Um acidente de moto no dia 18/3 tirou a vida da repórter sudanesa Apollonia Mathia. Ela dirigia o veículo com seu filho, que permanece em coma. A jornalista foi uma das primeiras mulheres a atuar na profissão no sul do Sudão e também a pioneira em escrever sobre temas que nunca haviam sido comentados durante a guerra civil do país. O jornal Juba Post, onde trabalhou, começou a ser publicado logo após a assinatura de um acordo de paz com o norte do Sudão, em 2005, depois de 22 anos de guerra civil. Na época, o jornalismo parecia ser um conceito novo para muitos no sul do país, ainda mais com uma mulher na redação.
Muitos em Juba admiravam o espírito vívido de Apollonia, mas outros criticavam sua decisão de se divorciar e cuidar dos filhos sozinha. ‘Ela tinha talento para escrever e, acima de tudo, sua coragem para lidar com temas sensíveis era um grande exemplo para a nova geração de repórteres’, diz o fundador do Juba Post, Hildebrand Bijleveld, hoje editor da Press Now, organização em defesa da liberdade de imprensa com sede na Holanda. ‘Exercer a real liberdade de imprensa não vem de graça. Ela lutou por isso’.
Missão
Apollonia levou temas sensíveis no país, como violência doméstica e o papel crucial da liderança feminina na sociedade, ao debate. Depois de deixar o Juba Post e trabalhar para o BBC Monitoring Service, criou a Associação de Mulheres na Mídia do Sul do Sudão, organização que incentiva a visibilidade das mulheres e das questões femininas na imprensa.
A jornalista viu a região mudar dramaticamente. Ela passou a infância no norte de Uganda, onde soldados sob o comando do ditador militar Idi Amin aterrorizavam a população com total impunidade. Posteriormente, em Juba, foi forçada algumas vezes a vender lenha para sobreviver em uma cidade controlada pelo exército do norte do Sudão, tomada por medos de tortura e toques de recolher, mas chegou a testemunhar a cidade pós-conflito, com um fluxo imenso de cidadãos e organizações de desenvolvimento internacionais. Informações de Tom Rhodes [CPJ, 30/3/11].