Monday, 13 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Marcelo Beraba

PAPA NA MÍDIA

“O papa e o jornalista”, copyright Folha de S. Paulo, 24/10/03

“O papa Wojtyla é um forte. Abatido por um atentado e subjugado pelo mal de Parkinson, ele segue em frente como se fosse o jovem alpinista que desafiava as montanhas próximas de sua Cracóvia. É um fenômeno de resistência.

Depois que dois cardeais fizeram, há dias, declarações desastrosas que pareciam antecipar seu óbito, o papa teve forças para fazer mais uma viagem -Pompéia-, manteve a rotina de audiências, comemorou em grande estilo seus 25 anos de pontificado, fez uma festança para santificar madre Teresa e cuidou da própria sucessão ao nomear mais 31 cardeais.

Como todos os papas, ele já deixou tudo pronto para a sua morte. As regras do próximo conclave estão definidas e o colégio de cardeais eleitores está completíssimo. O que não significa que ele esteja entregando os pontos. Ao contrário, parece esses grandes atletas que perseguem recordes. Mais cinco meses e pode alcançar a marca de Leão 13 (1878-1903).

Ao comentar as declarações inconvenientes dos dois cardeais e as reportagens sobre o agravamento da doença do papa, o arcebispo polonês Stanislaw Dziwisz, secretário particular de João Paulo 2?, pediu menos drama. ?Alguns jornalistas que falaram e escreveram muito sobre a saúde do papa já estão no céu?, disse.

O que me fez temer pelo futuro de um coleguinha americano que nem conheço, John L. Allen Jr. Especialista em Vaticano, ele acaba de lançar no Brasil um livro excelente, ?Conclave?, que trata da sucessão do papa.

Para demonstrar o interesse mundial no espetáculo que se desenrolará na Santa Sé com a morte de Wojtyla, Allen Jr. informa, no prefácio, que as grandes redes de TV já se posicionaram para acompanhar as cerimônias fúnebres e a fumacinha branca. Desavisado, o jornalista escreve: ?Eu também estarei no ar, apresentando quaisquer notícias e informações que conseguir no canal Fox News como seu analista especializado.?

Deus o proteja!”

 

PULITZER REVISTO

“Pulitzer de 1932 ao ?Times? é revisto”, copyright Folha de S. Paulo, 24/10/03

“Um professor de história da Universidade Columbia (EUA) que recebeu do ?The New York Times? a incumbência de avaliar o trabalho de um dos correspondentes do jornal na União Soviética nos anos 1930 disse que o Prêmio Pulitzer recebido pelo jornalista deveria ser cassado por sua ?falta de equilíbrio? na cobertura do governo de Joseph Stálin.

O diário pediu ao professor Mark von Hagen que examinasse a cobertura do correspondente Walter Duranty, após ter recebido uma carta em julho do Comitê do Pulitzer solicitando que opinasse. O comitê disse que estava atendendo a uma ?nova rodada de demandas? para que o prêmio concedido em 1932 fosse revogado.

Os pedidos mais veementes vieram de americanos de origem ucraniana que argumentaram que Duranty deveria ser punido por ter deixado de incluir em sua cobertura uma onda de falta de alimentos que matou milhões de ucranianos nos anos 1930.

Em seu relatório, Von Hagen descreveu a cobertura que valeu o Pulitzer a Duranty -escrita em 1931, um ano antes da fome- como uma ?tola e enorme recitação acrítica de fontes soviéticas?.

?A falta de equilíbrio e a aceitação acrítica da justificativa soviética para seu regime cruel e devastador foi um desserviço aos leitores americanos do ?New York Times?, aos valores liberais que eles apóiam e à experiência histórica dos povos dos impérios Russo e Soviético e sua luta por uma vida melhor?, escreveu o professor.

Neste ano, o ?Times? já passou por uma reestruturação após terem sido descobertos os procedimentos de seu repórter Jason Blair (já demitido), que inventava declarações e plagiava textos.

O relatório de oito páginas de Von Hagen, um especialista na história russa do início do século 20, não sugeriu que o Comitê do Pulitzer revogasse o prêmio de Duranty, que morreu em 1957. Em comentários publicados no ?The New York Sun?, porém, ele disse que isso deveria ser feito.

O Comitê do Pulitzer chegou a montar um inquérito para rescindir o prêmio, mas recuou. Em julho, abriu outro. Em carta ao comitê, Arthur Sulzberger Jr., publisher do ?Times?, disse que o ?negligente? trabalho de Duranty deveria ser reconhecido pelo que significou para seus editores e os jurados na sua época. Segundo ele, o jornal não tem o prêmio e, por isso, não poderia devolvê-lo. Com ?New York Times?”

 

OMBUDSMAN NO NYT

“Ombudsman anti fraude em dezembro no NYT”, copyright Blue Bus (www.bluebus.com.br), 27/10/03

“O The New York Times nomeou hoje seu 1o ombudsman, movimento prometido no final de julho em consequencia das reformas internas realizadas depois do escandalo das materias fraudadas por seu ex reporter Jayson Blair, anterior aqui. O escolhido foi Daniel Okrent, 55, ex editor da revista Life e das operaçoes de new media do grupo Time. Ele assume o cargo no dia 1o de dezembro. Em comunicado distribuido a imprensa internacional, o jornal diz que Okrent vai trabalhar fora da estrutura da redaçao e vai receber e responder questoes ou comentarios dos leitores. Periodicamente, publicará observaçoes sobre assuntos jornalisticos do momento e sobre as praticas do NYT. A 1a coluna está prevista para 8 de dezembro. O jornal passará a publicar o email de Okrent pouco antes do inicio de dezembro.”

 

NYT REPAGINADO

“Mudanças no The New York Times”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/10/03

“Na terça-feira (21/10), o The New York Times mudou a tipografia da primeira página: antes, quatro tipos de fonte, agora, apenas um é utilizado na capa. Quanto ao restante do períodico continuará da mesma forma, ou seja, com a mesma tipologia.

Essa é primeira mudança gráfica no jornal desde o século 19.”

 

RÁDIO / EUA

“Nos EUA, rádio ganha de CD e celular, no carro”, copyright Folha de S. Paulo, 22/10/03

“O rádio ainda é o acessório preferido de motoristas e passageiros de carro, levando vantagem em relação ao CD player e ao aparelho celular. A constatação foi feita por uma detalhada pesquisa norte-americana sobre os hábitos daqueles que passam horas e horas no trânsito.

Segundo o levantamento (realizado pela Arbitron e pela Edison Media Research), a audiência de rádio nos carros vem crescendo nos últimos cinco anos e hoje já representa 34% do total de ouvintes nos Estados Unidos -na Grande São Paulo, segundo o Ibope, gira em torno de 8%.

Em média, os norte-americanos passam mais de 15 horas por semana dentro de seus veículos. E o tempo de ?clausura? dos dias de semana é praticamente igual ao do sábado e do domingo.

A pesquisa revelou que o rádio foi usado por 96% dos motoristas e passageiros no último mês. Desse número, 75% declarou utilizar mais o rádio do que CD e celular (lá, o celular é liberado a motoristas em algumas cidades).

Aos entrevistados foi perguntado: ?Se tivesse de escolher apenas um aparelho para seu carro, qual escolheria??. Rádio foi a resposta de 69%, CD player ficou com 16% e o celular, com 8%. O veículo só perde força dentre pessoas de 12 a 24 anos. Nessa faixa, 49% escolheriam o rádio, e 34% ficariam preferencialmente com o CD.

O estudo tem um outro lado interessante: demonstra a influência do rádio nas compras feitas no caminho do trabalho para casa.

Mais de 50% dos pesquisados afirmaram fazer paradas em mercearias, lojas de conveniência ou supermercados nesse percurso. E dois em cada cinco disseram não planejar as paradas, mas optar pela compra enquanto estão no carro. Dentre os consumidores, 48% já decidiram parar o carro a fim de comprar um produto após ouvir anúncio sobre ele no rádio.

Os homens são os que mais se decidem pelas compras de última hora na volta do trabalho para casa: 45% são adeptos dessa prática. E eles são 31% mais suscetíveis à influência da propaganda no rádio do que as mulheres.

Já são dados mais que suficientes para, no mínimo, questionar a máxima de que o horário nobre do rádio é apenas pela manhã.

Responsável pelo estudo, a Arbitron é parceira do Ibope em testes de medição de audiência. A empresa norte-americana forneceu ao instituto brasileiro um ?pager? que registra as estações de rádio ouvidas por seu portador e o tempo em que ele ficou exposto a elas. O medidor ambulante de audiência está sendo testado no Brasil.”

 

REVISTAS / EUA

“A transformação do setor de revistas”, copyright Meio e Mensagem, 27/10/03

“Conferência da Magazine Publishers of America denuncia a crescente interferência dos anunciantes e varejistas sobre o conteúdo editorial

Desde 2000, quando a indústria de revistas somou receita publicitária de US$ 17,7 bilhões, as editoras tentam reagir aos efeitos da grave crise que atingiu o setor no ano seguinte e que derrubou a receita coletiva em 8,5%, para US$ 16,2 bilhões. E, apesar de os resultados de 2002 terem sido ligeiramente melhores – US$ 16,7 bilhões -, a expectativa de recuperação só começou a ser confirmada em setembro deste ano.

Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu. A procura de fontes alternativas de receita e as mudanças do cenário da mídia levaram à exploração de novos formatos e estratégias publicitárias que, se por um lado se mostraram eficazes, por outro criaram situações inéditas e preocupantes para o setor editorial.

Essas transformações foram os grandes temas da American Magazine Conference, evento anual da Magazine Publishers of America, realizado na Califórnia, na semana passada, com a participação de mais de 500 executivos de editoras, agências publicitárias e empresas anunciantes.

Alguns desses temas estão resumidos abaixo.

Branding

As extensões de marca estão rapidamente tornando-se uma das táticas preferidas das grandes editoras. A Condé Nast Publications, por exemplo, capitalizou a força da Vogue para lançar a Teen Vogue, em março deste ano, prometendo aos anunciantes uma circulação mínima de 450 mil cópias (que será aumentada para 500 mil em fevereiro). A Time Inc. introduziu a Sports Illustrated on Campus, em setembro (em cerca de 70 universidades dos EUA), enquanto a Hearst Corp. apostou na Town and Country Travel, que acaba de chegar às bancas do país.

Extensões da TV

A Hearst, juntamente com a Walt Disney Co. e com a General Electric, inauguraram os acordos entre editoras e redes populares de TV em 1997, com o lançamento da Biography by A&E, seguida no ano seguinte pela ESPN the Magazine.

A tendência tem crescido rapidamente. Em abril deste ano, a Hearst e a Disney estrearam a Lifetime, e planejam ?para breve? um título focalizado em garotas de nove a 14 anos. A Viacom, por sua vez, gostou da experiência com a Nickelodeon Magazine e repetiu a experiência em setembro com a MTV Magazine.

Inserção de produtos

Em outra iniciativa importada da televisão, um número cada vez maior de revistas tem ignorado a barreira entre conteúdo e publicidade para atender à demanda dos anunciantes.

?A American Society of Magazine Editors (ASME) tem recebido inúmeras queixas de violação das normas?, disse Susan Ungaro, presidente da ASME e editora da Family Circle (Grüner & Jahr USA Publishing), que neste ano enviou cartas de advertência à Rolling Stone (Wenner Media) e à Prevention (Rodale).

Segundo as diretrizes da entidade, o layout de títulos e o design das páginas editoriais devem ser claramente identificados, para evitar qualquer confusão com as páginas de publicidade, e o logo de uma revista, assim como seu nome e editores, não podem ser usados para sugerir qualquer apoio a um produto anunciado.

Rob Gregory, publisher da Rolling Stone, atribuiu o ?escorregão? da peça criticada pela ASME à demanda cada vez maior dos anunciantes por novos formatos de publicidade em revistas. Um desses ?novos anunciantes?, John Frierson (da Ziccardi Partners Frierson Mee), é claramente favorável à flexibilização dos anúncios: ?As revistas precisam descer do pedestal, porque hoje as pessoas estão muito mais experientes em questões de marketing?.

Outra publicação que está na mira da ASME é a Lucky, eleita Revista do Ano por Advertising Age (ver ao lado). O título da Condé Nast foi um dos responsáveis por uma nova diretriz da entidade que proíbe a inserção de marcas de produtos nas capas de revistas. Os títulos que ignorarem as advertências poderão ser expulsos da ASME e impedidos de concorrer ao National Magazine Award.

Wal-Mart

Um dos painéis mais comentados da conferência foi o que uniu vários publishers contra a gigante do varejo Wal-Mart, cujo poder tem influenciado até mesmo o conteúdo das revistas vendidas em suas megalojas.

Dan Brewster, presidente da Grüner & Jahr USA, detalhou as peripécias de uma viagem à sede da rede, no interior do Estado de Arkansas, e a dificuldade de compreender os critérios de distribuição da varejista. Já David Pecker, presidente para a América Media, contou que a Wal-Mart encomendou um enorme volume de uma edição especial sobre a morte do piloto Dale Earnhardt, durante uma corrida do circuito Nascar, mas que impôs uma condição: a reportagem não poderia incluir nenhuma foto da controvertida autópsia do corredor.

Em maio, a rede encerrou acordos com os títulos FHM (Emap), Maxim e Stuff (ambas da Dennis Publishing), e citou o mesmo motivo – ?preocupação com o interesse dos consumidores? – para cobrir parcialmente as capas da Glamour (Condé Nast) e as de três títulos da Hearst, Cosmopolitan, Marie Claire e Redbook.”