Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Mais um jornalista assassinado

Steven Vincent, jornalista americano freelancer que escrevia para o New York Times e o Christian Science Monitor, foi encontrado morto na terça-feira (2/8), na cidade de Basra, ao sul do Iraque. Recentemente, o jornalista havia passado dez dias viajando com tropas britânicas em Basra e escrevia um segundo livro sobre o pós-guerra no país. O corpo foi encontrado em uma estrada com tiros na cabeça e no peito. Vincent teria sido seqüestrado por vários homens armados, junto com sua intérprete, Nour Weidi. Ela levou quatro tiros e está gravemente ferida, segundo o tenente-coronel Karim Zaid. Oficiais da polícia iraquiana e militares britânicos e americanos estão investigando algumas hipóteses para o caso.

Uma delas é a de que o assassinato poderia estar ligado a sua relação com a intérprete, a quem ele teria prometido casamento para que ela pudesse ir morar nos EUA, noticia Colin Freeman, do Sunday Telegraph [7/8/05]. A conduta de Vincent teria irritado religiosos locais: ‘Há a possibilidade de que foi um assassinato para defender a honra da intérprete. No entanto, o caso não se encaixa no padrão de assassinatos deste tipo porque geralmente é a mulher quem morre’, disse um dos investigadores. Não há confirmações de que Vincent teria se envolvido sexualmente com Nour. O jornalista é casado com uma americana há 13 anos e ela estaria ciente dos planos de seu marido se casar com a intérprete para que ela obtivesse o visto para morar nos EUA.

Policiais que investigam o caso não acreditam que haja envolvimento de terroristas, pois os seqüestradores não pediram dinheiro ou favores políticos e, até agora, nenhum grupo reivindicou a autoria do seqüestro.

As investigações iniciais especulavam que o jornalista teria sido morto por ter publicado, dias antes de ser seqüestrado, um artigo no NYT e em seu blog, no qual levantava questões sobre corrupção e a crescente influência dos partidos xiitas na polícia de Basra. Seu artigo no NYT também criticava o exército britânico, responsável pela segurança local, por não combater o que ele classificava como ‘abusos do poder de extremistas xiitas’ na cidade.

Na maior parte da sua carreira, Vincent, de 49 anos, cobriu o mundo da arte, incluindo museus, mercados de antiguidades e leilões. Entretanto, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, quando ele viu de seu apartamento o segundo avião atingir o World Trade Center, decidiu ir para o Iraque para escrever sobre o que ele via como ‘fascismo islâmico’. O jornalista planejava deixar o país em breve.

Basra, que fica a cerca de 550 quilômetros ao sul de Bagdá, é considerada a segunda cidade em importância do Iraque e a capital da região sul do país. Nos últimos dois anos, dezenas de cidadãos estrangeiros, incluindo jornalistas, foram seqüestrados por grupos violentos no Iraque – muitos deles foram libertados mais tarde, mas alguns foram executados por seus captores.

A polícia indicou que advertiu ao jornalista sobre os riscos de andar pela cidade sem proteção. O nome de Vincent se junta a uma longa lista de 65 profissionais estrangeiros que morreram no Iraque desde o início da guerra. Informações de T. Christian Miller e Alissa J. Rubin [Los Angeles Times, 3/8/05], EFE [3/8/05], Repórteres Sem Fronteiras [3/8/05] e Anthony Ramirez, [The New York Times, 4/8/05].