Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>Mensalão ou não?
>>Riscos do açodamento

Mensalão ou não?


A entrevista exibida ontem pelo Fantástico, em que o presidente Lula abandona o PT, foi dada a uma repórter que o tratou de “você”, “senhor” e “vossa excelência” e, como argumenta Ricardo Noblat em seu blog, “não perguntou o que o mais bobo dos repórteres seria capaz de perguntar”. A Rede Globo exibiu a entrevista sem explicar direito suas circunstâncias.


Lula, como Valério e Delúbio, disse que o PT fez o que faziam todos os partidos. Em entrevista publicada ontem pelo jornal argentino La Nación, o prefeito José Serra afirma que se houve falar do mensalão desde 2003.


O Globo desta segunda-feira, 18 de julho, publica uma agenda do mensalão nesta semana. Vai de hoje até quinta-feira. E o governo está praticamente paralisado.


Duda e Mercadante


O esquecido nome do publicitário Duda Mendonça reaparece hoje no Painel da Folha de S. Paulo. Aparece, em palavras atribuídas a Delúbio Soares, como colaborador na campanha em que se elegeu o senador Aloizio Mercadante.


Poder da Universal


O Estadão de ontem relembra que a TV Record foi comprada pela Ingreja Universal, em 1989, por 45 milhões de dólares. A Igreja tem uma rede nacional de emissoras de rádio, dois grandes parques gráficos e publica o semanário Folha Universal, com tiragem de 1 milhão e meio de exemplares.



Riscos do açodamento



A mídia precisa evitar barbeiragens que possam fazer o carro da apuração dos fatos derrapar. O Alberto Dines comenta o caso da lista do deputado Rodrigo Maia. Fala, Dines


Dines:


− Mauro: alguns colunistas políticos, no último fim de semana, caíram em cima do deputado federal Rodrigo Maia, do PFL do Rio, filho do prefeito César Maia. O fogoso deputado teve a idéia de cruzar a lista das pessoas que entraram no edifício do Banco Rural em Brasília nos dias dos grandes saques em dinheiro, com a lista dos assessores dos seus colegas da Câmara. Com este cruzamento pretendia chegar ao grupo que recebia o mensalão.


O resultado foi aparentemente sensacional e como Rodrigo Maia também queria seus 15 minutos de fama passou a listagem ao Jornal Nacional que não se deu ao trabalho de questionar a metodologia. Na última quinta-feira William Bonner gastou sete minutos para citar todos os implicados no infeliz cruzamento.


A repercussão foi tão grande que na edição seguinte o Jornal Nacional foi obrigado a recuar. Primeiro porque apareceram dois assessores do próprio Rodrigo Maia na lista das pessoas que foram ao banco para pagar pequenas contas, em segundo lugar porque os autores da operação não levaram em consideração os homônimos. O deputado Rodrigo Maia não é o único culpado, a responsabilidade é de quem divulgou o leviano cruzamento de nomes, o até agora impecável Jornal Nacional. É a primeira grande barriga na cobertura dos escândalos. Convém que não haja outras.



Desigualdade, não riqueza


O Christian Science Monitor afirmou que os ricos do Brasil são muito ricos. A mídia brasileira papagueou sem corrigir. Na escala do dinheiro, os ricos brasileiros são peixes miúdos perto dos ricos dos países ricos, ou dos príncipes do petróleo. Na escala da desigualdade social, sim, é que os ricos brasileiros despontam. O problema é a desigualdade, não a riqueza.


Campos do Jordão


Após anos e anos de reportagens badalativas em toda a imprensa, o Estadão de domingo mostra que Campos do Jordão não é só curtição e ostentação nouveau-riche. Dos 55 mil habitantes da cidade, mais ou menos trinta por cento moram em encostas, muitos em situação de risco.


Polícias


O Fantástico deitou falatório ontem à noite contra o vandalismo de torcedores são-paulinos na Avenida Paulista. Nem uma palavra sobre a incompetência da Polícia diante de um quebra-quebra previsível, mas não prevenido.


No Rio de Janeiro, a situação se aproxima de uma perda de controle permanente.


Bush e Rove


O governo Bush está encrencado com a revelação de que o assessor preferido do presidente, Karl Rove, revelou para jornalistas a identidade de uma agente do CIA.