Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Paulo Rogério

‘Se há dúvidas, nada melhor do ouvir os dois lados’ Mário Jakobskind, jornalista.

A manchete do O POVO de quarta-feira – ‘A cidade vai perder este campo?’ – foi o estopim para uma série de discussões envolvendo o futuro do Campo do América, um terreno de 4.378,15 metros quadrados pertencente ao INSS. Localizada em uma das zonas mais nobres de Fortaleza – Meirelles – a área tinha leilão marcado para dia 1º de dezembro. O jornal abriu a cobertura mostrando o fato e como a comunidade pobre que vive ao redor seria afetada. Como pano de fundo, os trabalhos sociais – escolinhas de futebol – e a ocupação do espaço urbano. A repercussão foi significativa até que a Prefeitura manifestou interesse na compra do imóvel. O leilão acabou cancelado.

O que faltou ao jornal? Mostrar o outro lado. A área está abandonada há tempo, assim como outras áreas de lazer do município. Falta segurança, saneamento e as atividades esportivas atingem poucas pessoas. Quem não gosta de futebol está excluído. No site radiolegalize.com, dedicado à legalização da maconha, o internauta Felipe revela a existência de boca de fumo: ‘Já fui ao Campo do América e Favela Verdes Mares, porém, só achei porcaria’. Na última quinta-feira, a Polícia prendeu um assaltante armado no local.

É essa cobrança que o leitor Aurílio Barreto fez. ‘E o lado positivo com a venda, existe?’. Nas edições seguintes o jornal focou o noticiário em quem era contra o leilão. Ninguém a favor falou. Somente membros da comunidade que mora às margens do campo foram ouvidos. Nada daqueles que residem nos prédios da redondeza, a maioria de classe social mais elevada e interessada no tema. Ficou uma discussão capenga, sem que todos os lados fossem ouvidos. Uma postura de Robin Hood.

Indicadores

Se há alguma seção que os leitores logo detectam problema está é a Indicadores Econômicos. Os dados servem para negociação de contratos, ajustes contábeis, aplicações. Muitos leitores não aprovaram mudanças gráficas que diminuíram espaço pela metade. ‘O número de pontos do Bovespa é importante. Tiraram tudo ‘ criticou Roberto Machado. ‘Não tem a cotação do dólar no paralelo’ sentenciou outro leitor. Segundo Neila Fontenelle, editora executiva do núcleo de Negócios a decisão foi editorial, baseada em levantamento que mostrou ‘desinteresse’ dos leitores. Não é o que parece. Tanto que houve uma ampliação dos índices no alto da página e a editoria pretende colocar os indicadores na versão online .

Utilidade pública

Com a reforma, O POVO passou também a privar o leitor do Buchicho do preço dos ingressos nos cinemas. A nova seção informa só as salas e horários. ‘Não pode tirar, é uma utilidade pública. A gente se orienta antes de sair’ reclamou Iderilce Peixoto. Ela alega que não tem como ligar para cada cinema e saber o preço do dia. Não mesmo. Ainda mais quando a informação sobre horários é repetida no resumo dos filmes.

Palpite infeliz

Vez por outra o jornal recorre a especialistas para elaborar as matérias. Nada de errado, desde que o processo seja bem conduzido. Não foi o que aconteceu. No início da temporada da F-1, Esportes ouviu seis deles e publicou os palpites. Terminado o ano, fez o tira-teima. Dos seis, cinco cravaram Fernando Alonso como campeão. Só um apostou – e acertou – no alemão Sebastian Vettel. Mas ao invés de publicar que a maioria errou, como corretamente estava no texto, a editoria manchetou ‘Palpite certeiro na Fórmula 1’. Na capa do caderno, a chamada foi pior: ‘Vettel: previsão na mosca’. Os especialistas foram poupados da crítica, mas o jornal não.

Fomos bem

100 ANOS de Rachel de Queiroz

PÁGINAS Azuis com Maria da Penha

PRÊMIO Esso nacional

Fomos Mal

FINAL DA temporada da F-1

ARRASTÃO na Aldeota

OBRAS da siderúrgica.

Esquecido pela mídia: O que aconteceu com terreno de ex-cervejaria no Papicu?’