Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Correspondente veterana retoma carreira jornalística

A ex-correspondente da Casa Branca Helen Thomas provocou polêmica após uma declaração, em junho do ano passado, sobre Israel, e teve de encerrar sua carreira política de quase meio século. Esta semana, no entanto, ela voltou ao batente, com uma coluna no Falls Church News-Press, semanário de Washington, em uma plataforma muito menor do que a que estava acostumada. A tiragem da publicação, que é distribuída gratuitamente nas estações de metrô da capital americana, é de menos de 30 mil exemplares.

A nonagenária Helen não tem medo de controvérsias. Em junho, ela afirmou que os israelenses deveriam sair da Palestina e voltar ‘para casa’, em países como Polônia, Alemanha e EUA. Na ocasião, o porta-voz da Casa Branca classificou o comentário da jornalista, que trabalhava para a Hearst Newspapers, de ‘ofensivo e repreensível’. Nos sete meses em que ficou afastada do jornalismo, ela reafirmou seus comentários e enfrentou críticas de grupos judaicos.

Inapropriados, mas espontâneos

O fundador do Falls Church News-Press, Nicholas F. Benton, explicou a contratação em nota aos leitores. ‘Depois de mais de oito horas de conversas com ela desde os eventos de junho, eu permaneço firmemente convencido de que ela não é intolerante, racista ou anti-semita’, escreveu. Segundo ele, os comentários de Helen sobre judeus foram ‘destemperados e inapropriados’, mas justificáveis, porque foram espontâneos e originados em um momento de fúria. Helen é filha de imigrantes sírios e libaneses. ‘Tenho orgulho de que uma jornalista do nível e profissionalismo de Helen Thomas esteja relançando sua carreira no meu jornal. Ela mais do que merece e tenho a honra de lhe oferecer esta segunda chance’, argumentou Benton.

Ari Fleischer, um dos muitos secretários de imprensa que discutiram com Helen ao longo de seus longos anos na Casa Branca, disse esperar que o jornal reconsidere a decisão de contratá-la. ‘É uma tragédia jornalística que o jornal ignore o fato de que Helen, há apenas um mês, manteve a palavra sobre os horríveis comentários anti-semitas que fez em junho’, disse, referindo-se a um discurso para uma grande audiência árabe-americana em Michigan.

David M. Jackson, presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca, afirmou que Helen está livre para cobrir o governo americano. Ao se aposentar, ela perdeu a vaga que tinha desde os anos 60. Em sua primeira coluna no novo jornal, ela escolheu um tema menos polêmico: a privatização da previdência social. Informações de Jeremy W. Peters [The New York Times, 6/1/11].