Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A opinião e a pressão

O ministro Celso de Mello se queixa de ter sofrido “pressão da mídia”. Terá sido ameaçado? Não. Quem lhe cobrou um voto contrário aos embargos infringentes – voto este que, se dado, praticamente encerraria o julgamento do mensalão – tinha poder para obrigá-lo a obedecer? Não. Terá havido quem incitasse pessoas contrárias ao voto do ministro a agredi-lo, a cercar sua casa, a insultá-lo? Não: muitos lamentaram a posição de Celso de Mello, mas houve sempre o reconhecimento de que o voto, mesmo que o considerassem equivocado, tinha o devido embasamento jurídico. Então, que mané pressão, Excelência?

O que houve, sem dúvida, foi uma avalanche de opiniões contrárias aos embargos infringentes. Opiniões juridicamente respeitáveis, tanto que compartilhadas por cinco dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal; e, rejeitadas essas opiniões, a decisão, como não poderia deixar de ser, foi acatada. Muita gente a lamentou (outros tantos a louvaram), mas a questão acabou ali.

A opinião pública pode perfeitamente divergir do entendimento de um juiz, mesmo que seja ministro do Supremo. A divergência pode ser estridente. Não pode ser desrespeitosa; não pode ser insultuosa. Mas não há limite para o barulho, a menos que se adote a censura à imprensa. Como não houve limite para o barulho contra o ministro Gilmar Mendes, no episódio em que concedeu habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas, nem contra o ministro Joaquim Barbosa, em seu duelo com o ministro Ricardo Lewandowski. Nem contra, a propósito, o ministro Lewandowski, que foi incansavelmente atacado e jamais se queixou.

O ministro Carlos Ayres Britto, que se aposentou durante o processo do mensalão, disse que nunca se sentiu pressionado no Supremo Tribunal Federal. Foi a mesma opinião de Gilmar Mendes e de Marco Aurélio Mello: ouvir as ruas faz parte do jogo e o ministro não é obrigado a mudar sua opinião em virtude de eventual clamor público. Um ministro do Supremo não pode ser demitido, nem ter o salário reduzido, nem ser transferido para alguma aprazível localidade pouco habitada em que a temperatura média seja de 40 graus à sombra, quando há sombra. Tem essas garantias exatamente para que ninguém, nem os poderosos, possa pressioná-lo.

Na época da ditadura houve cassações de ministros do Supremo, houve mudanças no número de ministros, tudo para facilitar a imposição ao país da vontade dos ditadores. Mesmo nesse clima, o ministro Adaucto Lúcio Cardoso votou contra as ordens dos militares; e, quando sentiu que não havia mais condições de resistência, tirou a toga, atirou-a na cadeira e foi para casa.

No fundo, o que o ministro Celso de Mello achou ruim foi a expressão livre de opiniões com as quais não concordava. Mas liberdade, como é sabido, é a liberdade de quem pensa diferente de nós. Liberdade de imprensa a favor não é liberdade; o nome é outro, daquele cordão famoso que cada vez aumenta mais.

 

A pressão das ruas

Mas, de qualquer forma, o ministro Celso de Mello tocou num ponto importante. Especialmente nos casos de júri, a opinião pública é fundamental: há casos em que não há condições de absolvição, tamanha é a estridência com que a culpa dos acusados é passada aos jurados. E jurados não são juízes, não têm garantias constitucionais, não são preparados para separar o que é fato daquilo que é apenas barulho. Há algum tempo, quando o clima local era hostil aos réus, o julgamento por júri era transferido para outra cidade. Hoje, com a globalização das comunicações, de que adianta transferir um júri de uma cidade para outra?

Este, sim, é um tipo de pressão que precisa ser analisado por especialistas. Este colunista não tem qualquer opinião sobre o que pode ser feito (só sabe o que não pode ser feito: censurar a imprensa, censurar o noticiário). Mas já ouviu pessoas inteligentes e bem preparadas afirmando que o júri, o julgamento de um réu por seus pares, por pessoas como ele, talvez tenha de ser modificado ou até mesmo extinto. Um jurado não pode, por exemplo, comunicar-se com seus colegas de júri, para evitar que a opinião de um influencie a do outro; não pode ler jornais ou revistas nem ouvir o rádio; TV e Internet, nem pensar. Mas, hoje, a menos que os jurados sejam confinados meses antes do julgamento, esperar que alguém seja influenciado apenas por advogados e promotores e decida conforme o que consta nos autos talvez seja muita ingenuidade.

 

Mexendo no vencedor

Durante muitos e muitos anos, o lema da rádio Jovem Pan, de São Paulo, foi o dos técnicos de futebol: em time que está ganhando não se mexe. A programação vem de longe, até as vinhetas são as mesmas há muitos e muitos anos. A Pan, cuja fórmula de sucesso foi criada pelo lendário Antônio Augusto do Amaral Carvalho, o Tuta, um dos quatro grandes da fase de ouro da TV Record – os outros eram Raul Duarte, Nilton Travesso e Manuel Carlos – começa agora a mudar, sob o comando de seu filho, Tutinha.

O Jornal de Serviço, da 9h30 às 12h, desapareceu nesta segunda. Em seu lugar, numa transmissão conjunta AM-FM, surge o Morning Show. Outro jornal tradicional, Hora da Verdade, das 18 às 20h, foi trocado por uma revista bem levinha, Conexão Jovem Pan. Outras mudanças devem vir em breve.

 

Mistério jornalístico

O ministro do Trabalho, Manuel Dias, disse que se perder o cargo não vai ficar calado e contará “coisas impublicáveis”. O primeiro mistério é que coisas serão essas – num ministério que deu problemas desde que Dilma tomou posse e continuou dando problemas depois que Dias assumiu. O segundo mistério é a tranquilidade dos meios de comunicação: depois que o ministro disse que tinha “coisas impublicáveis” a contar, seria de esperar uma penca de repórteres a segui-lo onde quer que fosse, na tentativa de descobrir que coisas impublicáveis seriam essas. Afinal, de duas uma: ou o ministro não sabe de coisa impublicável nenhuma e está blefando – o que não se espera de uma autoridade – ou sabe, e se não revelar o que há de impublicável estará fugindo a seus deveres legais.

 

Mistério policial

Desde que a Operação Miquéias foi desfechada pela Polícia Federal, no último dia 20/9, os comentários subterrâneos giravam em torno de coisas muito piores que as anunciadas. Estas seriam apenas a ponta do iceberg, e a parte submersa não apenas traria revelações espantosas sobre outros crimes como apontaria pessoas conhecidas como responsáveis por eles. O próprio nome dá uma pista do que se esperava: o profeta judeu Miquéias, que viveu por volta do ano 700 antes de Cristo, denunciava governantes, ricos, poderosos, e previa que seus ganhos imorais seriam destruídos pelo fogo divino. Trecho do Livro de Miquéias, na Bíblia:

“Ouçam, chefes e governantes. Vocês deveriam conhecer a Justiça. Mas odeiam o bem e amam o mal (…) A voz do Senhor está clamando à cidade (…) Os ricos que vivem entre vocês são violentos (…) e suas línguas falam enganosamente (…) Os piedosos desapareceram do país. Não há um justo sequer (…)”

Por enquanto, não surgiu nada de novo na área policial. Os repórteres ainda não trouxeram informações próprias: a cobertura toda se baseia no que é liberado pela Polícia Federal. Sensacional, além da prisão, foi a apreensão de bens em Brasília: carros caros, inclusive uma Ferrari, e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões – uma tremenda lancha, linda, equipada, enorme. Fala-se em desvio de R$ 300 milhões de dinheiro público. Mas…

 

Mistério total

…mas houve novidade na área criminosa. Pois não é que a casa de Fayed Trabulsi, acusado de ser o doleiro dos presos, foi assaltada no dia seguinte ao de sua prisão? Os ladrões levaram sacos carregados de objetos, os computadores que não tinham sido apreendidos pela Polícia Federal, aparelhos de TV. A família de Trabulsi, certamente abalada pela sucessão de más notícias, não deu queixa do assalto.

 

Segurança enlouquecida

Espionagem, vá lá: todas as potências espionam e, quando são apanhadas em flagrante, como os Estados Unidos no caso do Brasil, pagam o mico (o que não as impede de continuar espionando). Mas agora o caso é de doideira pura: a detenção por cinco horas da correspondente de O Estado de S.Paulo em Washington, Cláudia Trevisan, é absolutamente inacreditável e inaceitável.

O crime da repórter foi esperar, do lado de fora da sala onde se realizava o seminário Constitucionalismo Global 2013, na Universidade Yale, a saída do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Cláudia Trevisan só não assistiu ao seminário porque era fechado à imprensa. Antes que Barbosa saísse, foi detida, algemada, mantida incomunicável durante cinco horas e autuada por “transgressão criminosa”, seja lá isso o que for. É muito improvável que a repórter, profissional da maior experiência, tenha se comportado de maneira inadequada: já foi correspondente na China, passou pela Birmânia, viajou pela Coreia do Norte, e nunca teve qualquer tipo de problema.

O Estado de S.Paulo protestou contra “a prisão arbitrária”, manifestou sua indignação à Escola de Direito da Universidade Yale, pediu resposta a cinco perguntas sobre o que lá ocorreu de fato e pediu acesso às imagens das câmeras de segurança do prédio, para demonstrar que não houve qualquer desacato de sua repórter ao policial, nem se registrou qualquer comportamento inconveniente.

O mais estranho é que homens armados costumam invadir escolas e universidades americanas e matar alunos indiscriminadamente. Já uma repórter competente e profissional, armada só com seu bloco de anotações, enfrenta esse tipo de problema. Processo neles!

 

Esporte chique

Já lá se foram os tempos em que os cadernos de esportes davam notícias de esportes. Hoje não se fala muito disso: discute-se política da CBF, política interna dos clubes, preço dos estádios, negociações com a FIFA, coisas do tipo. Este colunista gosta de futebol – mas isso, aparentemente, virou brega. Os bastidores do time, a análise do desempenho dos jogadores, tudo ficou para trás: importante é saber o que a presidente Dilma acha de José Maria Marin. Jogadores da base? Acabou. Há alguns anos, a torcida do Corinthians chegava mais cedo ao estádio para assistir à preliminar e acompanhar o desenvolvimento de um ídolo que surgia, Roberto Rivelino. Agora nem se sabe quem são os jovens promissores, já que a cobertura desapareceu dos meios de comunicação. Pior: quando um craque brasileiro é homenageado como um dos quatro maiores jogadores que passaram pelo Real Madrid – onde já atuaram monstros como Puskas, Di Stefano, Didi, Evaristo, Kopa, craques fantásticos – a notícia nem é publicada. Este colunista não a viu em jornais impressos, revistas, TV; foi achá-la apenas no excelente blog de Ricardo Setti.

 

O Fenômeno

A homenagem a Ronaldo Nazário, o Fenômeno, ocorreu no lançamento do livro Corações Brancos, no Estádio Santiago Bernabeu, pela Fundação Real Madrid. O livro (o título se baseia na cor do uniforme do Real) traz o perfil daqueles que o clube considera “As quatro lendas do Madridismo”: o ponta-esquerda Gento (que formou ala com Puskas), o ponta-direita Amancio, o centroavante Butragueño e Ronaldo. “Obrigado por aquele maravilhoso futebol que vocês nos legaram e que jamais esqueceremos”, disse o presidente do Real, Florentino Pérez. “Gento, Amancio, Butragueño e Ronaldo alimentaram a legenda do clube. Eram os melhores do mundo. São a confirmação do título histórico da reportagem do L'Équipe: ‘O Real Madrid é eterno’”. A jornalista Cristina Cubero, torcedora do Barcelona, fã incondicional de Lionel Messi, completou: “Ronaldo foi o maior jogador que vi atuar. Melhor do que todos esses que aí estão”.

Em compensação, nossos meios de comunicação contam tudo sobre Marin, Nuzman, Ricardo Teixeira. Sabemos até que Teixeira, depois de fazer um transplante de rins, vai-se mudar para Andorra, depois de lá investir algumas centenas de milhares de dólares. Para a imprensa brasileira, esporte é isso. Que pena!

 

Boas notícias 1

Há poucos anos, uma excelente jornalista, Regina Helena Paiva Ramos, já aposentada, me chamou a atenção para uma jovem repórter que julgou muito competente: Adriana Carranca, do O Estado de S.Paulo. Como de hábito, Regina Helena tinha razão. Adriana lembra muito Ricardo Kotscho: gosta de reportagem, gosta de conhecer pessoalmente seus personagens (telefone é ótimo, mas para marcar entrevistas), acredita em boas histórias. A semelhança para aí: Adriana é mais voltada para a política internacional, escreveu três bons livros sobre o tema, esteve quatro vezes no Afeganistão. E acaba de receber o Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, outorgado pela revista e pelo portal Imprensa, por sua última série de reportagens no Estadão sobre a vida afegã depois da queda do regime dos talibãs. Um prêmio justo para uma repórter que, embora consagrada, continua em ascensão.

 

Boas notícias 2

Profissão, jornalista. Função, gerente artístico da Rádio Globo, Rio. Característica principal, o excelente humor. É Maurício Menezes, que acaba de lançar, no Museu da República, o DVD Plantão de Notícias, com histórias do rádio, da TV e dos jornais. Maurício Menezes criou este show há 21 anos, divertindo-se com erros grosseiros, histórias esquisitas e notícias engraçadas divulgadas nos meios de comunicação. E vem mantendo o espetáculo vivo desde então, com sucesso. Uma manchete que ele foi buscar, num jornal popular carioca: “Bateu bronha no cinema e foi em cana”. E que é que leva um profissional bem sucedido, com o tempo ocupado pelo serviço numa rádio de porte, a manter esta atividade paralela? Vontade de criticar? “Não”, diz ele. “Apenas busquei uma forma de ganhar dinheiro sem trabalhar muito.”

 

Como…

De um grande jornal impresso, de circulação nacional:

** “(…) 70% da produção é mantida na Europa – o eixo Portugal, Espanha e Marrocos (…)”

Eta, mundão véio sem porteira! As coisas hoje mudam tão rápido que o Marrocos largou a África e foi se instalar na Europa e este colunista nem soube!

 

…é…

Também de um jornal impresso, importante:

** “Gisele Bündchen tem uma estrela tatuada no braço direito e uma lua com estrelas na canela (…)”

E, claro, uma belíssima foto da belíssima Gisele, mostrando a estrela tatuada. Só que é no braço esquerdo.

Mas o decote é dos bons. Mesmo mostrando o erro da tatuagem, valeu a foto.

 

…mesmo?

De um grande jornal impresso, num artigo sobre jogadores de futebol:

** “Os jogadores de futebol (…) só se veem entre si; e seus interesses se limitam a carros, marias-chuteiras e o pagode que lhes entra pelo subprofissional (…)”

Explicação deliciosa, dada pelo jornal no dia seguinte: por um erro, a palavra “subprofissional” entrou no lugar da correta, “headphone”.

 

É isso aí

De um grande jornal impresso, em reportagem de meia página:

** “ (…) o preço médio de uma diária de estacionamento (…) é de R$ 30,60. Em 2011, o mesmo serviço custava R$ 27,13. A alta, acima de 27% (…)”

Este colunista só sabe lidar com um tipo de número: o número do telefone de quem sabe das coisas. Quem sabe fazer conta informa que, de R$ 27,13 para R$ 30,60, a alta é de 12,79%. Ou está errada a conta, ou está errado algum dos preços médios. Ou ambos os preços médios. Ou os dois preços e a conta.

 

Frases

Do jornalista Moisés Rabinovici, referindo-se à capa da revista The Economist sobre os problemas da economia brasileira: “Enquanto Dilma visitava o surrealismo de Magritte em NY, o realismo do Brasil era retratado pela Economist.”

Do empresário Renato Kasinsky: “Se o PPS insistir em lançar Serra pode ser incriminado no artigo 210. Violação de sepultura.”

Da jornalista Marli Gonçalves, referindo-se ao baixo clero que está aderindo ao partido fundado por Paulinho da Força: “Eles vão ter dificuldades para escrever Solidariedade.”

 

As não notícias

Digamos que aquela história do suposto suspeito, visto e filmado quando supostamente descarregava algo que aparentava ser uma metralhadora num suposto inimigo, que supostamente morreu com 60 balas no corpo, conforme teria informado o médico legista, já está superada. Há coisas melhores, hoje – até porque a preocupação inicial, de não cometer injustiças, transformada depois em válvula de escape para não gerar processo, sofreu nova transformação:

** “Ex-Malhação diz ter sido agredida por galã na saída do Rock in Rio”

Foi agredida ou não foi? A propósito, quem é que diz ter sido agredida? E o galã, que foi acusado de agressão, de quem se trata? Aconteceu alguma coisa?

E esta, melhor ainda:

** “Quem será? Justin Timberlake teria ficado com atriz brasileira e casada, afirma jornal”

Ficou ou não ficou? Ficou -a curiosidade. Que será que aconteceu, se é que aconteceu, entre Justin Timberlake e alguém que não se tem a menor ideia de quem seja?

 

E eu com isso?

Ler notícia está ficando complicado. Um diz, o outro desmente, o terceiro diz que é mas não foi bem assim. Há, entretanto, um oásis: o bom e velho noticiário sobre artistas e celebridades. Uma delícia! A começar pela definição de quem é celebridade: é quem os caçadores de celebridades dizem que é celebridade. Simples assim. A notícia é sempre confirmada (sai nos mais diversos locais, de empresas concorrentes, exatamente com o mesmo texto – logo, deve ser verdade). E, neste mundo de faz de conta, todo mundo faz de conta que, quando uma moça bonita mostra alguma parte normalmente escondida do corpo, isso aconteceu contra sua vontade. Não é legal poder acreditar em alguma coisa?

** “Paula Fernandes comete gafe e mostra o bumbum durante show”

** “Lindsay Lohan circula toda estilosa por Nova York”

** “Bárbara Paz posta foto com cabelo mais claro”

** “Lily Alen adota cabelo bob”

** “Descabelada, Katie Holmes circula com Suri de pijama”

** “Isabelli posa com os filhos no Rio”

** “Taís Araújo e Lázaro Ramos curtem praia com o filho João Vicente”

** “Miley Cyrus vende máquina fotográfica em site de leilão”

** “Após bebê, Guilhermina vai ao cinema”

** “Schwartzenegger é flagrado aos beijos”

** “De cara lavada, Fernanda Paes Leme bate perna em shopping”

 

O grande título

A variedade de títulos é ampla. Por exemplo, aqueles que não couberam no espaço e foram enfiados assim mesmo (daria um trabalhão bolar outro!)

** “Frankfurt termina com carro de vidro e mais”

Ou aqueles que, se a gente esquecer o Português e ler cuidadosamente várias vezes, até consegue entender:

** “Lesões ajudam e interferem Felipão a escolher seleção”

O caro leitor consegue imaginar lesões que ajudam? E que “interferem Felipão”, seja lá isso o que for?

Há títulos que contam histórias fantásticas:

** “Supla surfa, anda de skate e ainda sai com 14 mulheres”

Tudo bem; mas se ameaçar levar alguma para ouvir uma preleção do pai sobre Renda Mínima, ou apreciar a dupla Nhô Pai e Nhô Fio cantando Bob Dylan, corre o risco de chegar sozinho.

E o grande título, com uma cirurgia inédita:

** “Após morte em racha, motorista será operado”

Se a operação tiver sucesso, o falecido será sepultado em boas condições de saúde?

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Carlos Brickmann é jornalista, diretor da Brickmann&Associados Comunicação