Monday, 13 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Liberdade e repressão de mãos dadas

Mesmo diante da pressão global para a democratização dos governos árabes e das críticas e denúncias feitas pela imprensa, muitos países do Oriente Médio continuam a atacar a atividade jornalística através de leis restritivas, prisões e, supostamente, até assassinatos de profissionais.

Analistas afirmam que a liberdade de imprensa varia de acordo com o país. No Egito, uma mídia forte tem criticado nos últimos meses o presidente Hosni Mubarak, que está no poder há 24 anos, e a possível sucessão de seu filho.

Com uma longa história de liberdade e abertura, a imprensa libanesa também critica o governo do país e do seu ex-ocupante, a Síria, especialmente depois do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em fevereiro, e das manifestações que sucederam o crime.

Outros países árabes, como a Arábia Saudita, tiveram um período de abertura da imprensa, mas voltaram a atacá-la. Já em países como Tunísia e Líbia, a liberdade de imprensa vem se deteriorando nos últimos anos, apesar da campanha para a reforma democrática.

Crescimento ofusca riscos

Denunciar tem o seu preço. No mês passado, o jornalista libanês anti-Síria Samir Kassir foi morto numa explosão em seu carro. Em maio, militantes do partido de situação no Egito violentaram sexualmente jornalistas que cobriam uma manifestação em favor de eleições presidenciais pluripartidárias, no Cairo.

O crescimento da radiodifusão no mundo árabe – representado em larga escala pela primeira emissora por satélite e sítio de internet al-Jazira – teve um grande efeito na imprensa. Além de ser uma plataforma importante para o debate político, as redes de rádio e TV transmitem para a população informações a que ela não tem acesso através da mídia local.

O editor-chefe da al-Jazira, Ahmed Sheikh, alega que o canal discute assuntos que os governos árabes consideram tabus. No domingo (27/6), a emissora transmitiu um programa polêmico sobre tortura nas prisões árabes. Ainda assim, os que apóiam uma imprensa mais livre no mundo árabe enfatizam que, para que haja uma verdadeira reforma, é realmente necessário que os regimes vejam a mídia como um pilar da democracia, em vez de considerá-la um inimigo de Estado. Informações de Sarah Gauch [The Christian Science Monitor, 28/6/05].