Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Paulo Rogério

‘‘Na luta por um lugar ao sol num mercado cada vez mais competitivo, as empresas jornalísticas adotaram as reformas gráficas como um elemento de renovação e de marketing.’ Marcelo Beraba, jornalista e ex-ombudsman da Folha

Qualquer tipo de mudança provoca uma reação diferente. Alguns aprovam, outros não. Depois de três anos O POVO volta a agitar o jornalismo cearense com mais uma reforma gráfico-editorial, a quarta em apenas dez anos. A última foi em maio de 2007. Desta vez a aposta é na simplicidade, na relevância e, principalmente, no localismo. Foram cerca de 10 meses de trabalho entre a concepção, o ajuste tecnológico, a preparação dos profissionais e o início do projeto. Os leitores manifestaram-se de forma positiva. Das observações pinço uma, de Glória Diógenes, secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de Fortaleza. ‘O novo projeto apenas reforça a sutileza do olhar e as portas abertas à imaginação, também, do leitor’. Várias outras colocações foram enviadas. Escolhi esta por citar exatamente o DNA que o jornal não pode esquecer, seja em qualquer reforma no futuro: a pluralidade, o sentimento crítico e o jeitão cearense de ser.

O jornal disponibilizou ao leitor, no dia da estreia, uma espécie de manual de instruções com as novidades. Entre as principais está o tablóide Esporte. No quesito editorial a seção ‘Entenda a notícia’ foi bem recebida pelos leitores. É verdade que houve um inchaço em termos de coluna. O POVO chega hoje a 82 delas, segundo a Chefia de Redação. É um dos maiores índices da imprensa brasileira. Não entram nessa conta as crônicas do Vida & Arte. A Folha, por exemplo, supera hoje a uma centena de colunistas. Segundo Erick Guimarães, editor-chefe executivo, a meta é acompanhar ‘de forma sistemática alguns assuntos que nem sempre eram contemplados’. Desde que o espaço para notícias não seja sacrificado, ótimo.

Preço do progresso

Uma das principais novidades do projeto gráfico do jornal é o caderno de esportes, um sonho antigo dos jornalistas da área. Depois de cerca de oito anos de existência desaparece o Gol dando espaço ao caderno Esportes, uma publicação moderna, em formato tablóide, tamanho utilizado pelos principais jornais especializados do setor. Ao optar pelo caderno, o jornal teve que fazer escolhas. Uma delas é a antecipação do fechamento por motivos industriais. Houve divisão de opiniões, mas a maioria aprovou. O leitor Francisco Couto não gostou. ‘Ficou fraco desse jeito. Para quem gosta de colecionar matérias de esporte é ruim’, observou. Segundo a jornalista Tânia Alves, editora executiva do núcleo Cotidiano, a ordem é não atrasar. ‘Por enquanto o horário de fechamento é 20h30min. Os resultados da noite serão dados no primeiro bloco, assim como em outros jornais’. Este é o preço que o jornal impresso paga diante do crescimento das cidades, do trânsito e, é óbvio, dos assinantes.

Linha ocupada

Se por um lado o jornal mostra modernidade, velhos problemas ainda irritam os leitores. O principal deles, a dificuldade de comunicação com o setor de Atendimento ao cliente pelo telefone 3254-1010. Em 10 meses como ombudsman, pela primeira vez a memória da secretária eletrônica lotou na última segunda-feira (8). Foram 35 ligações. Até me animei, pensando que eram manifestações sobre a reforma. Ledo engano. Todas eram de assinantes enfurecidos porque o jornal não havia chegado no domingo, exatamente no dia da estreia do tão planejado projeto gráfico. Que fiasco!

Os adjetivos – nada cordiais – e as ameaças deram o tom dos recados deixados. Quem deixou o telefone de contato – 22 pessoas – teve o problema encaminhado ao diretor de Mercado Leitor, Victor Chidid, responsável pela área. Ele lamentou a falha e explicou que a ausência de 15 funcionários no setor de Expedição ocasionou o atraso. Isso superlotou a Central de Atendimento. De uma média de 60 a 70 ligações aos domingos, saltou para exatas 2.601 chamadas. Dessas, 317 foram atendidas. O restante desistiu de ficar na fila ouvindo música. Segundo Chidid, algumas ações foram antecipadas, entre elas a descentralização da Expedição.

Por um bom atendimento

Explica, mas não justifica. De que adianta um novo projeto, pautas mais aprofundadas e fotos trabalhadas se o jornal não chega para o assinante. Milhares foram afetados porque um grupo, sem compromisso, se ausentou. Situação ficou ainda pior quando nosso leitor não conseguiu ser atendido para reclamar. Na verdade, faltou agilidade nos dois setores para assegurar o direito do cliente, incluindo o de ser bem atendido. O mercado não perdoa. Exige mais que reformas, mas uma ‘operação de guerra’ diária, em todos os setores. ‘O jornal praticamente me expulsou e é porque gosto de ler O POVO’, desabafou a médica Sandrolange Galeno, que afirma ter desistido de fazer assinatura por falta de informação e mau atendimento.

Fomos bem

Guerra cambial e Hospital da Mulher.

Fomos mal

Diminuição dos indicadores econômicos e Ausência do 1º classificado para Série A.’