretor de notícias da rede, Richard Sambrook, em entrevista comemorativa pelos 50 anos da BBC na televisão.

A rede raramente corrige algum erro de informação em público, a menos que seja forçada a fazê-lo por uma ação legal ou regulatória. A justificativa para este comportamento, segundo informa Matt Wells [The Guardian, 5/7/04], seria a de que se todo erro fosse corrigido ou se todo mal-entendido fosse esclarecido, os programas se tornariam arrastados e travados.

As novas medidas são parte de uma ampla reforma de responsabilidade editorial que, de acordo com Sambrook, exigirá uma mudança de atitude para que funcione. ‘A meu ver, a maior transformação será nossa atitude com relação aos erros, que iremos corrigir rapidamente’, afirmou.

O sítio na internet será divulgado na programação televisiva e irá conter as correções dos erros que aparecerem nos noticiários. O programa de TV semanal será veiculado no BBC News 24 e permitirá que telespectadores questionem as decisões de editores e executivos da rede.

Curiosamente, o governo ordenou que a BBC redefina os limites de seus serviços online depois que um relatório concluiu que muitos dos sítios da companhia na internet têm caráter comercial e deveriam ser fechados. O relatório, coordenado pelo ex-executivo-chefe da Trinity Mirror, Philip Graf, foi feito a pedido da secretária de cultura Tessa Jowell e demorou 18 meses para ser concluído.

Tessa pediu que fosse feita uma investigação sobre os serviços prestados pela BBC na internet depois que companhias rivais começaram a reclamar que a rede produzia um ‘impacto negativo no mercado’, já que estaria expandindo demais suas atividades online e, desta forma, passando dos limites de provedora de serviços públicos. Veículos de mídia como o Guardian e o Telegraph criticam o fato de que os vastos recursos da BBC, conseguidos com o dinheiro da população, impeçam uma concorrência comercial justa.

Agora, a BBC tem quatro meses para responder às acusações e críticas expostas no relatório. Os diretores da rede afirmam que entregarão uma resposta ao relatório no fim de outubro. Com informações de Dominic Timms [The Guardian, 5/7/04].