Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

A imprensa e o déficit da Previdência

É muito suspeita a voz unificada da impressa com relação ao déficit da Previdência. As únicas fontes ouvidas são economistas ligados ao mercado (leia-se bancos privados que querem lançar seus planos de previdência privada). O presidente Lula abriu uma fissura nessa pauta unilateral: já falou que o déficit vem da Constituição de 1988, e emendou: veja o que o trabalhador contribuiu e o que ele recebe.

Está ficando patético o papel da imprensa. Em um de seus comentários na rádio CBN, Carlos Alberto Sardenberg defende até o aumento de impostos para cobrir o déficit. Isso que é desespero. Gostaria que o Observatório provocasse alguma reflexão sobre essa cobertura. Claro, ouvindo os trabalhadores também. Ninguém fala de quebra de contrato e de direitos adquiridos quando se trata de CLT, Previdência. Agora, quando são as PPPs, a telefonia, a concessão de rodovias, os prepostos da imprensa saem a campo e mobilizam todo o país para impor seu ponto de vista.

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Tenho um costume que aprendi ainda na faculdade, quando estudante, que para você ser uma pessoa bem informada não basta apenas assistir a um noticiário, e sim pelo menos dois, um de cada emissora de TV, e ler uns dois jornais escritos diferentes. O que observei na segunda-feira (29/1) à noite só reforçou essa teoria. O noticiário da Rede Record comentou a causa ganha na Justiça brasileira – e que Justiça – pelos donos da Igreja Renascer contra a revista Época, que relatou as falcatruas do casal. Já o Jornal Nacional, na Globo, sequer tocou no assunto. Acho lastimável essa posição da Globo, que ainda insiste em dizer que o noticiário por eles editados são totalmente voltados ao cunho jornalístico e que visam a informação total do telespectador. (Savio Jorge da Cunha, professor, Campo Grande, MS)

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Para analisar melhor as decisões judiciais sobre causas que envolvem internet é preciso levar em consideração o desconhecimento técnico dos magistrados, em todas as instâncias. A faculdade de Direito, que os preparou para julgar, não aborda as novas tecnologias. Depende de cada um se interessar pelo assunto. Acredito que os órgãos da Magistratura, todos eles, terão de assumir a tarefa de atualizar seus julgadores para evitar descalabros cada vez mais inaceitáveis nos dias que correm. Algum juiz aí sabe o que é ‘estado da arte’? (Elza Galdino, advogada, Florianópolis, SC)

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Ao que parece, oficialmente reconhecido, o ‘começo do fim do mundo’ tornou-se nova vedete de nossos jornais. Nas manchetes – espaço anteriormente reservado a assuntos de relevante importância, como o túnel da Rebouças e a condecoração dada aos cães que auxiliam nas buscas por vítimas do acidente na Linha 4 do metrô paulistano –, o chamado aquecimento global e suas conseqüências conquistou seu espaço.

Como se sabe – e foi amplamente divulgado – a cratera (que se tornou aquilo anteriormente concebido para vir a ser uma estação de metrô) surgiu do nada e não existem responsáveis. A não ser a chuva inclemente. Ou, segundo suspeitas largamente difundidas, o acidente pode ter sido causado pela ação de uma única pessoa: um fiscal, supostamente corrupto.

Temos a obrigação, porém, de considerar que, da mesma forma que o suposto aquecimento global – ‘suposto’ sim, pois existem filósofos recalcitrantes (que sempre duvidaram daquilo que consideravam ser ‘paranóia anticapitalista’) irredutíveis e institutos americanos ‘de direita’ que, ainda não convencidos, oferecem valores a cientistas que desqualifiquem o relatório, ou seja: não há consenso, nem novidade – está sendo causado por um único agente, o ‘ser humano’ (ou ‘a Humanidade’ toda, sem distinções quaisquer, sejam elas sociais, culturais, ideológicas, étnicas, geográficas, por volume de consumo, etc). Acho até que esse mesmo agente (o ‘ser humano’ etc, etc.) poderá ser responsabilizado. (Humberto Amadeu Capellari, comerciário, São Paulo, SP)

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Outro dia passou uma reportagem no Jornal da Globo de grande interesse público, sobre o STF, que jamais julgou ou condenou algum político nos últimos 50 anos. Acho o tema extremamente relevante e pouco difundido pela imprensa brasileira. Que a Justiça e lenta e que não pune os ‘poderosos’ do pais, todo mundo já sabe. O que falta são artigos e reportagens que trazem dados mais concretos sobre o tema. Não acredito que isto vai mudar por completo a postura deste telejornal, mas imagino que se o tema começar a ser repetido continuamente, alguma coisa eles deverão fazer. O alcance deste Observatório, juntamente com outros veículos de comunicação, pode contribuir para colocar este tema na pauta de debates da tão alardeada reforma do Judiciário. (Guilherme Neves, administrador, São Paulo, SP)

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Na mesma edição em que a revista Veja publicou nota sobre a venda do jornal O Dia, publicou também que nós, controladores, havíamos realizado uma assembléia, na cidade satélite de Ceilândia, no Distrito Federal, e havíamos decidido por uma greve que aconteceria no dia 1º de fevereiro ou Carnaval. A revista dizia que havia obtido a informação de um controlador que estivera presente à assembléia e que era contra a tal greve.

O que eu tenho a dizer é que eu estive presente no mesmo local, que o ministro da Defesa sabia do nosso encontro e os assuntos sobre os quais iríamos discutir e votar. Não ouvimos a palavra greve ou qualquer outra palavra com a mesma conotação ser pronunciada. Eu gostaria muito de conhecer esse controlador tão especial que lembra de coisas que nem mesmo ouviu ou presenciou. Eu gostaria ainda de saber a quem interessou aquela notícia em que a Veja ouviu apenas um controlador, quando éramos quase 50. (Maria de Fátima Araújo de Morais, controladora de tráfego aéreo, Brasília, DF)

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Professor universitário, São Paulo, SP