O governo do Zimbábue emitiu uma ordem de prisão para o jornalista exilado Wilf Mbanga por conta de um artigo que ele teria escrito para seu jornal, The Zimbabwean, dois anos atrás. O texto em questão teria tratado do assassinato do diretor da Comissão Eleitoral do país, Ignatius Mushangwe, que desapareceu em junho de 2008. Seu corpo foi encontrado em estado de decomposição meses depois. Mbanga diz, entretanto, que seu jornal nunca publicou tal matéria – que o governo afirma ter informações falsas. O artigo teria sido divulgado por um site.
Mbanga fundou o Zimbabwean em 2005 e até hoje edita o jornal do Reino Unido, onde mora. Ele chegou, um dia, a admirar o presidente Robert Mugabe – no poder desde 1980. Mas, como tantos outros cidadãos do país, mudou de opinião diante dos primeiros sinais de tirania do presidente na liderança da nação. Desde seu lançamento, o jornal de Mbanga – que entra no Zimbábue pela fronteira com a África do Sul – tenta levar ao público notícias censuradas na imprensa local. O editor afirma que sua ordem de prisão é uma clara demonstração de um governo que se tornou completamente ‘paranoico sobre críticas da mídia independente’.
Diante de uma série de incidentes recentes, o Sindicato dos Jornalistas do Zimbábue e a Associação de Jornalistas do Sul da África condenaram o aumento dos casos de ameaças contra jornalistas do país. Um jornalista teve seu gravador e telefone celular confiscados por autointitulados ‘agentes secretos’, que o ameaçaram de morte caso não respeitasse Mugabe. Um repórter freelancer foi espancado em um evento do partido Zanu, do presidente. Outros foram destratados e acusados de ‘escrever coisas ruins’ sobre o líder.