Saturday, 11 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Repórteres do Wall Street Journal deixam de assinar matérias

Na semana passada, os repórteres sindicalizados do Wall Street Journal e do semanário Barron´s, ambos da Dow Jones, deixaram de assinar suas matérias por dois dias para protestar contra o contrato de trabalho que a companhia quer impor aos funcionários.

Além da oferta de aumento de salário insatisfatória, a maior queixa dos jornalistas é contra o aumento da cobrança de plano de saúde. ‘Não fazemos isso com facilidade. Os créditos são uma tremenda fonte de orgulho para nós’, diz o representante do sindicato Independent Association of Publishers Employees, Tom Lauricella.

Segundo os organizadores, todos os profissionais sindicalizados participaram da ação. Mesmo os autores de reportagens de capa, que, às vezes, gastam semanas investigando um assunto, não quiseram ter crédito. Alguns colunistas também decidiram tirar suas fotos do jornal. Correspondentes estrangeiros, por não participarem do sindicato, assinaram normalmente.

Segundo analistas entrevistados pelo Boston Globe [17/6/04], a greve de créditos tem pouco efeito sobre o jornal. Os leitores não sentiriam tanto a ausência dos nomes e os anunciantes tampouco se importariam. ‘As únicas coisas com que se preocupam os anunciantes são circulação, circulação e circulação. Poderiam colocar Mickey Mouse nas assinaturas das matérias, que eles não ligariam’, brinca Edward Atorino, analista da Fulcrum Global Partners, companhia nova-iorquina que acompanha as ações da Dow Jones no mercado financeiro.

No Washington Post, no entanto, os repórteres consideram a tática eficiente: eles conseguiram fechar um contrato coletivo após a segunda vez em que deixaram de assinar matérias. A idéia de tirar os créditos do jornal em vez de parar o trabalho decorre da alta competitividade do mercado jornalístico americano, em que os donos de jornais rapidamente encontram substitutos para empregados que cruzam os braços. A primeira greve de créditos dos EUA aconteceu nos anos 20.

Como informam o New York Post [18/6/04] e a AP [14/6/04], os jornalistas sindicalizados da Dow Jones estão sem contrato de trabalho há mais de um ano A organização trabalhista recusou a última proposta da companhia em janeiro, e agora ambas as partes querem que alguém intermedeie as negociações. Em abril, repórteres fizeram um piquete diante do prédio onde acontecia a reunião anual da companhia para chamar a atenção de seus diretores.