Wednesday, 15 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Ano: 1997

"Esquema", a palavra que já pode ser usada

Estourou, enfim, o escândalo dos títulos. Uma bomba que poderia ter estourado em outubro do ano passado, retardada estrategicamente para depois da votação da reeleição no Congresso – para não fazer marola.  No final de setembro, publiquei reportagem no Jornal da Tarde mostrando um documento com uma série de operações autorizadas por Celso Pitta, quando este […]

Marcos Sá Corrêa

Olhe bem para a fotografia abaixo. Ela é um clone disfarçado da que saiu na primeira página do Jornal do Brasil de quinta-feira passada. À primeira vista, trata-se de um flagrante banal da vida brasileira desde Rugendas: a apresentação de um suspeito à execração pública. Acusado de abusos sexuais em seus alunos, o técnico de futebol de […]

A arte de ludibriar o entrevistado

Exemplo de como a nova geração de jornalistas está se lixando para os compromissos com os seus entrevistados. O Estadão publicou no dia 22/2 entrevista do seu correspondente em Beverly Hills com Mia Farrow a propósito do seu choroso livro de memórias.  Segundo o texto do repórter trata-se de entrevista exclusiva para a América Latina. E, […]

Sarney sem retoques

O ano de 97 começou mal para Sarney mas está sendo ótimo para os jovens e desmemoriados. De repente, o impoluto defensor da democracia e dos bons costumes aparece como de fato sempre foi. O fim das mamatas no gabinete da Presidência do Senado, a revelação de como manejou a poderosa máquina de distribuição de […]

Zebra na Rio-2004

Cartolas, políticos, empresários e, sobretudo jornalistas acreditaram que a Olimpíada estava no papo – bastava samba no pé, mulatas peladas e a irresistível alegria popular para que os gringos se convencessem de que somos os melhores.  No dia 20/2 uma ducha de água fria: Buenos Aires está na frente, o item poluição da Guanabara foi […]

Os dois lados da questão são sempre três

A Federação de Bancos anunciou (em 27/2) que vai diminuir em meia-hora o expediente público das agências bancárias do país. Como que comandados pelos mesmos pauteiros (provavelmente o "consultor" Carlos Soriano, da Universidade de Navarra, guru do novo jornalismo brasileiro), logo acorreram para ouvir o indefectível "outro lado" – o Sindicato dos Bancários que, logicamente, […]

"Corretores" ortográficos

O Estadão publicou uma nota no Caderno de Informática em 17 de fevereiro. O Jornal do Brasil, em entrevista de Napoleão Mendes de Almeida publicada no dia 22 de fevereiro (1), também se refere ao assunto. A Folha deu capa do caderno Informática. Trata-se dos "corretores" ortográficos.  Estadão e JB abordam o tema acriticamente. A Folha, no caso mais cautelosa, faz críticas mornas, mas usa […]

Carnaval italiano

Visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso à Itália ou O que o Comandante Zero faz em Chiapas? Qual dos temas interessa mais à imprensa italiana? Erraram os patriotas brasileiros que imaginam que o país suscite alguma inquietação na mídia local.  Enquanto temas como o movimento social no México ou em alguns países latino-americanos, como Peru […]

Tragédia e mídia

É incomensurável a responsabilidade da mídia ao veicular os bastidores das tragédias; é inadmissível dar crédito às declarações de indivíduos ávidos de fama e aos boatos mais estapafúrdios, transformando versões em fatos, sem antes ouvir todos os envolvidos, e, no caso, vilipendiados.  Arma-se um circo em torno dos bodes expiatórios que remete de imediato àFogueira […]

Corporativismo e Imprensa

Quando se fala de corporativismo estamos diante de um conceito : 1o) negativo e, 2o) que só envolve direitos e privilégios do funcionalismo público. Nem uma coisa nem outra. É natural e legítimo que ascorporações defendam seus interesses. As corporações, por sua vez, dizem respeito a todos os setores econômicos, profissões, categorias.  Exemplo 1: a indústria automotiva "nacional" mantém […]

Como seria um perfil equilibrado do jornalista Paulo Francis?

1) "O Francis tinha um papel meio exótico, extravagante, na imprensa brasileira. Era um profissional bem-sucedido, que ficava como correspondente em Nova York para falar sobre o Brasil, um país que ele detestava e não conhecia"…  2) "Era uma idéia que ele cultivava e representava, a do pensamento metropolitano. A de que na vida intelectual existe uma […]

Mario Vitor Santos

"A Folha não se diferenciou do tom predominante na mídia, não manteve a contenção e o equilíbrio que o tema demandava. Veiculou até o cardápio que seria servido na recepção familiar a Lamia. Quando, afinal, os quitutes foram oferecidos, a imprensa, presente, também provou.  Ninguém – a Folha incluída – deu tratamento explicitamente elogioso a Lamia. Mas a superexposição […]

Deputado quer alterar Constituição

O deputado Aloysio Nunes Ferreira Filho informou ao OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, em 22 de fevereiro (sábado), que vai iniciar nos próximos dias o encaminhamento de uma proposta de emenda constitucional destinada a suprimir da Constituição o artigo 222 (leia abaixo). Trata-se do dispositivo que reserva a propriedade de meios de comunicação no país a pessoas físicas […]

As alças do caixão

Era 1968 e havia o camarada Caldas. No dia 28 de março, o estudante Edson Luís foi morto pela tropa de choque da PM da Guanabara. Também estudante e repórter do Jornal do Brasil, chocado e tenso como tanta gente, fui ao velório na Assembléia Legislativa. Tumulto à beira do caixão, os oradores discursavam sem ser […]

Jornalismo Cultural e Propaganda

Millôr Fernandes tem uma frase célebre: "Jornalismo é oposição; o resto é armazém de secos e molhados". Traduzindo e atualizando a implacável formulação, podemos dizer que, se o jornalismo não for crítico, ele será apologético ou propagandístico.  No caso do jornalismo dito cultural, a fronteira entre jornalismo e publicidade é muitas vezes nebulosa.  Obrigados a […]

A Peneira

O artigo 222 da Constituição, que estabelece uma reserva de mercado em favor dos proprietários de empresas jornalísticas, está começando a ficar com cara de "queijo suíço", metáfora do delegado de polícia e senador Romeu Tuma para referir-se à vulnerabilidade do Aeroporto de Guarulhos ao tráfico de drogas e ao contrabando. A necessidade de capitais […]

Mario Vitor Santos

"A Folha não se diferenciou do tom predominante na mídia, não manteve a contenção e o equilíbrio que o tema demandava. Veiculou até o cardápio que seria servido na recepção familiar a Lamia. Quando, afinal, os quitutes foram oferecidos, a imprensa, presente, também provou.  Ninguém – a Folha incluída – deu tratamento explicitamente elogioso a Lamia. Mas a superexposição […]

Coincidência e silêncio

A morte do jornalista Paulo Francis coincidiu com o lançamento do livro Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis, de Fernando Jorge. Incrível a falta de críticas a este trabalho. Estranho o silêncio sobre esta obra, que só consegue espaços na imprensa através de anúncios publicitários veiculados por sua editora, a Geração Editorial.  Sou um daqueles […]

Paulo Francis gostou do show de necrológios?

Waal ou Pfui? Francis adorou, não tenham dúvidas. A tragédia de uma vida ceifada no auge da sua vitalidade foi em parte neutralizada por dois fatores: * morreu sem sofrer; * foi louvado ad nauseam (como costumava dizer). Carente, tudo nele denotava ansiedade por reconhecimento. A ação judicial dos diretores da Petrobrás e o livro […]

Publicidade marrom

Assim como existe imprensa marrom, existe publicidade marrom. É um tipo de publicidade oportunista, desrespeitosa, que beira o grotesco. Um exemplo disso é a peça, em forma de lápide, publicada em O Globo, 01 de fevereiro, pág. 14 Rio, paga pela Editora Nova Fronteira e criada pela agência Escritório de Idéias. O texto é o seguinte:  […]