Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornais estrangeiros destacam
Lula e a “corrida do açúcar”


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 11 de setembro de 2007


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A corrida do açúcar


‘Com o sobretítulo ‘Sugar Rush’, a corrida do açúcar, ‘Wall Street Journal’ deu manchete (acima) desde Ribeirão Preto aos ‘gigantes do etanol’ que visam ‘romper o mercado brasileiro’, inclusive os ‘caras do Google’. Mas as ‘famílias hesitam em vender’, elas que dominam o setor ‘há séculos’.


Uma em especial, a Junqueira Franco, retratada com bico-de-pena e registros tipo ‘chegou ao Brasil nos 1700’. Outra envolveria ‘mais de 100 parentes’. ‘É como ‘Dallas’, na ironia sobre a série dos anos 80.


Além da manchete, em vídeo, blog, quadro, o ‘WSJ’ segue o ‘show na estrada’ de Lula. Reproduz o ‘Café’ e sublinha o acordo da Petrobras com a dinamarquesa Novozymes, para desenvolver o etanol de celulose.


GERAÇÕES DE ÁLCOOL


O jornal ‘Valor’ destacou, da viagem de Lula, a pesquisa da Novozymes, ‘líder global no setor de enzimas’, para ‘criar o etanol de 2ª geração’, de celulose, bagaço de cana. A empresa vai fechar acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba.


ONDAS MAGNÉTICAS


E a Sociedade Química Americana anunciou a edição, na sua revista ‘Biotechnology Progress’, de um estudo de pesquisadores do Brasil sobre uso de ondas magnéticas para retirar mais etanol da cana.


O PRIMEIRO BILHÃO


‘Gigante brasileira’, ‘maior produtora mundial de cana’, a Cosan fechou sua oferta de ações em Wall Street e o site MarketWatch destacou que ela levantou US$ 1,2 bilhão.


ÍNDIA TAMBÉM QUER


‘Economic Times’ e ‘Daily News and Analysis’, da Índia, noticiaram que o país vai se tornar ‘o maior produtor de açúcar’, segundo estudo da Organização Internacional do Açúcar. E que a Simbhaoli, ‘segunda maior produtora de açúcar do mundo’, decidiu se voltar também para o etanol.


AGORA, PETRÓLEO


Após Petrobras e a britânica BG, a Repsol YPF divulgou, via ‘El País’ e os financeiros espanhóis ‘Expansión’ e ‘Cinco Días’, sua fatia no petróleo ‘muito significativo’ da bacia de Santos -e também por lá as ações saltaram.


De outro lado, o ‘Financial Times’ deu que o presidente do Cazaquistão, em conflito com multinacionais européias e americanas, poderia ‘oferecer o gigantesco campo de Kashagan à Petrobras’. Ele visita o Brasil ainda este mês.


MAIS E MAIS CARROS


Além de gigantes de etanol e petróleo, mais montadoras batem à porta do mercado brasileiro. Ontem foi a vez do anúncio dos investimentos da francesa Renault, desde Paris, pela Dow Jones e outras agências, e da Honda, desde Tóquio, pela japonesa JCN.


E ESTRADAS À VENDA


Já o jornal ‘La Gaceta de los Negocios’ deu, com eco pela Thompson, as ‘construtoras espanholas’ que estarão na ‘maior privatização de infra-estrutura de toda a América Latina’, em um mês. São as estradas que, ‘após anos, Lula da Silva decidiu’ privatizar.


O VAGÃO LENTO


O ‘Financial Times’, de Jonathan Wheatley, publica hoje e adiantou ontem que o ‘Brasil está prestes a revelar salto nos números do crescimento’. É ‘oportunidade para se livrar da imagem de vagão lento das quatro economias Bric de rápido desenvolvimento’. As cifras do trimestre, arrisca, seriam ‘o dobro da média dos últimos 15 anos’.


SOB BALA


Nas manchetes do ‘JN’ à Folha Online, ‘ministros a bordo de um trem, e traficantes abrem fogo’, no Rio. Renan Calheiros, só em segundo ou terceiro destaque, até menos’


CASO MADDIE
Folha de S. Paulo


Polícia passa caso Madeleine à Justiça


‘Os próximos passos na investigação do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann, 4, serão decididos pelo procurador do distrito português de Portimão, José Cunha de Magalhães e Meneses. A polícia portuguesa, que tenta descobrir o que houve com a menina que está desaparecida desde o último dia 3 de maio, entregaria hoje os papéis do inquérito ao procurador.


O caso voltou a ser manchete e até criou uma disputa entre setores da imprensa portuguesa e britânica após a polícia de Portugal haver indiciado Gerry e Kate McCann, os pais de Madeleine. Os McCann haviam contado à polícia que, naquele dia 3, durante férias que passavam em um resort na Praia da Luz, região portuguesa do Algarve, saíram para jantar, deixando Madeleine e seus dois irmãos, de dois anos de idade, dormindo. Quando voltaram, a menina não estava no quarto.


Há poucos dias, após uma nova busca, a polícia afirmou ter encontrado vestígios de sangue da menina em um dos veículos, alugado 25 dias depois de Madeleine desaparecer. Mas o fato gerou polêmica: a rede britânica BBC, citando um cientista forense, diz que o DNA da menina pode ter sido transferido para o carro por terceiros. Já a também britânica Sky afirmou ontem que, segundo a polícia, o sangue, cujo exame revelou ‘uma compatibilidade de 99% com o DNA’ da criança, é prova suficiente de que seu corpo esteve no porta-malas do carro.


Pressões


Na última sexta, Kate e Gerry foram interrogados separadamente e indiciados pelo desaparecimento da menina. Segundo contou Kate ao tablóide inglês ‘Sunday Mirror’, os policiais portugueses a pressionaram a confessar haver matado acidentalmente a filha em troca de uma pena mais branda.


Nos próximos dias o procurador de Portimão terá de decidir se denuncia o casal à Justiça ou se dá à polícia mais tempo para continuar investigando.


Como deram conta alguns rumores ontem, é possível que seja emitida uma ordem de prisão preventiva contra o casal. Nesse caso, Portugal pode lançar mão de um mandado com vigência em toda a União Européia, criado em 2004 para facilitar o julgamento de pessoas acusadas de crimes graves em diferentes países do bloco. Tal medida tornaria difícil para Londres barrar um eventual pedido de extradição.


Para defendê-los, os McCann contrataram uma equipe de peso, que inclui Michael Caplan, advogado do ditador chileno Augusto Pinochet quando a Espanha pediu sua extradição ao Reino Unido, em 1999.


Ontem, a imprensa britânica destacou a volta dos McCann sem a filha, na véspera, para Leicestershire, onde vivem. O ‘Sun’ chegou a qualificar as ações da ‘insistentemente furiosa’ polícia portuguesa de ‘ameaça’ ao casal.


Já o português ‘Diário de Notícias’, o primeiro a divulgar a possibilidade de indiciamento dos pais, informou que a polícia considerou seu retorno, embora não houvesse barreira legal, ‘uma espécie de fuga’. Com agências internacionais’


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Fantástico’ cai no Ibope com cenário novo


‘As estréias de cenário e de dois quadros, um com Pedro Bial e outro com Regina Casé, não conseguiram alavancar a audiência do ‘Fantástico’, que está em queda desde abril.


O programa de anteontem marcou 25,2 pontos na Grande SP, a menor audiência de 2007. No domingo anterior, o ibope fora de 27,5 pontos. A média acumulada do ano é de 29,9. Em março, era de 36 pontos.


O ‘Fantástico’ foi prejudicado pelo feriado. Muita gente estava na estrada na hora em que começou, mostrou o programa. A média de televisores ligados foi de 60% _ou seja, de cada cem aparelhos, 40 estavam desligados. Mas a média ultimamente não tem sido muito maior. No dia 2, foi de 64%.


O novo quadro de Pedro Bial e do escritor Eduardo Bueno, ‘É Muita História’, que desconstrói imagens históricas, até que levantou a audiência, mas ficou nos 23,6 de média. Regina Casé, com um ‘Central da Periferia’ globalizado, marcou 28, quando o número de televisores ligados já era maior. A maior audiência do dia foi ‘O Valor do Amanhã’, com 30,5.


O novo cenário é preparado para a TV de alta definição e explora projeções variáveis. Na estréia, chamava a atenção trecho de uma frase projetada, que dizia ‘melhores índices de audiência, por dinheiro’. Tratava-se de um fragmento de texto de Dan Rather, ex-âncora da rede CBS, sobre a a ‘guerra’ pela busca da verdade e da justiça.


FOI O DUNGAO ‘Esporte Espetacular’ (Globo) de anteontem apelou até para uma enquete com jogadores e técnicos sobre quem matou Taís (Alessandra Negrini), em ‘Paraíso Tropical’. Uma charge concluiu que o ‘assassino’ é o técnico Dunga. Não adiantou. O programa deu só 8,4 pontos e perdeu para a Record (‘Picapau’).


BOLA MURCHA A transmissão de Estados Unidos x Brasil rendeu 27 pontos à Globo _uma das piores audiências da seleção.


DANÇA, GALVÃONuma comemoração, a Globo mostrou faixa na torcida que dizia ‘Dança, Galvão’. Referia-se à ‘dança do siri’, do ‘Pânico’, que o locutor executara na véspera, mas que a Rede TV! só mostrará no próximo domingo.


FLOP 1Lançada em abril, a TV JB ficou fora do ar durante todo o fim de semana. A família Martinez, que arrendou o horário nobre da CNT para o empresário Nelson Tanure, cortou o sinal da JB na quinta. A JB estaria devendo à CNT entre R$ 6 milhões e R$ 9 milhões.


FLOP 2Às pressas, a JB teve que montar uma ‘Rede Brasil’, composta por estações de baixo alcance. Em São Paulo, a JB entra agora nos canais 59 (Cotia) e 45 (Itapecerica). Está fora da Net. O que era ruim ficou pior.


FLOP 3Superintendente da TV JB, Daniel Barbará admite dívidas _’dos dois lados’_ e reconhece que as novas emissoras ‘inexistem’ no Ibope. ‘Era o que tínhamos’, diz.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 11 de setembro de 2007


MERCADO EDITORIAL
Ubiratan Brasil


Nova geração é mais cosmopolita


‘As aventuras do bruxinho Harry Potter começam a frutificar – uma geração de leitores adolescentes que alimentaram o gosto pela leitura a partir da obra da escritora J.K. Rowling já se interessa por outro tipo de história, estimulando uma faixa do mercado editorial que andava esquecida. Nos últimos dez anos, o setor ganhou novas dimensões, a ponto das editoras criarem selos específicos – a Rocco, por exemplo, já mantém sua coleção Safra XXI há três anos, enquanto a Record lança nesta semana o selo Galeria, que chega às livrarias já com 14 títulos.


‘Harry Potter foi um marco, pois descobriu o potencial do público jovem para o próprio mercado editorial’, comenta Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record. ‘Com isso, percebemos a existência de uma importante faixa de consumidores que também é exigente, especialmente entre 12 e 25 anos.’ Para ela, os novos leitores não têm mais contato com a obra de Monteiro Lobato, como era tradicional. ‘Minha filha, por exemplo, que é uma adolescente, acredita que as histórias de Lobato não tratam de assuntos que interessam à sua geração, que é muito mais cosmopolita.’


O detalhe é, de fato, um diferencial. Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco que cuida da Safra XXI, coleção que se prepara para lançar seu 19º título (Rádio Cidade Perdida, do peruano Daniel Alarcón), acredita que livros sobre o cotidiano exercem um grande poder de atração nos jovens. ‘São leitores que gostam de avanços tecnológicos, que assistem a Matrix no cinema e que não sentem medo do tamanho dos livros’, observa Vivian que, curiosamente, não agrega ao fenômeno Harry Potter tal poder de criar novos leitores – para ela, os interessados pelas aventuras do bruxinho gostam apenas de seus livros, no máximo por histórias semelhantes. ‘Mas é evidente que os jovens ocupam um novo nicho no mercado.’


O procedimento das editoras, portanto, é criar estruturas especializadas. Assim como Vivian cuida da coleção na Rocco, a Record destacou alguns de seus profissionais para cuidar do Galera, como Ana Lima. O selo passou a abrigar, com isso, nomes consagrados na editora como Meg Cabot, Cecily von Ziegesar, Eoin Colfer, Anthony Horowitz, Charles Higson, Justin Somper e outros, todos com expressivas vendagens – Meg Cabot, aliás, é um caso à parte, pois não apenas já vendeu mais de 500 mil exemplares no País como seus fãs são exigentes: cobram o lançamento de mais títulos e ainda reclamam da tradução, o que obrigou, segundo Luciana Villas-Boas, a se tratar com um cuidado único todas as versões de seus textos.


Galera pretende também revelar os novos criadores da literatura para jovens no Brasil e no mundo. Como a obra O Livro Perigoso para Garotos, da dupla Conn e Hal Iggulden, best-seller na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde chegou ao topo da lista do The New York Times. Ou ainda Tão Ontem, de Scott Westerfeld, que também freqüentou a lista dos mais vendidos em diversos países (veja texto abaixo).


A coleção pretende também abrigar textos de autores brasileiros como Tabajara Ruas, Carlos Heitor Cony e Lya Luft, cujo A Volta da Bruxa Boa já figura nessa primeira fornada de lançamentos. ‘O projeto prevê o lançamento de cinco livros por mês’, anuncia .


Como o público-alvo é formado por pessoas que mantêm uma íntima relação com a internet, a coleção da Record também terá um braço na rede mundial por meio de um site específico (www.galerarecord.com.br), no qual os leitores serão abastecidos continuamente com novidades sobre seus autores preferidos, além da divulgação das novidades.


O contato direto com esse público, aliás, é o melhor caminho. Vivian Wyler lembra que, no início da Safra XXI, a editora mantinha um grupo formado por leitores considerados padrão, que faziam a avaliação das obras disponíveis antes da publicação. ‘Eles tinham poder decisivo, até de veto’, comenta Vivian, cuja meta principal era segurar o chamado leitor esquivo, ou seja, aquele que saía da escola e ingressava na universidade onde a obrigação de ler obras técnicas desestimulava seu gosto pela ficção. ‘Contribuía para essa fuga a falta de títulos atraentes, que trouxessem assuntos que realmente interessavam a esses leitores.’


Com três anos no comando da coleção, Vivian conseguiu detectar preferências. Livros mais líricos, por exemplo, têm pouca aceitação, enquanto autores com idade máxima de 35 anos são os preferidos. ‘Provavelmente por viverem ambos o mesmo universo’, acredita ela, que também aposta no poder da internet – a Rocco prepara-se para utilizar também essa mídia. ‘As comunidades do Orkut é um exemplo de como os leitores gostam de expressar suas paixões literárias.’’


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‘Adolescentes são, hoje, muito mais filosóficos’


‘Scott Westerfeld acredita que o jovem cria seu próprio espaço


O americano Scott Westerfeld é um dos mais aclamados escritores de literatura jovem da atualidade. Em Tão Ontem, ele criou o personagem Hunter, um caçador de tendências, ou seja, um adolescente de Nova York que é pago pelas grandes corporações para detectar o que vai virar moda. Um assunto que muito interessa ao ávido público jovem, como comenta ele na seguinte entrevista, realizada por e-mail.


Como você faz para escrever para os jovens?


Acho que não perdi minha voz jovem. Na verdade, acho que ela está em todos, especialmente na esperança e temor em relação ao futuro. Também na insegurança e na crença não tão firme em todas as loucuras que os adultos aceitam com tanta facilidade. Talvez seja por isso que muitos adultos lêem ficção para jovens, atualmente.


É fácil lidar com essa insegurança, além da linguagem, cada vez mais dinâmica?


Jovens são muito envolvidos com linguagem. Diversos grupos teen criam suas próprias gírias, usam seus próprios apelidos e têm um estilo peculiar de ironia. Assim, sempre tento capturar algumas dessas criações em meus personagens. O que mais me fascina é a busca dos jovens em encontrar seu espaço, além de desenvolver sua própria linguagem.


Os assuntos que te interessavam aos 14 anos ainda são importantes para você?


Talvez as coisas pequenas são diferentes, mas as maiores ainda são as mesmas. Os adultos gostam de acreditar que os jovens são superficiais, mas os adolescentes são, na verdade, mais filosóficos. Eles se preocupam com injustiças e com as condições do planeta. Afinal, são eles que terão de viver aqui, no futuro.


O que inspirou Tão Ontem?


Eu voltei a morar em Nova York depois de um ano na Austrália e, de repente, constatei que a cidade estava cercada de luminosos. Decidi, então, escrever sobre esse mundo: marketing, fashion e a criação da Próxima Grande Coisa. Comecei a ler sobre os caçadores de talentos, que são contratados para descobrir o que vai ser moda, e pensei num sujeito assim para herói da minha história, alguém que se apaixona por uma inovadora, ou seja, aquela pessoa que cria as tendências sem ter nenhuma ligação com a grande indústria.


Por que Hunter, o personagem principal, entra em conflito com sua profissão?


Por um lado, ele acha excitante que alguém queira sua opinião, especialmente megacorporações – isso faz com que ele se sinta poderoso e importante. Mas, ao mesmo tempo, Hunter se desfaz de seus sonhos e aspirações, ou seja, ele está vendendo uma parte de si mesmo.


Você acredita que os jovens sabem quem cria o que é moda?


Aqueles leitores que se questionam sobre isso são, provavelmente, os que se preocupam com algo além das tendências da semana. Lembre-se, sempre há caprichos e maneiras que estão abaixo do radar, que nunca ‘explodem’ no mundo mais amplo. Os verdadeiros inovadores não se preocupam com o que lhes é empurrado pelas grandes corporações, pois eles já estão preocupados com que vem em seguida.


É possível mensurar o efeito Harry Potter no mercado jovem?


Como leitor, eu me delicio com o fato de que, ao menos uma semana a cada dois anos, as crianças têm um livro em suas mãos. Durante aquela semana, um livro é o maior produto cultural do momento: não se fala de nenhum filme e até mesmo os escândalos políticos perdem um pouco de sua força. Isso é um grande feito não apenas no mercado editorial, mas em todas as manifestações culturais.


TRECHO


No topo da pirâmide estão os inovadores. O primeiro garoto a prender a carteira com uma corrente. O primeiro a usar calças grandes demais de propósito. A mergulhar um jeans em ácido, enfiar um alfinete em algo ou vestir um moletom por baixo de uma jaqueta de couro. O lendário primeiro cara a usar um boné virado para trás.


À primeira vista, a maioria dos Inovadores não parece tão legal, pelo menos em relação a ser uma referência de estilo. Sempre existe algo de estranho neles. como se não sentissem à vontade no mundo. Na verdade, a maior parte dos Inovadores é composta de Exilados Sem Marca, que tentam se virar com uma dúzia de peças de vestuário, imunes às mudanças da moda.


No entanto, como no caso dos cadarços de Jen, há sempre uma coisa que se destaca num Inovador. Algo novo.


No nível seguinte da pirâmide estão os Criadores de Moda.


A meta de um Criador de Moda é ser a segunda pessoa no mundo a embarcar na última febre. Está atento a inovações: sempre pronto para entrar na onda. Mais importante do que isso, porém, é que os outros ficam de olho nele. Diferentemente de um Inovador, ele é bacana; portanto, quando adere a uma novidade, ela se torna bacana. A função mais importante de um Criador de Moda é de controle, ou seja, ser o filtro que separa os Inovadores de verdade dos malucos que se vestem com sacos de lixo. (Fiquei sabendo, contudo, que nos anos 1980 alguns Criadores de Moda se vestiram mesmo com sacos de lixo. Sem comentários).


Abaixo deles estão os Primeiros Compradores.


Eles sempre têm o celular mais moderno, o MP3 player mais novo ligado ao ouvido. São os caras que baixam o trailer um ano antes do lançamento do filme. (À medida que os Primeiros Compradores envelhecem, seus armários enchem-se de mídia pré-histórica: vídeos em Betamax, discos laser e fitas de oito canais). Eles testam e adaptam as tendências, tornando-as mais palatáveis. Há uma diferença vital em relação aos Criadores de Moda: os Primeiros Compradores viram seus produtos pela primeira vez em revistas, e não nas ruas.


Descendo mais um nível na pirâmide, encontram-se os Consumidores. São as pessoas que precisam ver um produto na TV, exibido em filmes, em quinze anúncios de revista e num pôster gigante no shopping, antes de dizer: ‘Ei, isso é bem legal’.’


INTERNET
Marianna Aragão


Telefonia pela internet reduz custos


‘Com a expansão da internet de banda larga no País e ofertas cada vez mais agressivas de operadoras, as pequenas empresas estão descobrindo uma tecnologia até então comum apenas nas grandes companhias: o VoIP, ou voz sobre protocolo de internet. O recurso de transmissão de voz pela internet reduz o custo das ligações e pode até chegar a zero, em alguns casos. ‘As micro e pequenas empresas trabalham com orçamento apertado e, por isso, aceleram o uso de tecnologias para agilizar seus negócios’, diz Raul Corrêa da Silva, presidente da RCS Consultoria, especializada em gestão para pequenas e médias empresas.


Dono de uma trading de produtos orgânicos, o microempresário Adriano Figueiredo já chegou a gastar duas horas e meia transmitindo um fax para um comprador em Angola, além dos R$ 216 do valor da ligação. O gasto mensal com telefonia – 30% das ligações da Organic Life são para clientes no exterior – chegava a R$ 3 mil. Depois de adotar o VoIP, há dois anos, a despesa diminuiu o valor em 80%. ‘Hoje, posso ficar duas horas negociando com um comprador lá fora.’


A empresa optou por usar o Skype, software que funciona no próprio computador, desde que equipado com microfone, placa de som e internet. Nesse caso, o usuário pode falar gratuitamente com quem também tem o programa. Para telefones comuns, há tarifa específica para cada localidade, além de taxa de conexão de R$ 0,09.


Também preocupado com o peso das contas de telefone no orçamento da empresa, Bruno Machado, sócio de uma empresa de materiais de construção que vende para todo o País, resolveu aderir à tecnologia em novembro do ano passado. A opção foi por um telefone digital, idêntico a um aparelho convencional. Machado diz que a redução nas contas telefônicas chegou a 20%. Com a mudança, o total gasto com comunicação passou de 10% para 6% do faturamento. ‘Pude reinvestir em outros departamentos. Contratamos mais quatro funcionários e modernizamos equipamentos.’


DESCOBERTA


Para o gerente da operadora Transit Telecom Flávio Werneck, este foi o ano da descoberta da tecnologia VoIP pelas pequenas empresas. Hoje, a companhia atende cerca de 50 mil clientes, que representam 9% do faturamento da empresa. A operadora oferece planos a partir de R$ 85 para mil minutos de ligações por VoIP.


A operadora de telefonia GVT lançou em março uma série de serviços e planos exclusivos para pequenas e médias empresas. Segundo o gerente de produtos de VoIP, Germano Coradin, metade das vendas do pacote com essa tecnologia são para o segmento.


‘Cortar custos é primordial para essas companhias e, diferentemente de outros gastos fixos, como impostos, as despesas com comunicação podem ser alterados mais facilmente’, diz Coradin, que acredita que a economia com o VoIP pode chegar a 90% em alguns casos.


Outro motivo que impulsiona o interesse dos pequenos empresários pela tecnologia é a popularização do acesso à banda larga no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), entre o último trimestre de 2006 e o primeiro deste ano, o total de usuários de banda larga no País passou de 5,6 milhões para 6 milhões – crescimento de 7,4%. ‘A expansão da internet rápida alavancou o crescimento do uso da tecnologia VoIP’, diz o gerente da GVT.


Segundo o consultor da IDC, Alex Zago, ainda não houve um boom no uso de VoIP pelas pequenas. Ele acredita, porém, que seu uso tem se expandido. ‘É uma alternativa para essas companhias, que têm dificuldades em negociar tarifas mais baixas com as operadoras.’’


TIME CONDENADA
O Estado de S. Paulo


‘Time’ deve pagar indenização a Suharto


‘A Suprema Corte da Indonésia condenou a revista americana Time a pagar US$ 106 milhões por difamação ao ex-ditador indonésio Suharto. Em sua edição de maio de 1999, a Time publicou que o ditador havia desviado US$ 15 bilhões durante seus 32 anos de governo. Suharto, de 86 anos, tomou o poder na Indonésia num golpe de Estado que deixou 500 mil mortos entre 1965 e 1967.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


MTV aperta VMB


‘A MTV quer tirar até o último centavo que conseguir do seu Vídeo Music Brasil (VMB), premiação de videoclipes promovida pela emissora. O evento, que ocorre no dia 27, já está com todos os seus espaços comerciais preenchidos e, mesmo assim, a rede ainda tenta encaixar mais três cotas de participação, por causa da demanda do mercado anunciante.


E olha que o formato já está mais do que explorado. Ao todo, são 12 cotas de participação, vendidas a R$ 183 mil cada uma. Entre as marcas que investiram estão Colcci, Bic, Adidas, Arno e Ipiranga.


Para ficar claro, cota de participação é aquela que garante espaço ao anunciante somente durante a exibição da atração. As de patrocínio têm abrangência e duração muito maior, expondo a marca todas as vezes que se tem chamada do programa no ar, por exemplo. Por isso, são mais caras.


E por falar em patrocínio, as sete cotas do VMB também estão fechadas. Pelo espaço, cada anunciante desembolsou cerca de R$ 4,6 milhões. Os breaks do programa também estão lotados. Portanto, prepara-se para cansar de ver tanto comercial.


Estação da Luz vira estúdio


Fernanda Vasconcellos será Laura na próxima novela das 18 h da Globo, que mantém o título provisório de Milagre do Amor. Na foto, Fernanda retoca a maquiagem com a supervisora de caracterização, Marlene Moura, na Estação da Luz, e atrai olhares de muitos curiosos.


Entre- linhas


Tudo indica que o Pânico finalmente conseguiu que Galvão Bueno fizesse a Dança do Siri. Vesgo e Silvio foram atrás do narrador em Monza, na semana passada, onde ele estava cobrindo a Fórmula 1. No entanto, o programa resolveu guardar a pérola para o próximo domingo, temendo desperdiçá-la em fim de semana com queda no número de televisores ligados, por conta do feriado.


E por falar em domingo, o Legal, do SBT, perdeu em audiência anteontem. No confronto, registrou média de 10 pontos de ibope, ante 11 da Record no horário.


Duas Caras, próxima novela das 9 da Globo, sofreu uma paradinha em suas gravações. O protagonista da trama, Dalton Vigh, foi hospitalizado na semana passada com uma crise alérgica. Já passa bem.


Angélica será substituída em sua licença maternidade por Ana Furtado no Estrelas. Só para recordar, no Vídeo Game, do Vídeo Show, quem assume o posto da loira é Fernanda Lima.


Para quem torce pelo casal: Bebel(Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura) vão se reconciliar nos próximos dias em Paraíso Tropical. O reencontro deles, gravado nas ruas de Copacabana na quinta-feira passada, terá um começo repleto de rancor e briga, mas acabará em beijão cinematográfico.


Em tempo, serão 13 e não 5 os figurinos usados por Cicarelli no Vídeo Music Brasil, da MTV.’


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