Sexta-feira, 18 de julho de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 2025 - nº 1347

Uma redação diversa como primeiro passo para um jornalismo antirracista

(Foto: Divulgação)

Como praticar uma cobertura antirracista? No webinário realizado pelo Observatório da Imprensa nesta quarta, dia 25 de junho, os convidados concordaram que uma equipe diversa dentro da redação é o primeiro passo para praticar um jornalismo com temas e fontes que reflitam com mais fidelidade a composição da população brasileira e os assuntos que interessam à maioria.

Marcelle Chagas, fundadora e coordenadora da Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação e Kelvyn Araújo, coordenador de comunicação do grupo, apresentaram o “Manual de Boas Práticas Antirracistas para a Comunicação Digital”, que traz um glossário de conceitos-chave e dicas de como evitar a reprodução das desigualdades raciais brasileiras na cobertura jornalística e pode ser baixado gratuitamente neste link. O documento foi escrito para ajudar jornalistas a compreenderem melhor termos que entraram na pauta da discussão racial e de gênero nos últimos anos, como identitarismo, lugar de fala e feminismo negro, e se questionarem sobre a importância da diversidade na busca de fontes, além de trazer ferramentas para a produção digital e a mensuração do impacto do conteúdo.

Flavia Lima, secretária-assistente de Redação da Folha de S. Paulo, falou sobre as iniciativas do jornal para ampliar a diversidade de fontes, com a elaboração de uma lista de especialistas com diversidade racial e de gênero que é compartilhada com toda a redação. O jornal faz também um monitoramento amostral das autorias e das fontes ouvidas nas reportagens, e embora a representação racial ainda não seja proporcional à composição da população brasileira, ela vem crescendo a cada ano.

Geraldo Nascimento, editor-chefe de A Gazeta e da Rádio CBN Vitória, no Espírito Santo, trouxe sua experiência como primeira pessoa negra a comandar a redação do veículo, quase centenário, que começou como jornal impresso e hoje tem presença digital. Ele destacou a importância do letramento racial na redação, e criou um check list para que os repórteres e editores sempre se questionem e analisem se a matéria, o título ou a imagem não está reforçando estereótipos de discriminação racial.

O debate foi mediado pela editora do Observatório da Imprensa, Denize Bacoccina e pode ser visto na íntegra no YouTube doProjor.