Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Paulo Rogério

‘‘Uma primeira página vigorosa ainda é um prazer, mesmo para leitores profissionais e veteranos.’ Rolf Kuntz, jornalista

A escolha da manchete de uma edição é um mecanismo complexo que envolve editores, chefia de redação e diretoria de jornalismo. Alguns critérios básicos são seguidos como importância do fato, exclusividade, regionalidade, etc. O processo começa pela manhã com a definição das pautas. Por volta das 18 horas os editores voltam a se reunir para um balanço geral quando é escolhida, entre as matérias de destaque, aquela que será a manchete do dia.

O leitor Percival Palmeira, professor de história, não gostou da opção feita na quinta-feira, 16, na manchete ‘O cearense e o medo’ com resultado da pesquisa sobre sensação de insegurança. ‘Todos os jornais nacionais destacaram aumento que os parlamentares deram a si próprios. O POVO deu o assunto de forma tímida’. Para ele a segurança é importante, mas o tema do dia era outro. ‘O jornal deveria ter refletido a indignação do leitor’.

Questão de critérios

A Chefia da Redação afirma que seguiu o critério da relevância e do localismo. ‘Medo e insegurança são assuntos que incomodam o cearense. Isso já justifica a escolha da manchete. Sem contar que estamos falando de vida e comportamento’. Detalhe: nenhum jornal local manchetou aumento. Na avaliação interna critiquei a escolha e a forma simplória como o aumento foi tratado na editoria Política – uma única matéria. Ainda sugeri que a sucessão na Câmara Municipal – com duas páginas – seria outra boa opção de manchete.

Segundo o editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, a prioridade naquele dia foi dada à sucessão na Câmara Municipal. ‘Fizemos uma opção. Acredito que isso tenha ficado claro para o leitor’, afirmou ele. A Chefia de Redação discordou das críticas. ‘A própria cobertura do jornal ao tema (segurança) indica isso’. A matéria sobre a pesquisa ocupou meia página em Fortaleza, com dois textos, quadro, foto e um erro de informação – já corrigido. O Ceará não é 3º no ranking nacional como disse a manchete. É o quarto.

A ver navios

No lugar de questionar os motivos de uma queda de 70% – de 40 mil para 12 mil – no número de pessoas que procuram as viagens em cruzeiros marítimos, O POVO zarpou no discurso das operadoras de turismo. Na segunda-feira, 13, a Economia descreveu na manchete ‘Férias] Temporada de cruzeiros vai reunir 12 mil turistas em Fortaleza’ os deslumbres dos pacotes oferecidos: discotecas, piscinas e jacuzzi (hidromassagem) em pleno alto mar’.

Uma informação importante – a retração na procura – ficou à deriva, na popa do lead. Tamanha queda merecia uma análise. Porque enquanto há registro de crescimento no Brasil de até 40% no setor, segundo divulgado pela coluna Vertical S/A três dias antes, no Ceará houve diminuição? De que forma isso afetou o mercado? Será consequência do caso do navio MSC Melody que, em fevereiro, abandonou 100 passageiros no Mucuripe – fato não lembrado na matéria?

Papel da imprensa

A editoria de Fortaleza fez um bom trabalho de fiscalização do poder público na edição de terça-feira, 14, com a matéria ‘Obra no calçadão terminará este mês?’ Os atrasos nas obras em Fortaleza são constantes ao ponto da Prefeitura agora não mais colocar prazos de entrega. As promessas, no entanto, foram bem mostradas ao leitor com a publicação do fac-símile das reportagens anteriores iniciada em fevereiro de 2008.

Omissão

O caderno de Esportes publicou no domingo passado, 12, matéria repercutindo a morte do piloto Daniel Maia, ocorrida dia 28 de novembro e a insegurança no Autódromo Internacional Virgílio Távora. Entre os entrevistados, o presidente da Federação Cearense de Automobilismo, Haroldo Scipião, que chegou a ser detido por ‘suposto’ envolvimento da entidade em esquema de lavagem de dinheiro. Nada foi lhe perguntado sobre a questão. Muito menos aos pilotos federados. Uma completa omissão.

Esquecido pela mídia: instalação de câmeras para monitorar no Centro de Fortaleza.

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