Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Professor americano espalha vídeo na rede

Um professor de uma universidade de Los Angeles pode ter sido uma das forças responsáveis pela divulgação, ao Ocidente, da sangrenta repressão do governo a manifestantes em Mianmar (ex-Birmânia). Depois que blogs postaram imagens do assassinato de civis por soldados, a rede foi bloqueada no país.


Entre as cenas divulgadas, estava uma filmagem do assassinato de um fotógrafo japonês da AFP, Kenji Nagai, no dia 27/9, por um militar que perseguia manifestantes. O governo admitiu a responsabilidade pela morte do jornalista. O conflito em Mianmar teve início em agosto, com um protesto pacífico de civis e monges budistas contra um aumento absurdo no preço do combustível em Yangon, capital do país – o que causou o aumento no valor do transporte público.


Jornalismo cidadão


O vídeo do assassinato de Nagai foi enviado a Ryan McMillen, professor de História da Faculdade Santa Monica, que então o colocou no sítio da CNN, através da ferramenta interativa ‘I-Reporter’. ‘Ser o condutor de um vídeo de tanta importância – que mostra o quão imoral um homem pode agir seguindo ordens de um governo fascista – me deu uma sensação de poder’, disse McMillen, que foi compactado por um produtor da CNN pedindo permissão para usar as imagens, cinco minutos após ele tê-las postado.


Depois das cenas terem sido divulgadas, a internet – já restrita no país – foi bloqueada pela mesma Junta Militar que, em 1989, prendeu, pela primeira vez, a ativista Aung San Suu Kyi. O partido de Aung venceu as eleições democráticas em 1990, e logo depois ela foi colocada em prisão domiciliar. Em 1991, Aung ganhou o Prêmio Nobel da Paz.


Em setembro, um sítio de notícias de Mianmar chegou a ter 30 milhões de acessos, quase o triplo de sua audiência normal, devido às imagens do momento da morte do jornalista. ‘Está claro que o governo vê a internet como um inimigo’, disse a editora da página, Aung Zaw. Na semana passada, o sítio saiu do ar devido a um vírus, que ela alega ter sido enviado pela Junta Militar. Informações de Joel Gershon [Reuters, 2/10/07].